Liminar da justiça garante laqueadura a mulher que teve 10 filhos, a cirurgia foi feita no Hospital de Brasileia.

Sheila Clementino, com a mãe Valdelina Rocha no hospital, antes da criurgia — Foto: Arquivo pessoal

Por Alcinete Gadelha

Mãe de 10 filhos e com problemas mentais, Valdelina Rocha, de 39 anos, conseguiu fazer a laqueadura, no dia 13 de novembro, após uma decisão liminar da vara única do Tribunal de Justiça de Epitaciolândia, no interior do Acre. A cirurgia foi feita no Hospital de Brasileia.

Quem correu atrás para conseguir que a mãe fizesse o procedimento, foi a filha dela, Sheila Clementino, de 20 anos, que inclusive não foi criada pela mãe, devido às dificuldades que enfrentou ao longo da vida, mas, ao se reaproximar da mãe, fez questão de ajudar.

Sheila contou que devido os problemas que enfrenta, a mãe nunca tinha dado entrada no pedido no SUS, mas, quando viu a mãe grávida mais uma vez e sem ter muito o que fazer, fez uma postagem em uma rede social, onde pedia ajuda para construir uma casa para a mãe e também pela laqueadura. A história acabou chegando até a juíza da comarca que pegou o caso e expediu a liminar para que a cirurgia fosse feita.

“Há uns anos me aproximei para conhecer ela e a história dela. Vi que foi tendo filhos e quando cheguei aqui disse: Isso tem que acabar. Procurei qual órgão podia ver a situação dela. Vi que era o Ministério Público, mas, não pude ir lá por causa da pandemia. Não conseguia entrar no site, foi quando decidi postar na internet e pedi ajuda para construir a casa dela e pela laqueadura”, contou.

Sheila disse que a mãe chegou ao Acre ainda adolescente e casou com pai de Sheila. Ele enfrentou problemas com drogas o que, segunda ela, originou o problema mental da mãe devido às agressões físicas que sofria. Ela contou que aos 20 anos a mãe já tinha cinco filhos e foi assim ao longo dos anos, depois ela se separou do marido e teve mais filhos.

“Graças a Deus que o estado apoiou, o MP, Capes e até mesmo do hospital. Pensei que ia demorar muito essa laqueadura dela porque não teve o bebê cesárea. Ela chegou dia 11 de novembro para ganhar e, no outro dia, liguei para a advogada preocupada com o que iria acontecer. Mas, com essa situação ia ser só com 45 dias, liguei para a advogada que fez o possível e, graças a Deus, conseguimos fazer a laqueadura. Fiquei muito feliz”, contou.

A advogada Elizangela Schwalbe foi nomeada como dativa da mulher, e disse que a decisão só saiu horas depois do nascimento do bebê, mas, devido uma lei garante que o procedimento seja feito até 24 horas depois, o procedimento foi feito.

“Como ela não tem nenhuma ação de interdição e aqui muitos conhecem a história dela, das crianças que foram abrigadas, a juíza da comarca se sensibilizou e entrei com a ação de obrigação de fazer contra o estado para que pudesse resolver. E, a cirurgia só aconteceu naquele dia porque movemos mundos e fundos. A criança nasceu antes da hora e o hospital não tinha sido citado ainda”, contou.

Sheila disse que o objetivo é de conseguir terminar a construção da casa da mãe e dar apoio para que ela consiga criar o bebê recém-nascido. Ela contou que Valdelina está sendo acompanhada pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade e acredita que a mãe vai conseguir. A jovem conseguiu a laqueadura da mãe e casa nova, agora, ela tenta mobiliar, e pagar o carpinteiro pela obra.

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Publicado por
G1 Acre