Não creio que digam que sou pé-frio, afirma Lionel Messi

A Argentina está no Grupo B da Copa América ao lado de Colômbia, Paraguai e Qatar. A equipe estreia no próximo dia 15, contra os colombianos, em Salvador.

O Globo.com

Lionel Messi sabe os comentários de que não ganha nada pela Argentina. Tem conhecimento das acusações de que quando veste a camisa da seleção não é o mesmo jogador decisivo do Barcelona.

Convocado para a disputa da Copa América e maior referência da equipe dirigida pelo novado Lionel Scaloni, ele sabe que lhe falta uma conquista pelo seu país. Mas não se vê como alguém azarado.

“Não creio que digam que sou pé-frio. Quero terminar minha carreira tendo ganhado algo com a seleção”, disse o jogador cinco vezes eleito melhor do mundo para a Fox Sports Argentina.

Em um momento raro de sua carreira, Messi foi ao estúdio da emissora graças à amizade com o apresentador Sebastian Vignolo. Foi para ele que deu sua única entrevista durante a Copa do Mundo da Rússia, após a vitória sobre a Nigéria, em São Petersburgo.

Scaloni tentou renovar a equipe com a convocação para o torneio no Brasil. Algo que agradou a Messi. Ele ainda tem na lembrança o fiasco do último Mundial, quando a Argentina venceu apenas uma vez e foi eliminada pela França nas oitavas de final.

“Na Copa do Mundo de 2018 não viajamos como favoritos. Faltava algo. Talvez se tivéssemos ganhado na estreia [empate com a Islândia], as coisas seriam diferentes. Se eu acerto o pênalti que perdi, mudaria muita coisa. Aquele Mundial foi atípico por uma série de motivos e prefiro deixar isso no passado. Neste ano eu gosto da equipe. Há muitos jogadores jovens e com motivação para vencer”, disse o camisa 10.

Com a camisa da Argentina, ele tem quatro derrotas em finais. Estava no elenco que perdeu a Copa América para o Brasil em 2007. Depois foi protagonista nos vices da competição em 2015 e 2016, quando o Chile venceu os dois jogos nos pênaltis. Mas o mais sentido foi o revés na decisão do Mundial de 2014, no Maracanã.

A desastrosa estreia de Messi na seleção, expulso com 47 segundos, completa 10 anos

“Como vou estrear na seleção principal desse jeito? É uma vergonha! Nunca mais vão me chamar! Sou um desastre, assim não posso jogar”. Messi desceu direto para os vestiários, aos prantos. As palavras duras consigo mesmo vinham logo após sua primeira partida pela seleção argentina adulta.

Aquela experiência em 17 de agosto de 2005 durou pouco, mas acabou sendo definitiva. Mas não do jeito que Messi esperava. Menos de um mês depois, Messi já voltava a campo pela seleção, saindo do banco em um jogo das Eliminatórias contra o Paraguai.

Por mais que sigam as acusações de que não joga com a Albiceleste tanto quanto com o Barça e que não tenha títulos (exceção feita à medalha de ouro nas Olimpíadas de 2008), o camisa 10 já é o segundo maior artilheiro da história da equipe nacional. Superar os 56 gols de Batistuta, apenas 10 à frente, parece apenas questão de tempo. Para provar que o garoto de 18 anos estava totalmente errado naquele momento de desespero.

“Aquela final poderia ter mudado tudo para a seleção. Faltou um pouco de sorte porque tivemos chances. Tivemos a de Pipa [Higuaín], a de Rodrigo [Palacio], a minha…”, confessou, lembrando os jogadores que desperdiçaram lances claros para marcar na derrota por 1 a 0 para a Alemanha.

Ele tentou descaracterizar a visão de que é o dono da seleção. Afirmou ser apenas mais um dentro do elenco.

“Me encanta vir à Argentina e voltar a Rosário, ver minha gente. Thiago gosta muito que eu esteja com a seleção”, completou.

Seu filho mais velho, Thiago, já perguntou no passado porque não gostavam de seu pai na Argentina.

Entre declarações pessoais, como a que gosta de comprar roupas pela internet, que se apaixonou pela mulher Antonella Roccuzzo à primeira vista e que não sabe se um dia poderá realizar o sonho de jogar no Newell’s Old Boys, seu clube de infância, disse que ainda mantém contato com Neymar, seu antigo companheiro de Barcelona.

“Ele [Neymar] é um fenômeno. Ainda conversamos. Temos um grupo de WhatsApp em que estamos eu, Luis (Suárez) e Neymar. Chama-se algo como os três sul-americanos. Algo assim”, finalizou.

Chamou a atenção também, pelo seu jeito introspectivo, de tentar cortar as palavras antes que estas saiam de sua boca, como definiu o escritor argentino Leonardo Facio, a afirmação de Messi de que pensa, no futuro ser treinador, mas apenas nas categorias de base.

“Seria apenas com crianças ou juvenis”, disse.

A Argentina está no Grupo B da Copa América ao lado de Colômbia, Paraguai e Qatar. A equipe estreia no próximo dia 15, contra os colombianos, em Salvador.

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