O time formado por filhos de seringueiros das comunidades Rubicon, Santos Antônio, Piapora, Filipina, Canider, Porongaba e São Sebastião viajou até Cobija, capital do departamento de Pando. Foto: cedida
Em uma fusão entre herança extrativista e paixão pelo futebol, jovens de sete comunidades da Reserva Chico Mendes escreveram uma página histórica ao vencer seu primeiro jogo (Amador) internacional em terras bolivianas. Nesta segunda-feira (3), o time formado por filhos de seringueiros das comunidades Rubicon, Santos Antônio, Piapora, Filipina, Canider, Porongaba e São Sebastião viajou até Cobija, capital do departamento de Pando – cidade vizinha a Brasiléia e Epitaciolândia, no Acre – para enfrentar um combinado local no estádio da Universidade Amazônia de Pando (UAP).
A vitória por 3×2 sobre a equipe Mega Cobija coroou a ousadia desses jovens que, habituados aos desafios da floresta e ao manejo sustentável da borracha e castanha, transpuseram fronteiras com apoio do boleiro Nokin para mostrar que o talento com a bola é mais uma herança natural das comunidades extrativistas do Acre.
Longe de seus seringais e da lida diária com a borracha e a castanha e seus derivados, os jovens da reserva extrativista Chico Mendes (Resex) não se intimidaram com o gramado desconhecido e conquistaram uma vitória histórica. O resultado coroou a ousadia do grupo que, mantendo vivo o legado de Chico Mendes, mostrou que o talento com a bola é mais uma herança natural desses jovens que já dominam como ninguém a arte do extrativismo sustentável na Amazônia.
Jovens de 7 comunidades da Resex Chico Mendes vencem 1º jogo internacional na cidade de Cobija, capital do Departamento de pando, na Bolívia. Foto: cedida
A Reserva Extrativista Chico Mendes é uma unidade de conservação federal do Brasil categorizada como reserva extrativista e criada por Decreto Presidencial em 12 de março de 1990 numa área de 970.570 hectares no estado do Acre. É administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
As atividades produtivas geradas e desenvolvidas nas Reservas Extrativistas, considerando o perfil, estão intrinsecamente focadas para uma economia voltada à sustentabilidade da população tradicional ali residente, que, se bem organizada e trabalhada de forma coletiva, tem um cardápio de várias possibilidades que a floresta oferece: sementes florestais, óleos de copaíba e andiroba, manejo florestal comunitário, produção de mel a partir de abelhas nativas, látex e castanha, entre outros produtos advindos da floresta. As atividades exercidas pelas famílias, além do extrativismo, são: agricultura de subsistência; criação de pequenos e grandes animais; e sistemas agroflorestais.
Time formado por filhos de seringueiros do Rubicon, Piapora e outras comunidades bate combinado pandino por 3×2 em Cobija; aventura em gramado boliviano coroa tradição acreana com a bola. Foto: cedida
O Manejo Florestal Comunitário é uma realidade na unidade. A atividade é permitida, sendo necessário que a proposta seja apresentada a partir dos beneficiários da Unidade de Conservação, através da Associação Concessionária, de acordo com a IN 16/2011 das Diretrizes do Manejo Florestal Comunitário.
Dentro das aptidões produtivas apresentadas, surge o Cacau Nativo. Com o apoio do Arpa realiza-se o inventário desta espécie para identificar e quantificar a ocorrência de Cacau Nativo no interior da unidade, com o objetivo de estabelecer mais um produto da cesta extrativista, fomentando os produtos da sociobiodiversidade.
Os filhos de seringueiros das comunidades da Resex foram recebidos no Monumental Estádio da Universidade Amazônia de Pando (UAP). Foto: cedida