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Norte do Brasil tem maior taxa de trabalho infantil do país, aponta IBGE

Região tem 6,2% de crianças e adolescentes em situação irregular; Nordeste concentra maior número absoluto de casos

A Região Norte possui a maior proporção de trabalho infantil do Brasil, com 6,2% das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação irregular. Foto: captada 

A Região Norte possui a maior proporção de trabalho infantil do Brasil, com 6,2% das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação irregular, de acordo com dados da PNAD Contínua 2024, divulgados nesta quinta-feira (19) pelo IBGE. Embora o número absoluto (248 mil) seja menor que o do Nordeste (547 mil), a taxa regional é 44% superior à média nacional (4,3%) e expõe desigualdades estruturais entre as regiões.

Queda insuficiente e concentração em crianças pequenas

O Norte registrou redução de 12,1% no trabalho infantil em 2024 ante 2023 (queda de 282 mil para 248 mil), mas segue com desafios críticos, especialmente entre crianças de 5 a 13 anos. Nessa faixa etária, a região tem 2,4% de sua população em trabalho precoce, atrás apenas do Nordeste (2,3%). Juntas, as duas regiões concentram mais de 60% dos casos nacionais nessa idade.

Desigualdade regional

Enquanto o Nordeste lidera em números absolutos (547 mil), o Sudeste — região mais populosa — tem o menor percentual (3,3%), com 475 mil casos. Centro-Oeste (4,9%) e Sul (4,9%) ficam próximos da média nacional. Especialistas atribuem as disparidades a fatores econômicos, culturais e falhas nas políticas públicas.

Destaques preocupantes
  • Crianças de 5 a 13 anos: Norte (2,4%) e Nordeste (2,3%) concentram mais de 60% dos casos do país

  • Queda geral: Brasil registrou redução, mas patamar ainda preocupa em estados do Norte e Nordeste

  • Desafio regional: infraestrutura social desigual aprofunda vulnerabilidade

Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas diferenciadas para combater a exploração infantil em regiões com maior vulnerabilidade socioeconômica.

Dados nacionais

Em todo o Brasil, 1,65 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam em situação de trabalho infantil em 2024, o que corresponde a 4,3% dessa população. O número é 34 mil maior que o registrado em 2023, quando a proporção atingiu o menor patamar da série histórica (4,2%).

Desse total, 1,195 milhão realizavam atividades econômicas e 455 mil produziam apenas para consumo próprio. A remuneração média era de R$ 845 mensais, mas variava conforme a carga horária: adolescentes que trabalhavam 40 horas ou mais recebiam, em média, R$ 1.259.

O levantamento mostra ainda que o trabalho infantil está concentrado na faixa etária de 16 e 17 anos, que responde por 55,5% dos casos. Crianças de 5 a 13 anos e adolescentes de 14 e 15 anos representam cerca de 22% cada.

A pesquisa também evidenciou disparidades raciais e de gênero. Pretos e pardos, que representam 59,7% da população de 5 a 17 anos, correspondem a 66,6% das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Já os brancos, que são 39,4% dessa população, aparecem com 32,8% dos casos.

No recorte por gênero, os meninos são maioria: representam 51,2% da população de 5 a 17 anos, mas 66% dos trabalhadores infantis.

O IBGE reforça a necessidade de ações direcionadas às regiões Norte e Nordeste, onde o trabalho infantil persiste como desafio urgente. Organizações sociais cobram fortalecimento de programas de renda e fiscalização para proteger crianças e adolescentes.

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Publicado por
Marcus José