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Maior desmatador da Amazônia vai a julgamento em Rondônia nesta segunda-feira (15)
Chaules e seu temido grupo ameaçaram pequenos posseiros na região de Cujubim, instalando cancelas em uma estrada cobrando pedágio dos produtores

O madeireiro foi formalmente denunciado pelo Ministério Público de Rondônia (MPRO) por crimes contra a vida, como ameaças de morte contra pequenos agricultores, realizadas por policiais militares contratados por ele. Segundo testemunhas ouvidas pelo MPRO, policiais apontavam armas dizendo que, se não saíssem de lá andando, sairiam “carregados”. Foto reprodução
Com jornais do Estado de Rondônia
O Tribunal de Justiça de Rondônia marcou para esta segunda-feira (15) a audiência de instrução e julgamento dos envolvidos na Operação Deforest, deflagrada em outubro de 2019 pela Polícia Federal com apoio do Ministério Público.
Preso pela PF, Chaules Volban Pozzebom, considerado o maior desmatador da floresta amazônica, será ouvido junto com os outros acusados que fazem parte da suposta organização criminosa, testemunhas de acusação e defesa. Pela sua alta periculosidade, Chaules está preso no presídio federal de Campo Grande.
A audiência será realizada de modo virtual em razão da pandemia do novo Coronavírus e conduzida através da 1ª Vara Criminal da Comarca de Ariquemes pela juíza Larissa Pinho. Embora tenham testemunhas favoráveis que irão afirmar que Chaules é um “homem trabalhador, honesto e apenas estava ajudando a proteger o meio ambiente”, os relatos e provas levadas aos autos , segundo informações , são robustos contra o madeireiro.
Ele é acusado de extorsão, lavagem de capitais, organização criminosa, desmatamento ilegal e invasão. Chaules e seu temido grupo ameaçaram pequenos posseiros na região de Cujubim, instalando cancelas em uma estrada cobrando pedágio dos produtores. Eles relataram todos os crimes cometidos contra a comunidade ao MP. Além do madeireiro, outras 15 pessoas também foram presas pela Polícia Federal à época e continuam no cárcere até hoje , assim como Chaules. Apesar de ter contratado uma das melhores bancas de advogados do Brasil, liderada por advogados que atuaram na Lava Jato, seus habeas corpus e pedidos de liberdade foram negados pela Justiça, dado a complexidade do caso e o elevado poder econômico do acusado.
Segundo a investigação, ele seria proprietário de 120 madeireiras espalhadas pela região Norte – que estaria em seu nome ou de laranjas – e, por isso, tem sido chamado por seus denunciantes de “o maior desmatador do América Latina.”
Natural de Capanema, Paraná, Chaules tem 47 anos e se mudou para Ariquemes no início dos anos 2000, quando ingressou no ramo madeireiro.
O ambientalista ligado a Pastoral da Terra, Elizeu Berçacola está no programa de proteção a testemunhas e diz que sofreu várias emboscadas a mando de Chaules por denunciar suas ações ilegais na região de Cujubim. “Estou vivo por força de um milagre”, diz ele.
Veja vídeo do momento da prisão de Chaules em 2019:
Operação Deforest
Os mandados de prisão foram expedidos para Ariquemes (RO), Cujubim (RO), Monte Negro (RO), Porto Velho (RO), Manicoré (AM) e Araçatuba (SP).

Operação tem como alvo empresários, policiais e pistoleiros envolvidos no esbulho de terras em Cujubim (RO). — Foto: Divulgação/PF
A ação da PF é resultado de um inquérito iniciado em junho deste ano pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO), que descobriu a prática dos crimes de homicídio, extorsão, lavagem de dinheiro e ameaça.
O procedimento do MP apurou que a organização criminosa tinha uma estrutura armada para resguardar os interesses fundiários do líder do grupo se valendo do poder econômico e dos cargos ocupados nas forças de segurança para intimidar moradores da região.
Conforme as investigações, a organização criminosa é composta por empresários, policiais, pistoleiros e outras pessoas que intimidavam e ameaçavam agricultores da região de Cujubim. O objetivo era tomar a posse de terras na região conhecida como “Soldado da Borracha”.
