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Brasil

O desafio de Moro: em 14 estados, facções estão em guerra dentro e fora das prisões

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Entenda o cenário de violência que espera o próximo Ministro da Justiça e da Segurança

‘Coração das trevas’

Um levantamento de setores de Inteligência do governo federal revela que há guerras de facções em 14 estados brasileiros. A disputa envolve controle de presídios, domínio de favelas e de rotas do tráfico de drogas e armas. Um problema que já atravessou a fronteira do Brasil, afetando também a política de segurança até de países vizinhos, como Paraguai.

Milhares de pessoas em cidades do Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste passaram a sofrer os efeitos de conflitos que começaram nas cadeias e foram para as ruas a partir de um racha nacional entre criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), as duas maiores organizações. O país tem dentro das prisões, em representações menores, um total de 70 facções criminosas em atuação.

Um dos reflexos da guerra do tráfico apareceu nas estatísticas de violência da região Norte e Nordeste: estados como Rio Grande do Norte, Acre, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Pará, Amapá e Roraima experimentaram um aumento repentino da violência nos últimos anos. A situação também é de medo, dentro e fora das prisões, em São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.

No Rio, a população carcerária ainda vive sob tensão em presídios do Complexo de Bangu, mesmo depois da transferência de 70 presos do PCC que cumpriam pena na penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4).

Terreno fértil para o desenvolvimento de facções criminosas, as prisões estão no centro do problema da segurança. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, lembra que o número cresce cerca de 8,3% por ano. Segundo ele, se nada for feito o país vai chegar a 2025 com um aglomerado de aproximadamente 1,4 milhão de presos:

— O sistema, apesar de ser estatal, é dominado pelas facções. Aí está o coração das trevas. As facções hoje, 70 no país, são de base prisional. O que quer dizer isso? Que essas facções surgiram no sistema prisional e os presos de dentro do sistema controlam o crime nas ruas.

Poros da fronteira

Um levantamento da Polícia Federal mostra que 80% da maconha consumida no Brasil é produzida no Paraguai. A droga entra pela fronteira com o Mato Grosso do Sul e o Paraná, principalmente, abastecendo praticamente todo o Sul e o Sudeste.

A droga chega aos grandes centros consumidores quase sempre por via terrestre, em carros, caminhões e ônibus. Os 20% restantes vêm do “Polígono da Maconha”, que abrange o sertão de 13 cidades da Bahia e de Pernambuco, às margens do Rio São Francisco. Abastece principalmente os estados do Nordeste e do Norte.

Já a cocaína tem caminhos diversificados dependendo de onde é produzida. Ainda segundo a PF, 95% da droga consumida no país vem da Bolívia e do Peru. Da Bolívia, são três rotas: a primeira entra no país diretamente por Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. A segunda chega ao Brasil depois de uma escala no Paraguai. Entra pelo Paraná. Há também, identificada, uma outra forma de burlar a fiscalização: na Bolívia, a cocaína é embarcada em pequenos aviões, seguindo diretamente para pistas clandestinas no estado de Mato Grosso. Em carros e caminhões, segue depois para Cuiabá e outras cidade menores do estado.

Também é transportada para Corumbá, em Mato Grosso do Sul; Manaus, no Amazonas; Paulínia e Bauru, em São Paulo; Uberlândia, em Minas Gerais; e finalmente Vilhena, em Rondônia.

A cocaína do Peru entra no país principalmente pela Região Norte, usando o Acre e o Amazonas. Da Colômbia, a rota mais utilizada para o ingresso da droga no Brasil é o Amazonas. Nesse caso, a maior parte é para exportação: Europa, Asia, África e Estados Unidos.

A PF revelou que este ano já apreendeu 57 toneladas de cocaína e 193 toneladas de maconha. Em outubro deste ano, policiais federais prenderam nove pessoas em Mato Grosso acusadas de usar aviões para trazer cocaína da Bolívia para o Brasil.

Rotas envolvem uso de aeroportos importantes

Armas de guerra como fuzis e submetralhadoras são obtidas por traficantes de drogas de várias fontes. Uma parte vai parar no mercado clandestino entrando no Brasil principalmente pelo Paraguai, por onde também são contrabandeadas pistolas calibre 9mm. Há também rotas marítimas e aéreas de armas que chegam ao país trazidas dos EUA e da Europa. Recentemente, duas operações identificaram o uso dos aeroportos Galeão e Santos Dumont como porta de entrada de grandes carregamentos de armas e munição no Rio.

