Brasil
Falta de base de dados é desafio para automatizar pesquisas ambientais
Uma equipe de pesquisadores de diversas universidades brasileiras deu início a um inventário da Floresta Amazônica, com o levantamento de informações que vão desde sequenciamento de DNA, a fotos e sons de espécies vegetais e animais.
A base de dados dará subsídios para a automatização do reconhecimento de espécies por uma inteligência artificial utilizada pela equipe Brazilian Team na competição XPrize Florestas Tropicais.
Formado majoritariamente por brasileiros, o grupo se estruturou em 2019 pela necessidade de reunir diferentes expertises em busca das melhores contribuições para disputar a competição global de mapeamento de florestas tropicais.
“Começamos com um grupo pequeno e aos pouquinhos fomos acrescentando pessoas. Por exemplo, eu como botânico não conhecia ninguém da área de robótica, então fui atrás para achar um dos maiores especialistas de robótica e cheguei ao Marco Terra. Assim foi também para a parte de bioacústica, de DNA e tudo mais”, relembra o coordenador do grupo Vinícius Souza, que é botânico e professor na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).
Juntos, os integrantes da equipe passaram a se dedicar às soluções tecnológicas que permitiriam avançar na disputa. Chegaram a uma combinação de sensores, podadores e armadilhas adaptados a drones e um robô terrestre, capazes de coletar DNA ambiental e atuar em rede para envio das informações a uma inteligência artificial que identifica as espécies.
A equipe desenvolveu também um protocolo que envolve abordagem modular para identificar sons, além de laboratórios de mochila para análise de DNA ambiental em qualquer local.
Apesar de toda a tecnologia agrupada e adaptada para acessar lugares remotos nas florestas e captar a maior quantidade possível de amostras científicas, o grupo identificou que havia uma lacuna a ser preenchida para identificar e validar as espécies: a base de dados.
Apesar de haver amostras e listas de espécies amazônicas em coleções científicas, o material não era completo o suficiente para ensinar uma inteligência artificial a fazer a identificação instantânea.
“Várias espécies aqui da Amazônia não são descritas pela ciência e as que já são descritas, a gente não tem muitas informações, então, não tem sequência de DNA, às vezes não tem boas imagens, às vezes não tem o som gravado”, explica Carla Lopes, bióloga molecular e professora da Esalq-USP.
Um dos exemplos citados pela equipe são os insetos da Amazônia. Acredita-se que apenas 10% das espécies locais são registradas pela ciência.
“Por volta de 90% das espécies de insetos que existem aqui na Amazônia ainda não foram catalogadas, não foram descritas, não tem um nome científico. A ciência ainda não conhece, mas pode ser que a população local, a comunidade local conheça”, reforça Simone Dena, bióloga especialista em bioacústica e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Inventário
A solução proposta para este problema foi iniciar um inventário de espécies amazônicas e hospedá-lo, inicialmente, em coleções científicas ou em bancos de dados de ciência-cidadã, até o fim da competição. Segundo os pesquisadores, a ideia é que isso venha a ser disponibilizado em uma plataforma pública.
“A comunidade local às vezes conhece o que a ciência desconhece. O protocolo que a gente monta cria um potencial para essa comunidade local registrar digitalmente aquela espécie que é conhecida já há milhares de anos”, explica o professor Paulo Guilherme Molin, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), especialista em sensoriamento remoto.
Até as semifinais, o Braziliam Team levantou 50 mil imagens de espécies amazônicas, 16 mil sons e sequenciou o DNA de 624 árvores, 384 insetos e 117 peixes, que foram classificados e inseridos na base de dados que alimenta a inteligência artificial utilizada na última prova aplicada às seis equipes finalistas.
O teste consistia em explorar 100 hectares de Floresta Amazônica, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro (AM), e coletar material por 24 horas, para serem processados em até 48 horas.
Painel
Diferentemente do grupo brasileiro, a também finalista norte-americana Map of Life, formada por representantes de uma iniciativa global, já existia antes da competição. O grupo surgiu em 2012, a partir da união de pesquisadores das universidades de Yale e do Colorado, com o objetivo de criar um painel online para reunir o maior levantamento mundial sobre a distribuição de espécies vivas no planeta e suas mudanças.
Ao longo dos anos, a ferramenta evoluiu para integrar todos os tipos de dados, modelos de detecção remota e Inteligência Artificial. Com o concurso, o grupo de pesquisadores buscou aprimorar a análise rápida dos dados, em outra frente, relacionando de forma refinada as informações disponíveis em escala local, com as previsões projetadas por instituições globais.
Com uma ampla base de dados mundial, que reúne informações de mais de 15 mil espécies no Caribe e América do Sul, 4,5 mil espécies nos Estados Unidos e Canadá e outras mais de 6,1 mil espécies no Sudeste Asiático, o grupo também enfrenta a escassez de informações científicas a respeito da Amazônia brasileira.
