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Mudanças climáticas: programa quer mobilizar 600 empresas até a COP30
O Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) – Rede Brasil lançou nesta segunda-feira (3) o Pacto Rumo à COP30, um programa que estabelece metas e iniciativas para mobilizar o setor privado em ações de mitigação e adaptação à mudança climática até a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá no ano quem em Belém (PA).
“O Pacto [Global] é uma rede de empresas em prol do desenvolvimento sustentável. Hoje lançamos esse programa que é composto de vários projetos para que as empresas que fazem parte da rede se engajem e caminhem conosco entregando resultados concretos no ano que vem, na COP30, em Belém”, disse Camila Valverde, diretora de impacto do Pacto Global da ONU-Rede Brasil, no evento Responsabilidade Corporativa Ambiental: Impacto e Transformação, que ocorreu no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista.
Em entrevista hoje à Agência Brasil e à TV Brasil, Camila revelou que cerca de 250 empresas brasileiras diversas, de um total de 2 mil que integram a rede, já estão fazendo parte do pacto. A meta, no entanto, é ampliar esse número.
“Queremos que as empresas possam aderir, ainda mais, a essa iniciativa para chegarmos à COP30 com 600 empresas engajadas dentro desse projeto.”
Para a secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA) Ana Toni, o setor privado pode ser um grande parceiro nesse objetivo sustentável brasileiro, demonstrando ao mundo exemplos de soluções climáticas.
“O Brasil pode ser um dos maiores provedores de soluções climáticas do mundo, com nossa energia, nossa agricultura, nossas florestas. O Brasil tem este potencial. E espero que cheguemos a uma COP podendo demonstrar, através das iniciativas do setor privado e da sociedade, que somos esse provedor de soluções”, avaliou Ana.
“As escolhas que fazemos hoje vão estar determinando não o amanhã, mas o já e o agora. O setor privado é fundamental na nossa capacidade de atrair recursos, do Brasil ser um provedor de soluções climáticas e também de salvar vidas como se salvaram vidas nessas tragédias que estamos vivendo. Sabemos que essa parceria [do governo com o setor privado] é boa para todo mundo. Só precisamos criar governança para que essas parcerias aconteçam”, disse a secretária durante o evento.
O programa
O programa Pacto Rumo à COP30 envolve projetos colaborativos de mitigação, adaptação, meios de implementação e comunicação, além de grupos de trabalho e pactos setoriais. O objetivo é envolver o setor privado na implementação de ações em prol da agenda climática brasileira.
“Existem várias formas de se engajar dentro do pacto, dependendo do tipo de projeto. Há projetos de redução de resíduos para diminuir as emissões; projetos de adaptação climática; projetos de estudos de justiça climática setoriais. Dependendo do programa e do projeto que a empresa for se engajar, ela vai participar mais ativamente ou oferecendo seus dados ou implementando programas dentro de sua empresa”, explicou Camila.
Dentro do programa estão previstas ações como um curso preparatório de comunicadores; um livro digital para as empresas que compõem a rede; e seminários com participação de especialistas na agenda climática brasileira.
“O setor privado, ao mesmo tempo em que é um importante causador dos impactos ambientais, é quem tem o grande potencial da transformação. O Pacto Global tem essa missão de transformar as estratégias empresariais em desenvolvimento sustentável. O potencial transformador do setor privado é gigante e estamos otimistas de que as empresas estarão engajadas e comprometidas com essa transformação que precisa ser feita”, ressaltou a diretora do Pacto Global da ONU-Rede Brasil.
Assinatura de memorandos
Durante o evento realizado hoje, o Pacto Global firmou ainda um memorando de entendimento com a Agência Nacional de Águas (ANA) visando à construção de estratégias para o setor empresarial com foco em resiliência hídrica.
Também foi firmado um memorando de entendimento com a organização internacional The Nature Conservancy Brasil (TNC) para construção de uma estratégia para projetos de biodiversidade, resiliência hídrica e transição energética.
“Assinamos um memorando com a TNC, que é uma das maiores organizações não-governamentais do mundo para as questões climáticas e de diversidade, e também com a ANA, justamente para garantir essa parceria com duas instituições tão relevantes dentro dos projetos de meio ambiente que o Pacto Global realiza. Parcerias como essas só fortalecem o que estamos fazendo”, disse a diretora do Pacto Global.
Fonte: EBC GERAL
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China critica tarifaço contra o Brasil e acusa EUA de intimidação
O Ministério das Relações Exteriores da China criticou nesta sexta-feira (11) a tarifa de importação de 50% a produtos brasileiros anunciada esta semana pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“A igualdade soberana e a não interferência em assuntos internos são princípios importantes da Carta das Nações Unidas e normas básicas nas relações internacionais”, disse a porta-voz do ministério, Mao Ning, ao ser questionada por uma repórter sobre o que achava da tarifa de 50% a produtos brasileiros anunciada por Trump.
“As tarifas não devem ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência”, concluiu Mao Ning.
No início da semana, quando Trump deu início ao envio das cartas aos parceiros comerciais com as ameaças de aumento de tarifas, Mao Ning já havia criticado o protecionismo norte-americano.
“A posição da China sobre as tarifas é consistente e clara. Não há vencedores em uma guerra comercial ou tarifária. O protecionismo prejudica os interesses de todos”, afirmou.
Entenda
Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país norte-americano, a partir do dia 1º de agosto. No documento, Trump justifica a medida citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
No mesmo dia, o presidente Lula defendeu a soberania do Brasil e disse que a elevação de tarifas de forma unilateral será respondida com a Lei de Reciprocidade Econômica. Ontem (10), Lula afirmou que o governo federal vai abrir uma reclamação oficial à Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar reverter as tarifas.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil classificam a pressão de Trump como chantagem política e dizem que a medida é uma reação ao Brics. Durante a Cúpula do bloco, ocorrida no domingo e na segunda-feira, no Rio de Janeiro, Trump já tinha ameaçado os países que se alinhem ao Brics com uma taxa de 10%.
