Cotidiano

MPAC determina medidas urgentes para falta crítica de profissionais em hospital de Sena Madureira e pede inspeção do COREN

Hospital João Câncio Fernandes registrou 3.636 horas extras de enfermeiros em 2025; unidade precisa de 6 novos enfermeiros e não tem psicólogo desde 2018

A convocação é considerada imprescindível também para atender à futura implantação dos leitos de saúde mental, já requisitada pelo MP e que exige equipe multiprofissional completa. Foto: captada 

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) emitiu sua primeira recomendação oficial à Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e à Secretaria de Estado de Administração (SEAD) determinando medidas urgentes para suprir a grave falta de profissionais no Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira.

O documento, assinado pelo promotor de Justiça Júlio César de Medeiros, revela um cenário de sobrecarga extrema com 3.636 horas extras registradas apenas entre enfermeiros, comprovando a insuficiência de pessoal e o desgaste físico e emocional dos profissionais.

Segundo estudo técnico da própria Sesacre, são necessários pelo menos 6 novos enfermeiros para garantir a regularidade das escalas. Setores críticos como sala de medicação, centro cirúrgico e esterilização chegam a ficar completamente descobertos.

O MP destacou ainda a ausência completa de psicólogo na unidade desde 2018, apesar de existir candidata aprovada e residente no município manifestando interesse na vaga. A convocação é considerada imprescindível para a futura implantação dos leitos de saúde mental já requisitados pelo órgão.

Medidas determinadas pelo MPAC
  • Contratação emergencial de profissionais de saúde
  • Inspeção independente pelo COREN/AC
  • Verificação das condições de trabalho e atendimento
Objetivos da ação
  • Garantir atendimento adequado à população
  • Assegurar condições dignas de trabalho
  • Identificar possíveis irregularidades na unidade

Outro setor crítico é o laboratório, que necessita de 1.800 horas mensais para fechar a escala, mas dispõe de apenas 522 horas, obrigando técnicos a realizar plantões extras frequentes. Também há déficit de técnicos de enfermagem, o que aumenta ainda mais a pressão sobre quem já está na ativa.

A iniciativa do MPAC reflete preocupação com a qualidade dos serviços de saúde pública no estado, especialmente em unidades de referência como o Hospital João Câncio. A participação do COREN busca trazer transparência e rigor técnico à avaliação das condições da unidade.

A SESACRE e a SEAD têm 30 dias para adotar as seguintes medidas:

Convocar 6 enfermeiros aprovados no Processo Seletivo 001/2024;

Convocar 1 psicólogo(a) do cadastro de reserva, residente em Sena;

Convocar 2 técnicos de laboratório;

Contratar emergencialmente 6 técnicos de enfermagem.

O promotor ressalta que o não atendimento da recomendação pode resultar em Ação Civil Pública e responsabilização por improbidade administrativa.

Além disso, o MP também acionou o COREN/AC

De forma desvinculada da recomendação dirigida à SESACRE, o Ministério Público também recomendou ao Conselho Regional de Enfermagem do Acre (COREN/AC) que realize uma inspeção independente no Hospital João Câncio, verificando:

A real situação das escalas;

O banco de horas da equipe;

A existência de setores descobertos;

A quantidade de enfermeiros necessária para assegurar atendimento seguro.

Com isso, o MP coloca o COREN/AC diretamente na apuração técnica sobre a situação da enfermagem no município.

A recomendação ocorre em um momento de expectativa pela reinauguração do prédio do hospital. Para o MP, a estrutura física só cumprirá sua finalidade social se acompanhada da imediata recomposição do quadro de profissionais essenciais ao atendimento da população.

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Publicado por
Marcus José