Por Tácita Muniz, G1 AC
A iniciativa voluntária conta também com a parceria da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), além dos órgãos de saúde municipal e recentemente de outras faculdades também.
O grupo disponibilizou números de contato para que as pessoas pudessem tirar dúvidas ou até mesmo serem avaliadas sem sair de casa – é o atendimento remoto, método que vem sendo utilizado em muitos estados.
Na semana em que começou a operar, do dia 23 a 29 de março, o disque coronavírus recebeu 878 chamadas relacionadas ao novo vírus. Deste total, 770 foram pelo WhatsApp e 108 por ligações telefônicas. Foram identificados ainda, neste primeiro atendimento, 51 pessoas com síndrome gripal.
“A maioria dos chamados é para tirar dúvidas com relação a procedimentos. Quando identificamos uma sintomatologia ou agravamento do quadro, aí entra a retaguarda dos médicos professores”, explica Osvaldo Leal, professor de atenção primária no curso de medicina na Ufac e um dos médicos envolvidos no projeto.
Os 80 internos de medicina seguem uma escala de 12 horas e, enquanto atendem, contam com a supervisão de dois médicos. Leal explica que muita coisa os internos conseguem resolver sozinhos e que apenas em casos mais complexos ou que fogem das indicações é que chegam até o especialista.
“Construímos uma grade de perguntas e respostas e, se alguma coisa fugir daquilo ali ou houver necessidade de um acompanhamento clínico maior, aí o professor entra na história e vamos discutir o caso e aí pedimos para mandar um áudio ou um vídeo da pessoa, porque conseguimos avaliar o desconforto respiratório e isso tem funcionado muito bem”, explica.
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“Quando tem critério de gravidade, a gente faz um encaminhamento e comunicamos à unidade de saúde que aquele paciente está indo procurar atendimento. Então, quando ele chega na unidade o processo é mais rápido, porque ele já foi avaliado pelo grupo”, enfatiza.
Registros de chamadas | Números |
Chamadas no WhatsApp | 770 |
Ligações na OCA | 108 |
Total | 878 |
Estavam com síndrome gripal | 51 |
História de contato | 8 |
História de viagem | 10 |
Grupos de risco | 12 |
Encaminhados para a UPA | 2 |
Fonte: Ufac
No quesito isolamento social, o médico destaca que as próximas semanas são decisivas para se avaliar a curva de contaminação no estado. O que pode contribuir para essa avaliação, ainda segundo o médico, é o aumento de testagem.
O estado do Acre, atualmente, tem a capacidade de fazer, por dia, 48 exames de detecção do novo coronavírus no Centro de Infectologia Charles Mérieux, onde os exames são feitos. O governo agora tenta fazer os exames também no Laboratório Central de Saúde Pública do Acre (Lacen-AC) e assim conseguir dobrar o número de resultados de exames para 96.
O secretário de Saúde, Alysson Bestene, falou em coletiva nesta quarta-feira (1º), que está tentando comprar mais reagentes para que haja o aumento destes testes.
“Essas duas próximas semanas serão decisivas. A gente vai saber realmente quanto a gente vai conseguir achatar nessa curva, o que percebemos é que não está tão acelerado, mas tem uma variável que estamos tentando avaliar que é a dificuldade de acesso, no país inteiro, de acesso aos testes”, explica Leal.
Atualmente, por uma recomendação da Saúde, os testes são feitos em pacientes mais graves ou do grupo de risco.
“O isolamento social junto à testagem massiva da população, são dois parâmetros muito importantes para tomarmos medidas que possam ajudar no ponto de vista epidemiológico. São essas duas coisas, porque as demais não se aplicam, não tem tratamento nem outra medida, as duas medidas mais eficazes são essas”, reforça.
Com esse aumento nos testes, o número de casos deve aumentar, mas, é possível ter noção da real curva de contaminação.
“Com isso, a gente pode ter uma ideia de como está essa curva, porque ela vai subir, mas não necessariamente com pessoas que precisam de um cuidado mais intensivo.”
Paralelo ao disque coronavírus, o grupo iniciou também esta semana o serviço de telemonitoramento, que consiste em acompanhar casos suspeitos e confirmados dentro do estado.
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O acompanhamento é remoto e estabelece relatório de cada paciente. Esse serviço começou na terça-feira (31), com 32 casos monitorados, sendo 16 confirmados; oito suspeitos e oito que estão no grupo de risco.
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“Ligamos para as pessoas diariamente, acompanhamos os sintomas, e, se houver necessidade, a gente faz o mesmo movimento de encaminhar para a unidade de saúde. Tudo a partir da ligação para aquela pessoa.”
Além disso, os casos que podem ser resolvidos pelo telessaúde tem vários desdobramentos, desde receita ou alguma outra demanda que pode ser resolvida sem que as pessoas precisem ir até uma unidade de saúde.
“A ideia é essa mesmo, que a pessoas possa tirar dúvidas ou ter um acompanhamento sem que ela precise sair de casa para isso”, finaliza.