Em média, no país, são apreendidas 14 armas por hora pelas polícias. Nos últimos cinco anos, 616 armas foram recolhidas no mercado clandestino. Na semana passada, outra rota foi descoberta, via Argentina: empresas de fachada em Buenos Aires contrabandeavam armas dos EUA para o Rio.

Temperatura máxima

A situação nos presídios do Rio ainda é tensa, mas foi controlada com a transferência de 70 presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estavam na penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4), no Complexo de Bangu. Há duas semanas, eles se rebelaram afirmando que estavam sendo ameaçados de morte por traficantes ligados ao Terceiro Comando Puro (TCP). A transferência foi feita reservadamente.

Em São Paulo, há muita tensão no presídio de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Cerca de 20 chefes do PCC podem ser transferidos a qualquer momento para unidades federais depois da descoberta de um plano de fuga audacioso que incluiria o uso de explosivos e a tomada da cidade. Em alerta máximo, os governos federal e de São Paulo temem rebeliões.

Big Brother

As visitas íntimas estão proibidas desde o ano passado por uma portaria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que administra as prisões federais e estará subordinado a Moro. Investigações mostraram que esposas e companheiras atuavam como pombos-correio na transmissão de ordens dos detentos para integrantes das facções fora da cadeia. O setor de inteligência do Depen identificou que os recados continuam sendo mandados durante as visitas sociais, de parentes e amigos, no pátio dos presídios.

Ficou evidente, para os gestores, a necessidade de que até mesmo as visitas sociais sejam feitas no parlatório, onde um vidro separa os interlocutores, que conversam por um telefone com diálogos gravados e monitorados em tempo real, por decisão judicial. Moro defendeu, na entrevista que concedeu em Curitiba na semana passada, maior controle das comunicações em presídios de segurança máxima, sem detalhes. Nas cinco prisões federais, ele pode endurecer regras baixando uma portaria, apesar de eventuais questionamentos jurídicos.

A própria proibição de visitas íntimas foi questionada no Supremo Tribunal Federal (STF). Não há data para julgamento. Apesar de outras ações na Justiça contra a portaria, o governo tem conseguido manter a regra. A expectativa entre servidores do Depen é que, com a agenda contra o crime organizado de Bolsonaro, medidas mais rígidas para a visitação dos presos sejam adotadas.

Moro receberá as cinco penitenciárias federais em funcionamento com cerca de 50% das vagas livres, em média. Hoje, são 430 detentos. A unidade de Brasília está parcialmente ativada. Se sobra espaço nas prisões federais, os estabelecimentos estaduais seguem abarrotados. Faltam 271 mil vagas, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. Moro terá de destravar construções e reformas, financiadas pela pasta, nos estados, que colecionam obras paradas.

À la lava-jato

Articular melhor o controle das fronteiras, com a participação das Forças Armadas, que já atuam nessa atividade, é um conselho que Moro receberá da equipe da campanha de Bolsonaro que cuidou de propostas sobre Segurança Pública. O grupo trata a medida como ponto de partida para o desmantelamento das facções.

— Nossa concepção é a de segurança nacional, para impedir que o Estado brasileiro seja tomado pelo narcotráfico, milícias e a degradação social provocada pelas drogas — diz Antônio Flávio Testa, um dos integrantes da transição.

Além do emprego de tecnologia e mais homens na fiscalização da fronteira, é preciso rastrear a malha rodoviária — por onde circulam armas, drogas, cigarros falsificados e outros artigos ligados ao tráfico. Ter a Polícia Rodoviária Federal (PRF) sob seu comando ajudará. Mas Moro precisará estreitar parcerias com órgãos como a Receita Federal e as polícias locais.

A experiência de Moro — que disse querer repetir o modelo de forças-tarefas da Lava-Jato — no combate à lavagem de dinheiro traz boas perspectivas de sufocamento financeiro das facções criminosas. Uma interlocução direta com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que rastreia movimentações suspeitas, é vista com bons olhos.

