Imigrantes retornam para a Ponte da Integração após confronto com autoridades peruanas

O movimento migratório que reúne hoje mais de 400 pessoas – a maioria haitianos – na fronteira do município de Assis Brasil com o Peru, atingiu um momento de grande tensão nesta terça-feira, 16, quando o grupo entrou em conflito com a polícia peruana, forçando a travessia proibida pelo governo do país vizinho.

Mesmo tendo conseguido atravessar para a cidade de Inãpari, as autoridades peruanas impediram a continuação do grupo pelo país devido, principalmente, ao avanço da pandemia de Covid-19. Assim, eles foram reunidos e obrigados a voltar para a Ponte da Integração, onde o acampamento foi retomado.

Imigrantes retomaram o acampamento na Ponte da Integração Foto: Samuel Bryan.

A Prefeitura de Assis Brasil cedeu um abrigo na cidade e pediu para que os estrangeiros deixassem a ponte, mas o grupo decidiu enviar apenas mulheres e crianças. Segundo representantes dos grupos, os homens resolveram ficar na ponte como uma forma de pressionar o governo peruano pela abertura.

O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correa, decretou estado de calamidade pública ainda nesta segunda-feira, 15,  e segue nas tratativas para que o governo federal intervenha na situação. Segundo ele, o município não tem condições de continuar arcando com abrigo e alimentação dos estrangeiros por mais tempo. Autoridades acreditam que só nos últimos dois dias, mais 80 estrangeiros tenham se juntado ao grupo.

Prefeitura de Assis Brasil cedeu um abrigo na cidade e pediu para que os estrangeiros deixassem a ponte, mas o grupo decidiu enviar apenas mulheres e crianças Foto: Samuel Bryan.

Para a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), o maior perigo é a disseminação da pandemia de Covid-19. Nesta terça-feira, 16, foi registrado na Unidade Mista de Assis Brasil a primeira imigrante contaminada pelo coronavírus. Já bastante debilitada pela doença, com o esforço da equipe, ela conseguiu ser transferida para a unidade de referência em Brasileia, onde foi intubada.

Outros imigrantes têm procurado atendimento na unidade que já está sobrecarregada com as demandas do município, que hoje possui o maior nível de contaminação por Covid-19 no Acre, proporcionalmente, além do crescimento dos casos de Dengue e o risco de alagação. A Vigilância Sanitária estadual já deixou um plano de contingência no município para o caso de enchente.

O governador Gladson Cameli, em parceria com a bancada federal do Acre, segue nas tratativas com a União, por meio do Ministério das Relações Exteriores, para que uma solução para a crise possa ser tomada.

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Publicado por
Agência Acre