Salário mínimo de R$ 788 entrou em vigor no dia 1º de janeiro. ‘Provavelmente teremos um PIB negativo em 2015’, diz economista.
G1
O novo salário mínimo de R$ 788 entrou em vigor desde o dia 1º de janeiro. O valor é 8,84% maior do que o mínimo anterior de R$ 724 e deve beneficiar 48 milhões de pessoas que tem a renda vinculada ao piso nacional.
O salário mínimo é calculado com base em um fórmula que combina a inflação do ano anterior e a variação dos últimos dois anos do Produto Interno Bruno (PIB), que mede o crescimento econômico do país. Mas, para alguns acreanos, os R$ 64 a mais não vai sobrar no bolso dos trabalhadores.
O aumento também estabelece o valor de R$ 26,27 para o dia de trabalho e R$ 3,58 a hora trabalhada. O reajuste, segundo o texto do decreto segue a política de valorização a longo prazo do salário.
Eliane Primeiro é promotora de vendas e dona de casa. Ela avalia que a diferença do novo valor do mínimo corresponde ao preço de duas latas do leite que a filha de 3 meses precisa tomar. A promotora diz que o salário não acompanha o crescimento dos valores dos produtos que são consumidos diariamente.
“Para uma família que tem dois filhos, como no meu caso, se manter com esse salário chega a ser absurdo. Não tem como sobreviver nem a primeira quinzena do mês”, destaca.
Pensamento compartilhando pelo motorista Sidney Alencar, que acredita que no fim do mês a diferença será imperceptível. “Não vai fazer nenhuma diferença, porque o salário aumenta pouca coisa, a inflação toma tudo, aumenta tudo”, diz.
Já a cozinheira Maria Irani da Silva, o aumento pode ser inclusive desconsiderado, pois, segundo ela, os preços dos produtos acompanham esse aumento. “Para o tanto que subiu as coisas, para mim, não é aumento nenhum do salário mínimo”.
Nas falas dos acreanos é possível esclarecer, de forma popular, aquilo que o economista Carlos Franco tenta explicar tecnicamente. Os impactos desse reajuste tem um lado negativo e outro positivo. “Primeiro ele causa um aumento no consumo imediato, um ganho real na renda em torno de 2%, esse é o aspecto positivo. O lado ruim é que ele causa pressão inflacionária, até porque a tendência é que os empresários repassem esse aumento”, esclarece.
Mesmo com esse reajuste, o economista ressalta que as perspectivas para 2015 não são boas. “Provavelmente teremos um PIB negativo em 2015. Porque, principalmente o governo, tem que fazer um grande reajuste em suas contas, tem que cortar, aproximadamente R$100 bilhões nos seus gastos para 2015”.