É muito provável que as medidas provoquem uma reação do crime organizado. Rebeliões em presídios e atentados nas ruas, com incêndios a ônibus e outros atos, estão entre os principais riscos. Nesse ponto, aponta Testa, a sintonia com os estados para lidar com os efeitos colaterais será crucial. À medida que o plano de Bolsonaro — que vem sendo traçado pela equipe de transição — ganhe a adesão dos governadores, ele aposta que haverá “repressão violenta”:

— Com as polícias militar e civil, episódios como os ataques de 2006 (quando o PCC aterrorizou São Paulo) não vão se repetir.

Um só boletim

Um dos projetos mais urgentes que Moro terá de finalizar é a unificação dos boletins de ocorrência no país. Dezoito estados estão integrados na base única. O ministro da Segurança, Raul Jungmann, chegou a ameaçar publicamente governadores com corte de verbas federais caso não recebesse os dados, que são fundamentais para formular políticas e distribuir recursos.

A recente lei que criou o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) prevê punições desse tipo, mas a resistência de compartilhar informações na área de segurança é histórica no país. Muitas vezes, nem entre instituições do mesmo estado há parceria.

Moro sabe da importância dos dados. Na longa reunião com Jungmann e técnicos do ministério, na semana passada, em que o juiz mais ouviu do que falou, uma das poucas perguntas que fez foi exatamente sobre estatísticas criminais. Foi informado de que, espantosamente, o Brasil não tem uma base única ainda — o que está em andamento com o boletim padronizado.

Não só para ter estatísticas confiáveis. Moro e a equipe terão de ser capazes de costurar acordos com estados em outras frentes, como melhorar a capacidade de investigação. O futuro ministro falou da preocupação com uma “epidemia de homicídios”, que, para ser combatida, exige sintonia entre os governos federal e estaduais por meio de convênios, parcerias, projetos.

— Moro perceberá, se ainda não sabe, que a área da segurança pública não é só Código Penal, mas uma enormidade burocrática que exige capacidade de gestão — diz Renato Sérgio Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Outras alterações que estarão no âmbito de atuação de Moro, sem depender do Congresso, são modificações pontuais em regras de controle de armas, como aumentar o prazo de validade da posse ou porte. Essas medidas, no entanto, atenderiam mais a uma bandeira de campanha sem impacto no enfrentamento ao crime organizado, aponta Lima.

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Médicos vão reavaliar Bolsonaro na segunda sobre procedimento contra soluço

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Equipe decidiu testar novos medicamentos e ajustes na dieta antes de partir para um procedimento invasivo contra as crises de soluço

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) • Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A equipe médica que acompanha o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informou nesta quinta-feira (25) que ele será reavaliado na próxima segunda-feira (29) para decidir sobre a necessidade de um procedimento mais invasivo para tratar crises de soluços persistentes.

O ex-presidente passou por uma cirurgia para correção de hérnia inguinal. Segundo os médicos, o procedimento ocorreu sem intercorrências e durou cerca de 3 horas. A equipe avaliava a possibilidade de ampliar a cirurgia para incluir uma intervenção contra as crises de soluço de Bolsonaro. Seria um “bloqueio anestésico do nervo frênico”.

No entanto, os médicos consideraram que seria uma intervenção invasiva e optaram por tentar um novo tratamento medicamentoso, aliado a um ajuste na alimentação.

“Vendo que há uma relação direta com a esofagite severa, preferimos otimizar a medicação, ajustar a dieta e observar a evolução nos próximos dias […] Até segunda-feira vamos ver como será a evolução clínica dele”, disse.

Ainda de acordo com a equipe, Bolsonaro deve ficar internado entre cinco e sete dias para cuidados pós-operatórios. Esse tempo pode ser maior se a intervenção para soluços for, de fato, realizada na segunda-feira.

A alta hospitalar, segundo os médicos, dependerá da evolução clínica e da capacidade de o ex-presidente retomar os cuidados básicos, como tomar banho e realizar o autocuidado. Questionados sobre a possibilidade de ele seguir para a Polícia Federal após a internação, os médicos afirmaram que ainda é cedo para avaliar e que tudo dependerá da recuperação nos próximos dias.

Bolsonaro já está acordado e permanece em um quarto do hospital, sem necessidade de UTI. “Agora deve se alimentar e, nos próximos dias, os cuidados serão voltados à analgesia, fisioterapia e à profilaxia de tromboembolismo venoso”, afirmaram os médicos.