Ao longo do concurso, a equipe também precisou pesquisar a biodiversidade da maior floresta tropical do mundo e conseguiu identificar 598 espécies de vertebrados, dos quais 218 foram documentados pela equipe; mais de 500 espécies de aves amazônicas e centenas de espécies de vegetação, das quais mais do 80 são samambaias endêmicas na Amazônia.
Mudanças Climáticas
Em termos tecnológicos, os pesquisadores utilizam drones equipados com captura de imagens de alta resolução e sensores acústicos que transmitem as informações para a base de dados, onde os cientistas refinam e publicam as espécies identificadas no painel online.
Atualmente, o foco principal das pesquisas é nas mudanças ocorridas em espécies de plantas, vertebrados terrestres e em alguns grupos de insetos, motivadas pelo aumento da temperatura global. Segundo o coordenador do grupo e professor na Universidade de Yale, Walter Jetz, o principal objetivo é avaliar o processo de perda da biodiversidade de acordo com os parâmetros da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) estabelecida pela Organização das Nações Unidas desde a Eco 92, ocorrida no Rio de Janeiro.
Jetz conta que o trabalho realizado pela iniciativa foi responsável, inclusive, pelo ajuste nos percentuais de preservação dos biomas terrestres e marítimos para 30% no acordo global, em 2022.
“Trazer as espécies e a biodiversidade de volta aos índices previsto nesses acordos internacionais é uma das grandes contribuições que a Map of Life e as avaliações rápidas têm se empenhado e a competição é muito importante para avançarmos nos outros indicadores como índice das espécies no habitat, que possibilita a avaliação das mudanças, e ainda é uma lacuna do conhecimento”, explica.
Inovação
Para o concurso, os principais ajustes promovidos pela equipe foram o desenvolvimento de técnicas que possibilitam a análise do e-DNA (amostra ambiental com informações genômicas de diversas espécies) em locais remotos e a ampliação da capacidade de captação de dados em diferentes biomas, para atender especificidades da Floresta Amazônica.
Para os dois grupos de pesquisadores, o prêmio de US$5 milhões (mais de R$25 milhões) para o primeiro colocado poderá viabilizar um aprofundamento das pesquisas e, no caso da equipe brasileira, a construção de uma plataforma nacional para reunir essas informações.
De acordo com os integrantes do Brazilian Team, se vencerem, esses valores serão revertidos em investimentos a favor da ciência.
“Depois que a gente coletar esses dados precisamos armazenar em locais que de fato salvaguardem esses materiais tanto das imagens e informações das espécies, quanto DNA, ou sons. Então, a gente vai precisar de infraestrutura inclusive para manter esses acervos, para comprar, por exemplo, um servidor e fazer a manutenção de uma coleção científica que receberá esse material”, conclui Carla Lopes.
Fonte: EBC GERAL
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Quatro homens são condenados no AM por tráfico internacional de drogas
Os condenados faziam parte de um esquema criminoso responsável pelo transporte, armazenamento e ocultação de grandes carregamentos de entorpecentes vindos do Peru com destino a Manaus

Maconha apreendida no Amazonas que resultou em condenação por tráfico internacional de drogas. Foto: PMAM/Divulgação
Com Atual
Quatro homens foram condenados pela Justiça Federal em Tabatinga (AM) por tráfico internacional de drogas e posse ilegal de armas de fogo. O caso envolve a maior apreensão de entorpecentes registrada na região e uma das maiores do estado. A sentença foi favorável aos pedidos formulados pelo Ministério Público Federal na denúncia, com penas que ultrapassam 8 anos de reclusão, a serem cumpridas em regime fechado.
A condenação é resultado da operação policial realizada em julho de 2024 na Comunidade Vila Nova, zona rural de Tabatinga, quando foram apreendidos 3,7 toneladas de drogas, entre maconha do tipo skunk, pasta base e cloridrato de cocaína, além de armas de fogo e diversas munições.
Segundo o MPF, os condenados faziam parte de um esquema criminoso responsável pelo transporte, armazenamento e ocultação de grandes carregamentos de entorpecentes vindos do Peru com destino a Manaus (AM), configurando tráfico transnacional.
Na sentença, a Justiça Federal reconheceu que as provas apresentadas, incluindo depoimentos de testemunhas, laudos periciais e documentos apreendidos, demonstraram de forma inequívoca a responsabilidade dos réus.
O juiz aumentou a pena dos réus considerando: natureza transnacional do tráfico de drogas; a grande quantidade e diversidade dos entorpecentes apreendidos; a presença de armas de fogo, agravando o risco à ordem pública. Além das penas privativas de liberdade, os réus foram condenados ao pagamento de multas.
De acordo com o MPF, as circunstâncias da apreensão “demonstram não se tratar de traficantes eventuais, mas de parte de uma estrutura criminosa maior e mais organizada responsável pela internalização de vultosa quantidade de droga no Brasil, através desta tríplice fronteira” diz trecho das alegações assinada pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal.