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Lula critica jornada 6×1 e defende escala de trabalho “mais flexível”

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta sexta-feira (11), a jornada de trabalho de seis dias de serviço com apenas um dia de folga por semana (6×1). Para Lula, é preciso convocar trabalhadores e empresários para “inventar” outra jornada de trabalho “mais flexível”.
“A Humanidade não quer mais seis por um. É preciso inventar um jeito de ter uma outra jornada de trabalho, mais flexível, porque as pessoas querem ficar mais em casa. As pessoas querem cuidar mais da família”, disse Lula.
A primeira vez que o presidente se manifestou sobre o tema publicamente foi no dia do trabalhador deste ano, em 1º de maio, quando defendeu “aprofundar o debate” sobre a escala 6×1.
Ao lançar, em Linhares (ES), programa de transferência de renda para atingidos por rompimento da barragem em Mariana (MG) nesta sexta-feira (11), Lula disse que o trabalhador não aguenta mais acordar cinco da manhã e voltar as sete da noite durante seis dias por semana.
“Hoje a juventude já não quer mais isso. É importante que a gente, enquanto governo, trate de pesquisar. Vamos utilizar a universidade, a OIT [Organização Internacional do Trabalho], vamos utilizar tudo que é organização de trabalho e vamos tentar apresentar uma nova forma de trabalhar nesse país. Para que a gente possa garantir mais mobilidade para as pessoas”, completou Lula.
Pressão social
A pauta do fim da escala 6×1 ganhou força no Brasil no final do ano passado e manifestações de rua nessa quinta-feira (10) voltaram a pedir o fim desse tipo de escala de trabalho.
No Congresso Nacional, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a jornada 6×1 não teve avanço. Lideranças do governo dizem que a medida é “prioridade” para este ano.
O projeto sofre resistência de setores empresariais que alegam que a medida levaria ao aumento dos custos operacionais das empresas, como defendeu a entidade patronal Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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Tarifa de Trump sobre produtos do Brasil pode afetar empregos, exportações e investimentos
Confederação Nacional da Indústria (CNI) vê prejuízo para mais de 10 mil empresas exportadoras e cobra diálogo técnico para preservar relação bilateral com os Estados Unidos
A decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros gera preocupação na indústria nacional e pode causar prejuízos à economia brasileira. A medida, anunciada pelo governo do presidente Donald Trump, pode impactar diretamente cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras, comprometer a relação histórica entre os dois países e ameaçar milhares de postos de trabalho.
O alerta vem da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, a decisão foi recebida com surpresa e não encontra respaldo em dados econômicos. “Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban, em posicionamento divulgado na noite da quinta-feira (9).
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no último dia 9 de julho que, a partir de 1º de agosto, será aplicada uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. A decisão foi justificada como uma resposta à forma como o governo brasileiro tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Trump, além de alegações de práticas comerciais “desleais”.
Em resposta ao presidente americano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou, no mesmo dia 9, uma nota oficial reafirmando a soberania do Brasil e o respeito às instituições nacionais. Lula destacou que o país não aceitará qualquer tipo de tutela externa e que os processos judiciais relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro são de competência exclusiva da Justiça brasileira. O presidente também negou a existência de um déficit comercial norte-americano em relação ao Brasil, como alegado por Trump, e reforçou que a relação bilateral deve se basear em respeito mútuo e cooperação econômica.
Impactos na economia e na indústria
Na avaliação da CNI, o aumento da tarifa de importação americana impacta a economia brasileira e abala a cooperação com os EUA. Em 2024, citou a entidade, para cada R$ 1 bilhão exportado para os Estados Unidos, foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção.
A CNI ressaltou ainda que a nova tarifa, se mantida, deve afetar diretamente a competitividade dos empreendimentos brasileiros. Resultados preliminares de levantamento feito pela entidade mostram que um terço das empresas brasileiras exportadoras para os EUA já relatam impactos negativos. A consulta foi realizada entre junho e começo de julho, ainda no contexto da tarifa básica de 10%.
Ainda de acordo com a entidade, os EUA são o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira – um setor que alcançou, em 2024, US$ 181,9 bilhões em exportações, registrando um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior. Os dados são da Nota Técnica: Desempenho da Balança Comercial Brasileira em 2024, elaborada pela confederação. O recorde foi motivado pelas exportações de bens de consumo não duráveis e semiduráveis, que cresceram 11% em relação a 2023.
Via diplomática
A CNI defende uma resposta diplomática imediata. “Que o equilíbrio e o diálogo técnico prevaleçam com a parcimônia e a determinação necessária”, avaliou Alban.
O especialista em Direito Internacional, membro da Godke Advogados, Fernando Canutto, assim como o presidente da CNI, Ricardo Alban, acredita que o melhor caminho para proteger as empresas brasileiras é a via diplomática.
“Entendo que a única via é a via diplomática. Apesar de os Estados Unidos ter perdido, ou melhor, diminuído sua influência como potência hegemônica nos últimos 20, 30 anos. Há 30 anos, eram os Estados Unidos e os outros países. Agora, China está atrás, Índia vem logo atrás. São parceiros que já têm poder de fogo, digamos assim, já têm uma economia quase tão grande quanto a norte-americana. Então, os Estados Unidos ainda é a grande potência. Os Estados Unidos ainda controlam o dinheiro mundial, controlam o comércio mundial”, destacou o jurista.
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