Fonte: CNN

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Governo do Brasil já reembolsou mais de 4 milhões de aposentados e pensionistas do INSS

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Fachada do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) • Pedro França/Agência Senado

Mais de R$ 2,5 bilhões já foram devolvidos para beneficiários do INSS que contestaram descontos indevidos. De acordo com o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, em entrevista à Voz do Brasil desta quarta-feira (24/12), mais de 4 milhões de segurados já foram ressarcidos.

Três meses depois da deflagração da operação, o dinheiro já estava sendo devolvido para os aposentados e foi uma engenharia orçamentária, jurídica, porque não se pode pegar um dinheiro do nada e devolver para as pessoas, então teve que ter uma construção junto ao Supremo Tribunal Federal, os órgãos de controle e foi um sucesso”, destacou o ministro.

Após estimar que 3 milhões de pessoas ainda não procuraram o órgão para receber o dinheiro de volta, o Governo do Brasil prorrogou para 14 de fevereiro de 2026 o prazo para aposentados e pensionistas solicitarem a devolição dos valores. “Portanto, o aposentado e o pensionista que tiver qualquer desconfiança, que possa ter sido descontado irregularmente, sem autorização, ele pode recorrer ainda e buscar o seu ressarcimento, buscar o seu dinheiro de volta”, afirmou o ministro.

Contestar é o primeiro passo para garantir a devolução dos valores descontados. É simples e pode ser feito por três canais:

– Meu INSS (aplicativo ou site): serviço “Consultar Descontos de Entidades Associativas”;

– Central 135: ligação gratuita, de segunda a sábado, das 7h às 22h;

– Correios: mais de 5 mil agências oferecem atendimento assistido e gratuito.

No aplicativo, ao clicar em “Não autorizei o desconto”, o beneficiário registra a contestação.

Leia a entrevista completa a seguir: 

Então, vamos lá, ministro, vamos começar fazendo esse balanço de 2025 por um dos temas que marcou esse ano na Previdência Social que foi a descoberta que o Governo Federal fez sobre aquela fraude em que associações de aposentados e pensionistas fizeram o desvio de recursos, né?

Desses mesmos aposentados e pensionistas, o Governo Federal identificou isso e começou um processo de ressarcimento das pessoas pra depois cobrar diretamente dessas associações. Quanto foi ressarcido ao longo desse ano? Quantos aposentados já receberam esse dinheiro do Governo Federal?

Pois é, bem, eu fui escolhido, fui escalado pra ser ministro pelo presidente Lula nesse momento de crise pra poder conter a crise e restabelecer a credibilidade e a confiança na Previdência e no INSS e nesse meio o presidente disse, olha, não podemos deixar ninguém pra trás, não podemos deixar ninguém no prejuízo, cuide dos aposentados, vá atrás dos fraudadores e garanta que ninguém vai ficar sem receber.

Então, nós agimos rapidamente, o governo agiu rapidamente, porque foi uma mobilização de todo o governo, mas com a decisão política do presidente e três meses depois da deflagração da operação, o dinheiro já estava sendo devolvido para os aposentados e foi uma engenharia orçamentária, jurídica, porque não se pode pegar um dinheiro do nada e devolver pras pessoas, então teve que ter uma construção junto ao Supremo Tribunal Federal, os órgãos de controle e foi um sucesso e está sendo um sucesso.

Agora no final de 2025, a gente já contabiliza mais de quatro milhões de aposentados e pensionistas que tiveram integralmente o seu dinheiro de volta pro seu bolso, corrigido pelo IPCA e em parcela única.

Então, um desafio gigantesco, porque somam aí, em valores de dezembro, R$ 2.7 bilhões devolvidos. Então, um sucesso e o governo resolveu estender o prazo que acabaria em novembro e agora vai até fevereiro, portanto, o aposentado e o pensionista que tiver qualquer desconfiança, que possa ter sido descontado irregularmente, sem autorização, ele pode recorrer ainda e buscar o seu ressarcimento, buscar o seu dinheiro de volta.

Pois é, esse prazo ainda vai até agora, começo de 2026, né? 