Não há possibilidade de recurso e a sentença deve ser cumprida.
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Mailza chegou sem precisar gritar, humilhar ou esmagar
Por trás do sorriso doce e da fala tranquila, existe uma mulher implacável na defesa de seus ideais, blindada contra a ansiedade e imune às pressões

Mailza não pede licença para ser candidata. Ela é candidata. Porque o Acre reconhece nela a liderança de que precisa. Foto: cedida
A vice-governadora Mailza Assis está desenhando, com mãos firmes e coração aberto, o seu caminho para a reeleição em 2026. Em abril, o governador Gladson Cameli deixará o cargo para disputar uma vaga no Senado, e as pesquisas já apontam sua vitória com folga — levando junto quem ele apoiar. Essa força dele, hoje, também será decisiva para Mailza.
Mailza não é apenas a candidata oficial do governo. Ela é o símbolo de uma nova política no Acre — uma política que combina firmeza com gentileza, estratégia com empatia, coragem com serenidade. A orientação de Gladson é cristalina: quem quiser estar com o governo, estará com Mailza. Quem hesitar, estará fora desse projeto.
No comando do Estado, Mailza terá em suas mãos a potência da máquina pública. Mas, seu maior trunfo não está nos cargos ou na estrutura: está na sua liderança natural, na capacidade de inspirar confiança sem levantar a voz, na força que brota do seu jeito firme e ao mesmo tempo acolhedor.
Por trás do sorriso doce e da fala tranquila, existe uma mulher implacável na defesa de seus ideais, blindada contra a ansiedade e imune às pressões.
Para muitos, ainda é difícil aceitar o que já se tornou evidente: Mailza rompeu a barreira das dúvidas e provou seu valor. Ela não apenas decolou — ela já está em pleno voo.
E o mais poderoso: ela chegou até aqui sem precisar gritar, sem humilhar, sem esmagar. Venceu pela postura, pelo exemplo, pela inteligência emocional e pela capacidade rara de unir pessoas em torno de um propósito maior.

A orientação de Gladson é cristalina: quem quiser estar com o governo, estará com Mailza. Quem hesitar, estará fora desse projeto. Foto: cedida
Os desafios seguirão surgindo — porque a grandeza sempre incomoda. Mas, Mailza sabe que sua força está exatamente em não se desviar do seu caminho, mesmo quando tentam reescrever as regras.
Mailza não pede licença para ser candidata. Ela é candidata. Porque o Acre reconhece nela a liderança de que precisa.
Agora, seu desafio é maior e mais bonito: apresentar um projeto de governo ousado, transformador, capaz de tocar fundo a alma dos acreanos — mostrando que o futuro se constrói com sensibilidade, coragem e visão.
* Luiz Calixto é o atual secretário de Governo
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Ministério da Saúde envia para Cruzeiro do Sul novo remédio que reduz tratamento da malária de 7 para 3 dias
Cruzeiro do Sul, responsável por 60% dos casos de malária no estado do Acre, deve se beneficiar diretamente dessa inovação. A tafenoquina age eliminando as formas latentes do parasita Plasmodium vivax no fígado

A redução do tempo de tratamento facilita o acompanhamento, com supervisão no primeiro dia e administração dos demais dias em casa ou sob supervisão. Foto: cedida
O Ministério da Saúde anunciou o envio da tafenoquina, um novo medicamento que integra o tratamento da malária e reduz o período terapêutico de sete para apenas três dias. O objetivo é aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento, já que muitos interrompiam a medicação antes do fim ao apresentarem melhora dos sintomas.
A técnica do Ministério da Saúde, que visitou a UPA de Cruzeiro do Sul e o Hospital Regional do Vale do Juruá, destacou que a tafenoquina já passou por todos os testes e possui aprovação da Anvisa, sendo segura e sem registros de reações adversas significativas até o momento.
Cruzeiro do Sul, responsável por 60% dos casos de malária no estado do Acre, deve se beneficiar diretamente dessa inovação. A tafenoquina age eliminando as formas latentes do parasita Plasmodium vivax no fígado, evitando recaídas comuns com o tratamento convencional. Além disso, a redução do tempo de tratamento facilita o acompanhamento, com supervisão no primeiro dia e administração dos demais dias em casa ou sob supervisão.
Esse avanço representa um passo importante para a meta de eliminação da malária no Brasil até 2035, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e traz esperanças para o combate a essa doença que historicamente afeta o Vale do Juruá.
“Estamos diante de um avanço histórico no combate à malária no Brasil”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, durante cerimônia de entrega dos medicamentos.
A previsão é que até o final do ano todos os municípios da Amazônia Legal recebam o novo tratamento. Populares que apresentarem sintomas como febre alta, calafrios e dor de cabeça devem procurar imediatamente as unidades de saúde.
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