Segundo o promotor de Justiça Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues, Chaules Volban, como líder, teria constituído uma espécie de milícia no campo armado.
“E colocaram policiais militares, capangas armados, que faziam cobrança de pedágio, intimidavam, extorquiam e ainda colocavam aquelas pessoas que eram posseiros da terra para fora daqueles lotes”, disse.
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“Ninguém tem tanta ligação com madeireiras, com dezenas, mais de uma centena como ele que se tem notícia”, detalhou o promotor.
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De acordo com a PF, a Justiça Estadual expediu 16 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão. Cerca de 150 policiais estão envolvidos na operação.
O nome Deforest é uma referência à prática de desmatamento ilegal, que segundo a PF, era um dos principais objetivos dos criminosos após tomar a posse das propriedades rurais.

Chaules Volban Pozzebon foi detido em casa, em Ariquemes em (23/10/2019) . Outras 15 pessoas, entre elas empresários e policiais militares, também foram presas na Operação Deforest. — Foto: Polícia Federal/Reprodução
Natural de Capanema, Paraná, Chaules tem 47 anos e se mudou para Ariquemes no início dos anos 2000, quando ingressou no ramo madeireiro, segundo Elizeu. “Mesmo um garoto, na época em que Chaules chegou a Cujubim (início dos anos 2000), as pessoas já se referiam a ele como dono de lá”, relata as investigações.

Chaules é defendido pelo renomado jurista Tracy Reinaldet, que já atuou na Operação Lava Jato, defendendo figuras como o ex-ministro Antônio Palocci e o doleiro Alberto Youssef. A defesa do madeireiro protocolou, em 7 de novembro, uma petição pedindo a revogação de sua prisão preventiva no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu nome, Chaules possui oficialmente algumas empresas – AMP Indústria Madeireira Ltda., da qual é sócio administrador, CHP Indústria Madeireira Eireli e Muralha Indústria Madeireira Ltda. -, em sociedade com o filho de 23 anos, Igor José Teixeira Pozzebon, que se identifica em suas redes sociais como geólogo.
O madeireiro administra também dois postos de gasolina em Rondônia e divide com a mãe, Maria Salete Pozzebon, a sociedade de duas holdings: a CMI Participações S.A., voltada para aluguel de imóveis, e a MS Franquia, de gestão de ativos intangíveis não financeiros (bens ou direitos adquiridos pela empresa, mas que não têm valor decorrente de suas características físicas, e sim dos benefícios decorrentes deles).
Marcos Piellusch, professor de finanças da Universidade Mackenzie, exemplifica esse negócio: “Se a empresa compra os direitos de vender camisetas com a marca Mickey Mouse, está adquirindo ativos intangíveis. Isso porque a empresa não está comprando a figura do rato, mas os direitos de usar a marca”.
De acordo com o promotor do MPRO, Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues, que atua no tribunal do júri na comarca de Ariquemes, não há registro “na região Norte, de alguma pessoa que sequer chegue perto do envolvimento com uma centena de madeireiras”, completa.
Município rondoniense de 25 mil habitantes, Cujubim fica a uma hora de Ariquemes, e foi lá que, em 2018, famílias de pequenos agricultores compareceram ao MP para denunciar o que a organização comandada por Chaules fazia em áreas de proteção ambiental em Cujubim.
“Um grupo armado liderado por Chaules se instalou em uma porteira, trancou-a, impedindo o livre acesso de uma via pública, e montou uma base com capangas armados, policiais militares e civis”, diz o promotor. Ainda segundo ele, o objetivo do grupo, que praticava ronda com motocicletas e caminhonetes, aterrorizando os moradores que aguardavam regularização pela reforma agrária, era justamente expulsá-los para vender os lotes para fazendeiros e madeireiros. “Um verdadeiro Estado paralelo na zona rural”, acrescenta Rodrigues.
A organização planejava vender cada um dos 700 lotes por valores que variam entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, segundo a investigação. Os que já haviam sido vendidos para empresários de municípios próximos sofriam o impacto do desmatamento para venda ilegal de madeira.