Até fevereiro, mas não vamos deixar pra última hora, vamos entrar no meu INSS e procurar as agências dos Correios, que são parceiras nossas, nesse trabalho e você não precisa intermediário, não precisa advogado, pode ir direto, falar com a Previdência Social através dos Correios ou do meu INSS, que é o aplicativo da internet e procurar saber se você foi descontado ou não e aí você diz se foi autorizado, se não foi, você entra na fila, que é uma fila que dura dois, três dias e que rapidamente você recebe o seu dinheiro de volta.

Pra gente lembrar, né? A gente tá falando de associações que fizeram descontos indevidos, né? Como se fossem mensalidades dessas associações, dos aposentados e pensionistas que não tinham… Sem autorização dos aposentados

Exatamente.

Agora, ministro, a Previdência Social tem feito também um trabalho de evitar novas fraudes, né? E aí vocês até usam um termo que é o prejuízo evitado. Quanto foi esse prejuízo evitado? Do que que a gente tá falando aqui? 

Ah, muito bom, Mariana, falar nisso.
Porque existe um combate às fraudes permanente na Previdência Social. Então, nós temos lá a Força Tarefa Previdenciária, que é a inteligência do Ministério que atua diretamente com a Polícia Federal. E isso é permanente, é toda semana.

Então, pra você ter uma ideia, este ano de 2025 já foram feitas 78 operações, quase semanais. Ou, às vezes, tem uma semana que tem mais de uma. Então, nos últimos dias, foram nove operações.

E elas já fizeram com que o Brasil evitasse um gasto, um desperdício ou um roubo de mais de 450 milhões de reais. Então, é esse prejuízo evitado ou evitável. Por quê? Quando você impede uma fraude num benefício, você impede que aquela fraude se perpetue por cinco, dez, quinze anos.

Então, você multiplica pelo número de anos que teria aquela fraude e aí você faz esse cálculo. Então, foram mais de 450 milhões de reais que deixaram de ir pra mão de criminosos e que vão continuar na Previdência pra pagar os benefícios de quem contribuiu e quem tem direito.

Ministro, vamos falar um pouquinho de perícia médica? Tem muita gente interessado nisso, né? A Previdência também tem feito um esforço pra reduzir as filas e dentro desse esforço foi feita a contratação de peritos e a distribuição também desses peritos por todo o país, que é também um processo importante, né? 

Exatamente. O governo do Presidente Lula autorizou que a gente fizesse um concurso pra perito médico federal. Há mais de dez anos, quase quinze anos que não havia concurso pra perito médico. Eram três, eram seis mil peritos médicos no Brasil.

Hoje nós temos menos de três mil, portanto uma redução drástica no número e isso afeta o atendimento e nós fizemos um concurso pra quinhentos peritos. Os peritos já foram aprovados, já tomaram posse, já estão trabalhando e nós distribuímos com muito cuidado os peritos para as regiões onde tem os piores indicadores. A região norte recebeu quarenta e seis por cento dos peritos, a região nordeste recebeu 36% dos peritos.

Então essas duas regiões foram as mais contempladas. Pra que a gente possa atuar fortemente nessas regiões pra diminuir a fila, melhorar o tempo médio de atendimento e eu tenho certeza que assim que esses peritos começarem a render em cem por cento da sua capacidade, porque eles estão digamos assim iniciando agora o trabalho, alguns começaram em outubro, novembro, dezembro, então acredito que agora no começo do ano a gente vai ter uma participação muito maior deles e os números vão começar a melhorar. A gente tem também um balanço das perícias pra você ter uma ideia, desde 2023 pra cá foram mais de quatorze milhões de perícias que foram feitas.

O INSS e a Previdência Social tudo é gigantesco, são 77 milhões de pessoas que pagam a Previdência Social no Brasil pra um dia se aposentar. A Previdência Social paga hoje 41 milhões e meio de benefícios todo mês, mais de R$ 83 bilhões por mês e mais de um trilhão de reais por ano. Então são números gigantescos.

E aí nós também recebemos cerca de 1,3 milhão de pedidos ou requerimentos a cada mês. O INSS é pedidos novos. Ou seja, é sempre uma máquina muito grande, né? Gigantesco.

Eu gosto de falar desses números pra o brasileiro que tá nos ouvindo ter ideia do tamanho da nossa Previdência Social. Agora outra estratégia também usada pra reduzir as filas de perícia foram os mutirões ao longo do ano e também a perícia digital. Exatamente.

