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“O autismo tirou meu sonho de ter uma família grande”, admite mãe, em desabafo polêmico

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Clarice, uma mãe atípica do Ceará, compartilha as dores e as conquistas de ter um filho com autismo. Mas, recentemente, um desabafo dividiu opiniões. “Muitas pessoas se identificaram, mas, ao mesmo tempo, outras pessoas acharam que eu estava jogando a frustração do meu sonho em cima do meu filho. Eu jamais faria isso. Mas, sim, eu tenho um sentimento de tristeza em relação ao autismo, e não quer dizer que não aceite o autismo do meu filho”, afirma.

Por Sabrina Ongaratto

Clarice Rodrigues (@daviatipico), 26 anos, de Fortaleza, Ceará, mãe de Davi, 3 anos, conta que buscou as redes sociais na tentativa de encontrar outras pessoas que passavam pelos mesmos desafios que ela, como mãe de um menino com autismo. “Para muitas mães atípicas, a internet, hoje, virou uma grande rede de apoio. É onde elas podem desabafar e colocar para fora o que estão sentindo. Mas, muitas vezes, somos julgadas e criticadas pelo simples fato de externalizar o que sentimos”, diz.

Recentemente, ela compartilhou um vídeo onde diz que o autismo tirou seu sonho de ter uma família grande. O desabafo repercutiu. “Muitas pessoas se identificaram, mas, ao mesmo tempo, outras pessoas acharam que eu estava jogando a frustração do meu sonho em cima do meu filho. Eu jamais faria isso. Para mim, ele é uma incrível, uma criança perfeita, a pessoa que eu mais amo no mundo. Mas, sim, eu tenho um sentimento de tristeza em relação ao autismo, e não quer dizer que não aceite o autismo do meu filho — eu aceito e respiro autismo 24 horas por dia, pois estou sempre buscando o melhor para ele”, disse ela.

Em depoimento exclusivo à CRESCER, Clarice contou sua história e defendeu: “O autismo vem e muda toda a dinâmica da família; ele altera os nossos planos, muda os nossos sonhos e a gente tem, sim, o direito de sentir isso”.

Clarice e Davi — Foto: Arquivo pessoal

“A gestação do Davi não foi planejada. Quando descobri a gravidez, estava estudando, cheia de planos e projetos. Então, na época, precisei parar e adiar tudo por ele. Minha gravidez foi de alto risco, tive vários episódios de sangramentos até o quarto mês de gestação e, depois, Davi ainda quis nascer com 23 semanas — ele quase nasceu prematuro extremo. Precisei ficar internada no auge da pandemia de covid. Foi muito, muito difícil. O percentil dele na gestação sempre muito baixo, mas, apesar de todos os desafios, conseguimos levar a gestação até as 40 semanas.

Eu comecei a desconfiar do autismo de Davi com 1 ano e três meses, quando começou a perder as habilidades. Até então, ele estava se desenvolvendo muito bem. Eu percebi que ele não estava mais apontando [o que queria], não olhava mais nos meus olhos e as poucas palavrinhas que falava, ele parou de falar. Mas, na minha cabeça, ele deixou de fazer as coisas porque não queria, e voltaria a fazer em algum momento.

O diagnóstico

Até que, com 1 ano e seis meses, uma amiga nos visitou com o filho, que tem a mesma idade de Davi, e era uma criança totalmente diferente — ele entendia tudo o que a mãe falava, apontava, falava algumas palavrinhas e brincava de forma funcional, enquanto Davi ficava rodando, enfileirando objetos… Hoje, ele está prestes a completar 4 anos, mas tem o comportamento de uma criança de 1 aninho. Ele não entende quase nada do que eu falo, não obedece a comandos, não reconhece os objetos e depende de mim para praticamente tudo.

Davi vai completar 4 anos — Foto: Arquivo pessoal

Todos os dias, eu o estimulo. Recentemente, ele aprendeu a comer com a colher e foi um grande avanço! O autismo prejudicou muito o desenvolvimento do Davi. O diagnóstico foi fechado aos 2 anos e dois meses, mas já desconfiávamos há nove meses. O levamos a pediatras, neurologistas… e ninguém o diagnosticava. Foi somente em uma consulta particular que recebemos a confirmação. Por isso, sempre afirmo que a nossa maior dificuldade não é com Davi, mas com a falta de um acompanhamento.