Os peões de Chaules
Entre os presos durante a primeira fase da Operação Deforest estão alguns empresários como Djyeison de Oliveira, dono de uma empresa de terraplanagem, José Socorro Melo de Castro, proprietário da Construtora e Transporte Melo e Castro Ltda., e Marcelo Campos Berg. Em seu nome, Berg possui uma empresa de transporte rodoviário de carga, e já foi autuado, em 2017, pelos órgãos de fiscalização ambiental Ibama e ICMBio por transporte ilegal de madeira. Já a construtora de Melo de Castro foi denunciada em um esquema de corrupção pela prefeitura do município, em 2014.
Os outros investigados, também em prisão provisória, são Thiago Teixeira, Eduardo Rogério Morett e Filizardo Alves Moreira Filho.
Morett possui uma acusação arquivada de lesão corporal em Juína (MT), e Filizardo Filho, fazendeiro, é citado como testemunha de defesa em uma ação penal de crime ambiental que investiga o próprio Chaules.
Além dos citados, nove policiais militares, dos quais quatro ainda estão na ativa, foram presos na Operação Deforest. Eles são José Luiz da Silva, Jô Anemias Barboza da Silva, Paulo Cesar Barbosa, Renilso Alves Pinto, Rogério Carneiro dos Santos, Elisângelo Correia de Souza, Emanuel Ferreira da Costa e Antônio Francisco dos Santos – que está foragido – e João Carlos de Carvalho.
Este último foi candidato não eleito a vereador nas eleições municipais de 2016, pelo PSD, com o nome “Sargento Carvalho”. Seu nome aparece em uma nota da CPT sobre denúncias de policiais à paisana atuando como pistoleiros na área do Seringal Urupá, em 2017. A área, ocupada por camponeses, sofreu uma reintegração de posse violenta na época, e 84 famílias foram expulsas.
Outros PMs envolvidos são acusados de integrar grupos de extermínio, a mando de latifundiários, no distrito de Jaci Paraná, em Porto Velho. De acordo com o promotor Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues, o MP tem certeza do envolvimento do Estado nos crimes de Chaules. “O poder de cooptação do grupo é proporcional ao seu grande poder econômico. Existe corrupção e cooptação de agentes públicos, como funcionários de órgãos ambientais”, relata. “Se [Chaules] precisasse produzir documentos para vender madeira, o estado produzia para ele; se precisasse de legislação, o Parlamento dava; se precisava que ficassem de olhos fechados, distanciavam pessoas de processos decisórios”, completa Elizeu.
A extensa ficha criminal de Chaules
Apesar de essa ser a primeira prisão do madeireiro, ele já foi processado e condenado diversas vezes. No entanto, não só de crimes ambientais é composta sua ficha de antecedentes.
Entre as acusações mais sérias referentes a Chaules está a utilização de trabalho escravo. O empresário foi incluído na Lista Suja em 2012, após a fiscalização do Ministério do Trabalho ter resgatado 22 trabalhadores em regime análogo à escravidão na fazenda Pedra Preta, localizada em Cujubim, onde Chaules criava gado.
Apesar de o nome de Chaules ter sido retirado da Lista Suja em 2014, em abril de 2018 ele foi condenado a seis anos e nove meses de reclusão em regime semiaberto. O processo segue em grau de recurso, de acordo com o TRF-1.
(veja a tabela de crimes abaixo).

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Sequência de homicídios contra idosos em menos de 24 horas mobiliza polícia no interior de RO
Equipes da Polícia Civil seguem em diligências, com coleta de informações, oitiva de testemunhas e análise de imagens de câmeras de segurança.
A Polícia Civil intensificou as investigações após o registro de três homicídios contra idosos em um intervalo inferior a 24 horas no município de Itapuã do Oeste. Os crimes ocorreram entre a tarde de quarta-feira (17) e a manhã de quinta-feira (18) e provocaram apreensão entre os moradores da cidade, situada a cerca de 110 quilômetros da capital.
O primeiro caso foi registrado na tarde de quarta-feira, quando um idoso de 66 anos foi encontrado sem vida às margens da BR-364. A vítima trabalhava como caseiro em uma propriedade rural próxima ao local.
A área foi isolada para os trabalhos da perícia, e as circunstâncias do crime passaram a ser apuradas.
Horas depois, ainda na noite do mesmo dia, um segundo homicídio foi constatado. Um homem de 69 anos foi encontrado morto dentro de uma residência localizada na Estrada da Mineração.
