Governador do AC faz reunião para debater violência: ‘tenho que ter o bom senso, mas tudo tem limite’

Encontro ocorre neste domingo (9), na Biblioteca Pública do Acre, no Centro de Rio Branco. Propostas devem ser apresentadas em Brasília.

Encontro ocorre neste domingo (9) para debater medidas contra a criminalidade no Acre — Foto: Lidson Almeida/Rede Amazônica Acre

Por Aline Nascimento, G1 AC

O governador do Acre, Gladson Cameli, se reuniu a portas fechadas com a cúpula de Segurança Pública do estado, representantes do Ministério Público (MP-AC), órgãos federais, prefeituras municipais, secretarias, Exército Brasileiro, Ministério da Justiça e Assembleia Legislativa (Aleac) para debater estratégias contra a crescente violência no Acre.

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A onda de violência voltou a assustar a população acreana no início de 2020. Esquartejamentos, execuções, chacina e duas fugas no maior presídio do Acre. Esse foi o cenário dos primeiros dias do ano no estado. A motivação, na maioria dos homicídios, é a guerra de facções por domínio de território.

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No mês de janeiro, o estado registrou 47 mortes violentas. Já em fevereiro, até este domingo (9), seis pessoas foram mortas de forma violenta nas cidades do Acre. Além disso, uma ossada humana foi encontrada pela Polícia Civil na cidade de Senador Guiomard, no interior.

“Estou pedindo a atenção da sociedade de um modo geral para que possamos juntos vencer esse mal, para a gente vencer uma situação que atormenta as famílias. Não vou expressar e externar para sociedade uma imagem que não existe. Estou tomando as providências, estou procurando ajuda e peço ajuda da imprensa, parlamentares, Judiciário, Executivo e o que não dá é para ficar nessa conversa”, complementou Cameli.

A reunião ocorre neste domingo (9) na Filmoteca Acreana, anexo a Biblioteca Pública do Acre, no Centro de Rio Branco.

Encontro

No encontro, do projeto intitulado Acre pela Vida, vão ser ouvidos representantes de todos os órgãos com soluções para reduzir a violência no estado. Na segunda-feira (10), o governo viaja para Brasília, logo após dar início ao ano levito no estado acreano, com as propostas para o gabinete de situação montado, exclusivamente, na capital federal para tratar a violência no Acre.

“O Acre não pode e nem deve chegar ao ponto que chegou o Rio de Janeiro. Bandido tem que ser tratado como bandido e a pessoa de bem tem o direito de ir e vir. Nossos policiais não podem ser punidos por cumprir seu dever. Não podem ter medo de agir com medo das nossas leis. Não vou esperar o Congresso Nacional acordar para mudar nossas leis, principalmente com nosso Código Penal que precisa de atualização”, frisou.

Gladson Cameli viaja na segunda-feira (10) com as medidas debatidas durante o encontro neste domingo (9) — Foto: Alexandre Lima

Cameli relembrou que a violência tem assustado constantemente as famílias e até tirado os moradores de suas casas. Ele revelou que vai organizar um projeto com as igrejas para que também ajudem a combater a violência com ações sociais.

“As famílias estão com medo mesmo, perguntam: ‘governador o que o senhor está esperando?’ Não posso criar o terror, tenho que ter o bom senso, mas tudo tem limite. As polícias vão ter toda segurança jurídica, foi o que falei para eles. Não podemos ficar calados e braços cruzados para os problemas que estão aí”, ressaltou.

O governo garantiu também que já tem mais de 260 policiais disponíveis para atuar nas ruas. Os policiais estavam cedidos para alguns órgãos do estado.

“Tudo é possível e tem que se fazer. Como podem ajudar? É me devolvendo os policiais, me dar a segurança jurídica necessária para os policiais. Disse que ia chamar, mas ainda não tinha chamado e nem tomado uma medida dura como vou tomar. É chamar todos da área da segurança, fizeram um juramento, estão recebendo e são mais de 260 nas ruas para trabalhar”, diz.

Apoio

O presidente da Aleac, deputado Nicolau Júnior, também esteve presente na reunião e falou sobre o apoio que a assembleia tem dado ao governo na luta contra a violência. Ele relembrou que, nos primeiros dias de trabalho, debateu o crescimento da criminalidades no estado.

Para ele, a reunião marcada pelo governador representa um sinal de preocupação também do gestor.

“Não é fácil, é uma luta muito complicada, mas tenho certeza que o governo do estado se uniu com os poderes e o governo federal, que vai dar apoio também, porque nosso estado é de fronteira. Hoje o que aterroriza e amedronta todos nós é esse clima, é a insegurança que temos na cidade. No encontro vamos ter a oportunidade dar sugestões e ver o que demande dos parlamentares e podemos ajudar o governo a melhorar a situação”, garantiu.

Colaborou Lidson Almeida, da Rede Amazônica Acre.

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Publicado por
G1 Acre