Tipos
O tipo 1 do diabetes, que acomete principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens, faz com que o sistema imunológico do corpo ataque e destrua as células que produzem insulina. Por isso, pessoas com diabetes tipo 1 necessitam de aplicação diária de insulina.
Já o tipo 2, o mais frequente entre a população, geralmente ocorre na fase adulta. Esse tipo inter-relaciona a deficiência na produção de insulina com a resistência à ação do hormônio no organismo.
“O diabetes tipo um depende de insulina externa para manter a vida. Se não receber insulina, morre. O diabetes tipo 2 tem uma influência genética muito importante. São muitos genes envolvidos que a gente até hoje não conseguiu identificar”, explica o endocrinologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), Laércio Joel Franco.
“O tipo 2 está muito ligado ao excesso de peso. É o tipo que mais vem crescendo nos últimos anos, muito também por conta do sedentarismo, alimentação não saudável. Tudo isso colabora”, completa.
Existe ainda a situação chamada de pré-diabetes, que ocorre quando as taxas de açúcar de uma pessoa estão acima do normal, mas ainda não atingiram os níveis que caracterizam a doença. Essa situação pode ser assintomática, o que ressalta a importância de exames periódicos para medir a glicemia.
“Para reverter essa situação de pré-diabetes, a pessoa deve novamente buscar modificações no estilo de vida. Do controle das emoções à prática de atividade física, mas, sobretudo, privilegiar consumo de frutas, legumes, vegetais, e evitar consumo de gorduras saturadas e produtos industrializados”, orienta a endocrinologista Liziane Leite.
Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes é um dos fatores de risco para o coronavírus. A resposta imunológica de pessoas diabéticas aos quadros infecciosos tem limitações. A doença em si não aumenta a possibilidade de infecção pelo vírus, mas pode acarretar no desenvolvimento de complicações.
“Todas as infecções, como vírus, bactérias, fungos, são risco, principalmente, se o diabetes não estiver bem controlado. O tempo de pandemia é um alerta para que pessoas diabéticas mantenham o controle do diabetes. Se estiver bem controlado, o risco diminui”, esclarece o professor Laércio Joel Franco.
Outra complicação do diabetes está relacionada ao coração. A glicose elevada acelera o endurecimento das artérias e danifica os vasos, podendo levar a doenças cardiovasculares. A dona de casa Bernadete Jesus, de 71 anos, descobriu que era diabética do tipo 2 há mais de duas décadas. Em 2014, ela precisou ser levada às pressas para o hospital.
“Meu coração parou de funcionar. Isso vai muito do psicológico. Estava passando por uma fase difícil na família. Fiquei cinco dias internada. O diabetes estava muito alto. Estava tomando um diurético que eliminou todo o potássio do organismo. Para mim, era o fim do mundo ser diabética. Eu era uma pessoa saudável”, lembra dona Bernadete.
No Brasil, a Lei nº 11.347/06 estabelece que os portadores de diabetes recebam, gratuitamente, os medicamentos para o tratamento de sua condição por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), como materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar (teste feito com auxílio de um aparelho que realiza a análise de uma pequena gota de sangue retirada da ponta do dedo).
No ano passado, uma lei sancionada pelo governo federal determinou uma nova Política Nacional de Prevenção do Diabetes. A norma prevê a realização de campanhas de divulgação e conscientização sobre a importância e a necessidade de medir regularmente e controlar os níveis glicêmicos.
“O tratamento do diabetes no sistema público melhorou muito nas últimas décadas. Sem dúvida, ainda existe alguma limitação. Por exemplo, equipe multiprofissional não é encontrada com muita frequência. O acesso à medicação básica tem sido coberto. Às vezes ocorre falha no fornecimento, atraso. De modo geral os medicamentos básicos são disponíveis. Pode melhorar, mas satisfaz as necessidades”, avalia o endocrinologista e professor da FMRP-USP, Laércio Joel Franco.