MP acompanha situação de quase 300 imigrantes retidos em cidade do AC após fechamento da fronteira

Imigrantes estão abrigados em duas escolas de Assis Brasil. Prefeitura da cidade decretou situação de emergência por conta do risco de contaminação de Covid-19.

MP acompanha situação de quase 300 imigrantes retidos em cidade do AC após fechamento da fronteira — Foto: Odair Leal/Secom-AC

Por Iryá Rodrigues, G1 AC — Rio Branco

Com quase 300 imigrantes em Assis Brasil, no interior do Acre, o Ministério Público do Estado (MP-AC) instaurou um procedimento administrativo para acompanhar as medidas que estão sendo tomadas para evitar a propagação da Covid-19 na região de fronteira.

O procedimento foi publicado na edição desta segunda-feira (30) do Diário Oficial do órgão. O fluxo de imigrantes aumentou na cidade do interior do estado por conta do fechamento da fronteira com o Peru.

No último dia 23, o prefeito da cidade, Antônio Barbosa (Zum), decretou situação de emergência na cidade e pediu ajuda dos governos estadual e federal no custo de insumos e abrigo aos imigrantes.

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O MP-AC destaca que a posição geográfica diferenciada do município de Assis Brasil, que faz divisa simultaneamente com o Peru e a Bolívia, faz com que aumente o risco de propagação do coronavírus.

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A cidade de Assis Brasil não tem nenhum caso confirmado ou suspeito da doença. Segundo último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) neste domingo (29), o Acre tem 34 casos de coronavírus e outros 80 estão sob investigação.

Gastos com alimentação

A prefeitura de Assis Brasil diz que, em 11 dias, gastou mais de R$ 70 mil apenas com alimentação fornecida aos imigrantes. São 900 refeições por dia, entre café da manhã, almoço e janta. Saíram dos cofres público, em menos de 15 dias, R$ 73.800 só para despesas com alimentação.

Ainda não foram contabilizados outros insumos, como gasolina, logística, materiais de consumo, energia e água potável que são necessários para manter o funcionamento dos abrigos. O prefeito Antônio Barbosa faz um apelo aos governos estadual e federal.

Barbosa disse que a cidade não tem condições mais de manter os imigrantes. Ele cogita ainda decretar estado de calamidade pública, caso não tenha ajuda dos governos estadual e federal.

Além de manter 900 refeições por dia aos imigrantes, a falta de profissionais para acompanhar os abrigos tem sobrecarregado as equipes. De acordo com a prefeitura, até agora, o Estado ajudou com 250 colchões – que já acabaram – e 100 sacolões, que também não tem mais.

Dois abrigos

De acordo com o relatório, são 241 imigrantes, de pelo menos cinco nacionalidades, divididos em dois abrigos da cidade que foram improvisados em escolas.

A Vigilância Sanitária do estado esteve nas duas escolas que servem como abrigo aos imigrantes na semana passada para dar orientações sobre a Covid-19 e informar sobre o estado de isolamento social que o Acre tem adotado.

Na Escola Municipal Edilsa Maria Batista estão 92 pessoas, sendo que são 32 homens, 26 crianças e 34 mulheres, sendo que nove estão gestantes. Já na Escola Estadual Iris Célia, são 149 pessoas. Deste total, 40 são mulheres, delas 7 estão grávidas; 78 homens e 31 crianças.

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Publicado por
G1 Acre