As informações iniciais indicam que ele sofreu agressões, e a polícia avalia diferentes linhas de investigação, incluindo a possibilidade de crime patrimonial ou execução.
Na manhã de quinta-feira, um terceiro idoso foi localizado morto em uma via urbana do município. As características do crime apresentaram semelhanças com os registros anteriores, o que reforçou a suspeita de ligação entre os casos.
Equipes da Polícia Civil seguem em diligências, com coleta de informações, oitiva de testemunhas e análise de imagens de câmeras de segurança.
O objetivo é identificar os responsáveis e esclarecer a motivação da sequência de crimes que abalou a tranquilidade da cidade.
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Denarc estoura boca de fumo e apreende 25 quilos de drogas em Porto Velho
A operação foi realizada nesta sexta-feira (19) após vários dias de investigação.
Uma ação do Departamento de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil resultou na apreensão de cerca de 25 quilos de entorpecentes em uma residência usada como ponto de tráfico no bairro Socialista, na zona leste de Porto Velho. A operação foi realizada após vários dias de investigação.
Segundo a Polícia Civil, o imóvel funcionava tanto como boca de fumo quanto como local para preparo e distribuição das drogas. As investigações indicam que o material ilícito teria sido enviado do município de Guajará-Mirim para a capital, com envolvimento de integrantes de facção criminosa.
No momento da chegada dos policiais, dois suspeitos que estavam na casa perceberam a movimentação e conseguiram fugir antes da abordagem.
Apesar disso, durante as buscas no local, os investigadores localizaram diversos tabletes de cocaína, porções de maconha e pedras de crack, além de balanças de precisão e outros materiais usados na pesagem e fracionamento dos entorpecentes.
Todo o material apreendido foi recolhido e encaminhado à sede do Denarc, onde passará por perícia. As investigações continuam com o objetivo de identificar e prender os suspeitos que fugiram, bem como outros possíveis envolvidos no esquema criminoso.
A Polícia Civil reforça que denúncias anônimas da população são fundamentais para fortalecer o combate ao tráfico de drogas e às facções criminosas que atuam em Porto Velho.
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PMAC recepciona policiais formados em cursos operacionais fora do estado
A Polícia Militar do Acre (PMAC) recepcionou, nesta quinta-feira, 18, três policiais militares que concluíram com êxito cursos operacionais realizados fora do estado. Os militares foram recebidos pela comandante-geral da PMAC, coronel Marta Renata, e pelo comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em um momento de reconhecimento e valorização profissional.
Os policiais acreanos superaram inúmeros desafios ao longo das capacitações para alcançar o tão sonhado brevê. Entre as especializações concluídas estão o II Curso de Operações Especiais (Coesp), o VI Curso de Operações de Choque da Força Nacional (COPC) e o V Curso de Rondas Ostensivas com Aplicação de Motocicletas (Rocam).
No campo das operações especiais, o sargento Felipe concluiu o II Coesp da Polícia Militar do Maranhão. Após 118 dias de intensa superação, disciplina e preparo físico e psicológico, o militar finalizou um dos cursos mais exigentes entre as polícias militares do Brasil. A capacitação contou com instruções nos estados de Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Ao todo, 46 candidatos iniciaram a formação, porém apenas 16 concluíram o curso, conquistando o título de “caveira”.
O cabo Geovani Silva, atualmente lotado no 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM), concluiu o Curso de Operações de Choque da Força Nacional, realizado em Brasília. A formação reuniu profissionais de diversas unidades da federação, tornando a jornada ainda mais desafiadora. Foram 60 dias de treinamento intensivo, totalizando 460 horas-aula. Dos 34 candidatos que iniciaram o curso, apenas 18 alcançaram a conclusão, recebendo o título de “choqueanos”.
Já o cabo Corrêa, integrante do Grupamento de Intervenção Rápida e Ostensiva (Giro) da PMAC, concluiu o curso de Rocam no estado do Paraná. Reconhecida nacionalmente, a capacitação prepara policiais para o motopatrulhamento tático em ocorrências de alta periculosidade, com foco em agilidade, técnica e eficiência. Após mais de 60 dias de formação, o militar acreano conquistou o direito de ostentar o brevê da especialização.








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