E o PGB são três linhas que a gente tem adotado. O PGB é um programa de gestão de benefícios que é um bônus que se dá pra hora extra pra que tanto o servidor quanto o médico perito possa produzir mais e ganhar um valor ali de sessenta e oito reais para o servidor e setenta e cinco para o médico a cada tarefa a mais realizada. Nós temos também os mutirões que são realizados nos fins de semana por todo o Brasil.

E aí são mutirões com centenas de pessoas em todas as agências e muitas agências do Brasil. Isso dá um reforço também no combate à fila e a gente tem além desses peritos, então são linhas que nós estamos desenvolvendo que vão ajudar no combate à fila. Então eu tô muito animado pra que a gente possa em 2026, a gente possa apresentar números melhores porque a medida da nossa eficiência, do nosso sucesso é realmente a gente poder ter um segurado ou quem tem direito, um cidadão brasileiro tendo a resposta do Estado o mais rápido possível.

 

E a gente ainda tem o Previbarco, né? 

O Previbarco é o meu xodó. Eu sou apaixonado pelo Previbarco porque eles atendem, são cinco embarcações que são agências flutuantes, mas são gigantes e eles atendem a comunidades que não tinham contato com o Estado, né? Que não tinham contato com internet, moram em regiões longínquas e sem acesso por estrada, então… As pessoas tinham que pegar o barco pra ir à cidade, pra ir na Previdência. A Previdência pegou o barco pra ir até as pessoas.

E vai até as pessoas. Eu fui em Burjaru, lá em Belém, e passei um dia lá vendo o atendimento, a triagem, o atendimento, as pessoas, os servidores que trabalham, eles passam um tempão, assim, meses ali naquele serviço e é uma dedicação, eles adoram também e as… os atendimentos feitos no Previbarco eles são resolutivos. Então não tem fila no Previbarco e nem tem demora.

As pessoas chegam lá e já recebem na hora o tratamento. Então os barcos sobem por uma margem do rio, seis meses subindo por uma margem, descem pela margem oposta atendendo o outro lado. Então é um trabalho espetacular e é outro braço da Previdência que o Brasil também desconhece.

 

 

Fonte: Agência GOV

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Ipaam publica edital de concurso público com 140 vagas e salários de até R$ 11,6 mil

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Oportunidades são para Analista Ambiental e Assistente Ambiental; provas serão aplicadas em março de 2026

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) publicou nesta terça-feira (23) o edital de concurso público que oferece 140 vagas imediatas, além de cadastro de reserva, para os cargos de Analista Ambiental e Assistente Ambiental.

Ao todo, são 90 vagas para Analista Ambiental, destinadas a candidatos com nível superior, e 50 vagas para Assistente Ambiental, voltadas a candidatos com nível médio.

Para o cargo de Analista Ambiental, o edital contempla diversas formações, entre elas Administração, Análise de Sistemas, Antropologia, Biologia, Ciências Contábeis, Direito, Geografia, Geologia, Pedagogia, Sociologia, Química, além de várias engenharias, como Ambiental, Agronômica, Civil, Florestal, Elétrica, Química, de Pesca e Sanitária, bem como Medicina Veterinária.

Os profissionais aprovados atuarão em atividades de planejamento, regulação, fiscalização, monitoramento e licenciamento ambiental, além da gestão da qualidade ambiental, dos recursos naturais, da fauna silvestre e da conservação dos ecossistemas no âmbito estadual.

Já o cargo de Assistente Ambiental envolve apoio técnico e administrativo, incluindo elaboração de relatórios, controle de processos, atendimento ao público e suporte às ações de fiscalização e licenciamento do Instituto.

A remuneração para Analista Ambiental é de R$ 11.692,22, composta por vencimento base, gratificação ambiental e demais vantagens legais, para jornada de 40 horas semanais, conforme a Lei nº 6.868/2024. Para o cargo de Assistente Ambiental, o salário é de R$ 4.094,56, incluindo vencimento base, gratificações e benefícios previstos em lei, também para carga horária de 40 horas semanais.

As provas objetivas estão previstas para o dia 29 de março de 2026 e serão aplicadas exclusivamente em Manaus.

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