Mesmo ele tendo plano de saúde, Davi é uma criança que precisa de muitas terapias e nunca conseguimos tudo o que ele realmente precisa através do convênio. Nossa família está se organizando financeiramente para arcar com todas as terapias de forma particular. Tenho certeza que, se ele tivesse começado a fazer todas as terapias necessárias quando foi diagnosticado, seria outra criança — bem mais evoluída, mais desenvolvida e independente.

Clarice e Davi — Foto: Arquivo pessoal

Rede de apoio

Eu comecei a compartilhar a nossa rotina, os nossos desafios e meus desabafos nas redes sociais porque me sentia extremamente sozinha. Parecia que ninguém do meu convívio entendia, de fato, o que eu estava passando. As pessoas estavam mais perdidas do que eu — não sabiam o que dizer e até invalidavam o diagnóstico. Eu queria conhecer pessoas que estavam passando pelas mesmas coisas que eu, que tinham as mesmas angústias, as mesmas tristezas e até mesmo as mesmas alegrias. Porque, quando a gente compartilha algo feliz, quando ele aprende a fazer algo, as pessoas que compartilham da mesma realidade, vibram a cada avanço. São pequenas coisas que, para muitas pessoas, pode não parecer nada, pois as crianças típicas desenvolvem suas habilidades de forma natural. Mas só quem vive a maternidade atípica, que tem uma criança com atraso no desenvolvimento, sabe que, cada pequeno passo é uma vitória gigante.

Recentemente, compartilhei um vídeo onde falo que ‘o autismo tirou de mim o sonho de ter uma família grande’. Muitas pessoas se identificaram, mas, ao mesmo tempo, outras pessoas acharam que eu estava jogando a frustração do meu sonho em cima do meu filho, como se ele tivesse culpa de ser uma criança autista. Eu jamais faria isso. Para mim, ele é uma incrível, uma criança perfeita, a pessoa que eu mais amo no mundo. Mas, sim, eu tenho um sentimento de tristeza em relação ao autismo, e não quer dizer que não aceite o autismo do meu filho — eu aceito e respiro autismo 24 horas por dia, pois estou sempre buscando o melhor para ele. O que eu quero dizer é que simplesmente não tenho coragem de ter mais filhos pelo medo de ter mais crianças dentro do espectro autista. Pois, sim, o autismo é uma sobrecarga muito grande.

Para muitas mães atípicas, a internet, hoje, virou uma grande rede de apoio. Um canal de comunicação entre elas, onde uma apoia a outra, escuta, da conselho e troca experiências. É onde elas podem desabafar e colocar para fora o que estão sentindo. Mas, muitas vezes, somos julgadas e criticadas pelo simples fato de externalizar o que sentimos. As pessoas acham que por estarmos tristes, já somos uma péssima mãe. Acham que precisamos calar e guardar tudo o que sentimos, como se não pudéssemos falar.

De mãe para mãe

Para as mães que acabaram de receber o diagnóstico do filho, eu diria para sentir tudo o que ela precisa sentir, desabafar, chorar. O autismo vem e muda toda a dinâmica da família; ele altera os nossos planos, muda os nossos sonhos muitas vezes e a gente tem, sim, o direito de sentir isso. Mas quando esse sentimento de luto passar, comece a estudar sobre o autismo, a absorver o máximo de conteúdo e de informações para que você possa oferecer o melhor para o seu filho.”

Davi tem 3 anos e 10 meses — Foto: Arquivo pessoal

Quais são os primeiros sinais de autismo?

Uma criança pode receber o diagnóstico de autismo, e não necessariamente vai apresentar todos os sintomas já descritos por outros pacientes. Por ser um distúrbio com diferentes níveis de comprometimento, recebe o nome de “espectro autista”. Apesar de os sinais do transtorno variarem, há três que são considerados mais comuns.

1. Interação social
O primeiro é na interação social, ou seja, no modo de se relacionar com outras crianças, adultos ou com o meio ambiente. “Uma das teorias que explica esse comportamento afirma que o autista tem dificuldade de entender o outro e de se colocar no lugar de alguém. Não compreende sentimentos e vontades, por isso se isola”, afirma Daniel Sousa Filho, psiquiatra da infância e da adolescência (SP).

