Haitianos deixam o Acre em aviões fretados pelo governo

Com BR fechada, estimativa é que 1,5 mil sejam levados de avião a RO.
Em Brasiléia, ao menos 2,5 mil imigrantes esperam para sair do estado.

G1

Haitianos comemoram na fila de embarque no aeroporto de Rio Branco (Foto: Yuri Marcel/G1)

Impedidos de sair do Acre por via terrestre, com a BR-364 bloqueada em função da cheia do Rio Madeira, imigrantes haitianos começam a deixar o estado em aviões fretados pelo  governo. As aeronaves que chegam ao aeroporto de Rio Branco carregadas de mantimentos estão sendo utilizadas para levá-los até a cidade de Porto Velho (RO). A expectativa é que 120 haitianos sejam levados em voos diariamente.

A medida é uma forma de diminuir a quantidade de imigrantes abrigados na pequena cidade de Brasiléia (AC), distante cerca de 220 km de Rio Branco.  Até esta terça-feira (1) mais de 2,5 mil imigrantes ocupavam o abrigo público montado no município de pouco mais de 22 mil habitantes.

Marcela Rocha, assistente social da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), explica que uma equipe em Brasiléia faz a seleção dos imigrantes que farão a viagem.  Quando chegam em Porto Velho, uma outra equipe recebe os haitianos e os encaminha para os ônibus que os levarão para São Paulo. “De São Paulo eles escolhem o destino”, diz.

O primeiro voo com haitianos saiu na manhã desta terça com 46 passageiros, o segundo com 44 e o último, previsto para o início da noite, também levará 44 imigrantes.

Louisson Charles vai para Curitiba
(Foto: Yuri Marcel/G1)

Após uma espera de três meses, o pedreiro Louisson Charles, de 41 anos, diz que a notícia do voo gratuito foi recebida com muita comemoração pelo grupo de imigrantes. “Foi uma alegria completa. Nosso povo ficou muito contente porque já estávamos esperando há muito tempo. Haviam muitas brigas e alguns não tinham mais dinheiro. A notícia foi uma maravilha”, destaca.

O pedreiro sai do Acre com destino a Curitiba (PR) e diz que pretende conseguir dinheiro para ajudar a família que ficou em Porto Príncipe, no Haiti. “Espero encontrar qualquer trabalho para ajudar minha família. Em Porto Príncipe a situação está um pouco difícil e eu vim buscar a comida para os meus filhos”, desabafa.

Em situação semelhante está o imigrante Samuel Denis, de 27 anos. No Acre há dois meses e meio, ele diz que enfrentou problemas como a falta de alimentação e a superlotação no abrigo. “Agora o governo do Brasil deu uma chance para chegarmos em outras cidades. Queremos agradecer a Deus por isso”, ressalta.

Samuel Denis diz que pretende conseguir emprego na construção civil (Foto: Yuri Marcel/G1)

Denis pretende também encontrar qualquer trabalho na construção civil em Curitiba, para onde segue viagem a partir de agora. A família, que ficou em Porto Príncipe, aguarda o dinheiro que o imigrante pretende ganhar no Brasil.

Governo quer ‘diminuir drama’
De acordo com o governador do Acre, Tião Viana, o governo pretende amenizar o drama vivido pelos imigrantes. “Nossa meta é transferir em torno de 120 haitianos por dia para diminuir esse drama deles e da população local. O município de Brasiléia é muito pequeno e não está preparado para receber essa demanda tão grande de pessoas”, diz.

Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, o governo tem um projeto de embarcar pelo menos 1,5 mil imigrantes. “Nesta terça-feira mais três grupos de 40 imigrantes devem sair do estado. Essa medida foi tomada para diminuir o números daqueles que estão retidos em Brasiléia sem ter como sair devido a cheia do em Rondônia”, explica.

Mourão diz que o governo vai continuar usando essa estratégia até a situação da estrada se normalizar. “Todos esses que estão saindo do Acre já conseguiram retirar os documentos e não saíram ainda, porque a estrada está interditada. Quando os aviões chegam aqui as cadeiras são recolocadas e eles seguem viagem aos seus destinos”, explica.

 

 

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Publicado por
Alexandre Lima