2. Comunicação
O segundo sintoma recorrente é a dificuldade na comunicação: há crianças que não desenvolvem a fala e outras que têm ecolalia (fala repetitiva).

3. Comportamento
Como terceiro sinal, há a questão comportamental: as ações podem ser estereotipadas, repetitivas. Qualquer mudança na rotina passa a ser incômoda para a criança. Imagine que a mãe sempre vá buscar o filho na escola. Certo dia, é o avô quem vai pegá-la no colégio – e altera a rota de sempre. Pode ser que ela, diante dessa mudança, fique agitada e grite, por exemplo. Isso acontece porque a rotina é um “mapa” usado pelo autista para reconhecer o mundo. Se algum traço desse caminho for alterado, a criança vai reagir.

Mas vale lembrar que, além desses sinais, há outros que podem se manifestar em algumas pessoas com o espectro autista. Os surtos nervosos, por exemplo, podem vir acompanhados de automutilação e agressão. Para entender melhor, imagine que você esteja com a blusa apertada ou com muita fome, mas não consiga falar o que sente. Se a criança tiver dificuldade na expressão verbal, pode tentar se comunicar corporalmente e ter seu pedido atendido.

Hiper ou hiposensibilidade também podem se manifestar de forma diferente nos cinco sentidos da criança que se enquadra no espectro autista. Por exemplo: na audição, ela pode se sentir incomodada em locais barulhentos ou ter afinidade com alguns sons. No paladar, ela não tolera determinados sabores – por isso, insiste em comer sempre os mesmos alimentos. E nos dias frios, enquanto você usa um casaco pesado, a criança pode dispensá-lo – a hiposensibilidade tátil faz com que ela não tenha a mesma sensação de temperatura que as demais. Quando se machuca, talvez não sinta dor, por exemplo.

O espectro autista pode vir acompanhado de deficiência intelectual. Há casos, no entanto, em que a criança apresenta alto funcionamento – ou seja, é capaz de memorizar a lista telefônica inteira, mas não entende qual a utilidade dos números, por exemplo. Na síndrome de Asperger, outro quadro do espectro, a pessoa pode não ter problemas no desenvolvimento da linguagem. Ela se interessa por assuntos específicos: sabe tudo sobre dinossauros ou avião e se restringe a só a um tema.

Por isso, mediante qualquer desconfiança sobre desenvolvimento do seu filho, procure um especialista. “Quanto mais precoce começar as intervenções, melhor o prognóstico. É importante procurar as terapias adequadas o quanto antes, porque o sistema nervoso poderá responder aos estímulos rapidamente”, explica o neurologista infantil Antônio Carlos de Faria, do Hospital Pequeno Príncipe (PR).

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Bolsonaro volta a centro cirúrgico para tratamento de soluços, diz Michelle

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Em publicação, Carlos Bolsonaro reclamou sobre impedimento de visita de mais de um filho no mesmo horário

O ex-presidente Jair Bolsonaro • Wilton Junior/Estadão Conteúdo

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro postou neste sábado (27) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou ao centro cirúrgico para realizar um procedimento que visa tratar suas crises de soluço.

“Peço que intercedam em oração por mais esse procedimento, para que seja exitoso e traga alívio definitivo. Já são nove meses de luta e de angústia com soluços diários”, escreveu Michelle em publicação no Instagram.

Em publicação separada, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) comentou sobre a realização da operação e reclamou sobre impedimento de visita de mais de um filho no mesmo horário.

“Meu pai volta à mesa de cirurgia novamente! Meu irmão, [Jair Renan Bolsonaro] está aguardando no hospital para mais informações pois não é possível visita de mais de um filho no mesmo horário. Pra que isso, Meu Deus?!”, escreveu Carlos na rede social X, antigo Twitter.

O procedimento se trata do bloqueio anestésico do nervo frênico, localizado na região da coluna cervical e que se estende até o diafragma. A intervenção visa aliviar os soluços do ex-presidente.

O tratamento é considerado invasivo pela equipe médica que acompanha Bolsonaro, mas é visto como seguro. Em caso de dificuldade respiratória, seria necessário o suporte ventilatório artificial, até passar o efeito do anestésico.

Na quinta-feira (25), o ex-presidente passou por uma cirurgia para tratar de uma hérnia inguinal. A operação não tinha relação com as crises de soluço.

Questionados sobre o que poderia ser feito neste sentido, os médicos do ex-presidente afirmaram que optariam por otimizar seus remédios e dieta num primeiro momento.

Ajustes nas medicações foram feitos na sexta-feira (26), mas Bolsonaro seguiu tendo crises ao longo da última noite.

 

 

Fonte: CNN

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Moraes mandou prender condenados por trama golpista sem ouvir PGR ou PF

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Advogados criticam decisão “de ofício” de ministro do STF

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de mandar prender condenados pelo plano de golpe neste sábado (27) foi tomada “de ofício”, ou seja, sem provocações da PGR (Procuradoria-Geral da República) ou da PF (Polícia Federal).

De acordo com Moraes, a determinação teve o objetivo de evitar novas fugas de condenados, como ocorreu como ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques, preso no Aeroporto Internacional de Assunção, no Paraguai nessa sexta-feira (26).

Sob reserva, advogados de condenados da trama golpista veem a criação de um “precedente perigoso” na ordem de prisão domiciliar e um “adiantamento” do cumprimento da pena por conta do comportamento de outros condenados.

Os presos neste sábado ainda aguardam o chamado trânsito em julgado, ou seja, o esgotamento de todos os recursos.

Para um dos advogados ouvidos pela CNN Brasil, no Direito Penal, a responsabilidade não pode ser extrapolada para terceiros por causa da atitude de um condenado ou de um réu em específico.

Foi determinado o cumprimento de pelo menos dez mandados de prisão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Bahia, Tocantins e no Distrito Federal.

Todos terão que usar tornozeleira eletrônica e estão proibidos de usar redes sociais e se comunicar com demais investigados.

A decisão também impõe a entrega de todos os passaportes em até 24h, a suspensão de documentos de porte de arma de fogo e a proibição de visitas, salvo dos advogados.

Fontes da PF confirmaram à CNN Brasil que não houve pedido a Moraes. Procurada, a PGR não respondeu. A reportagem tenta contato com o ministro do STF.

 

 

Fonte: CNN

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Novo reforço do Lyon, Endrick chega à França e bate recorde nas redes sociais

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Atacante ex-Palmeiras pertence ao Real Madrid e está emprestado ao clube francês até julho de 2026

Endrick posa com a camisa do Lyon • Divulgação/Lyon

Endrick já está em sua nova casa. O atacante de 19 anos viajou para a França nessa sexta-feira (26), onde passará a integrar o elenco do Lyon a partir de segunda-feira (29), emprestado pelo Real Madrid até o fim da atual temporada europeia, no meio de 2026.

O jogador publicou em suas redes sociais a chegada a Lyon ao lado da esposa, Gabriely Miranda, e dos seus dois cachorros em um jatinho, após uma parada para férias na Suíça.

Antes mesmo de se apresentar ao novo clube, o ex-atleta do Palmeiras já causa furor entre torcedores franceses e brasileiros. O vídeo de “boas-vindas” que anuncia sua chegada ao Lyon bateu recorde de visualizações na conta do clube no Instagram. Em menos de 24 horas, na véspera de Natal, a publicação havia acumulado 14,7 milhões de visualizações.

O vídeo do clube mais visto na rede social, até então, era de um drible do meio-campista Tyler Morton em um treino, em alusão a Ronaldinho Gaúcho, com um total de 2,9 milhões de visualizações, ou seja, quase cinco vezes menos que a publicação sobre a chegada de Endrick.

O jornal espanhol Marca destacou neste sábado a “Endrickmania” que tomou conta de Lyon.

O novo camisa 9 do Lyon conta com forte apelo midiático nas redes sociais. Com mais de 15,3 milhões de seguidores no Instagram, ele supera estrelas da NBA como Kevin Durant e James Harden, além de estrelas que atuam no futebol francês, como o português Vitinha e o brasileiro Marquinhos, ambos do Paris Saint-Germain.

A expectativa é de que o atacante seja apresentado na próxima segunda e que esteja disponível para estrear no duelo com o Monaco, em 3 de janeiro, pelo Campeonato Francês.

No dia 11 de janeiro, a equipe visita o Lille, pela Copa da França.

O Lyon está na quinta posição no Campeonato Francês, dez pontos atrás do líder Lens. Na Europa League, a equipe faz grande campanha, ocupando a primeira posição na tabela da competição continental.

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