O ex-vice-ministro foi preso em flagrante enquanto estava nas instalações da britagem, próximo ao local onde a droga era produzida. Foto: captada
Luis Felipe Ladislao Cáceres García (63), ex-vice-ministro da Defesa Social e confidente próximo do ex-presidente Evo Morales por mais de 13 anos, foi preso nesta terça-feira (23) na região tropical de Cochabamba, após a descoberta de um laboratório de cristalização de cloridrato de cocaína em uma propriedade vinculada a ele.
A operação da Força Especial de Combate ao Narcotráfico (Felcn) ocorreu na madrugada no distrito de Esmeralda, município de Puerto Villarroel. Os agentes seguiram uma trilha escondida no mato que levava a um laboratório clandestino totalmente equipado, localizado próximo a uma empresa de agregados registrada em nome do ex-vice-ministro no governo de Evo Morales.
Cáceres, que ocupou cargo-chave no governo Morales por mais de uma década, está detido na cela da Umopar-Chimoré aguardando audiência de medidas cautelares. A prisão expõe supostos vínculos entre altos funcionários do governo e o narcotráfico na principal região cocalera da Bolívia.
O caso revela a sofisticação das operações narcotraficantes com supostas conexões governamentais na principal região produtora de coca da Bolívia. Foto: captada
O laboratório de cristalização de cocaína ligado ao ex-vice-ministro Luis Felipe Cáceres possuía estrutura industrial completa, com áreas especializadas para diluição, peneiramento, filtragem, destilação, secagem e prensagem da droga. A fábrica clandestina, localizada a 500 metros da empresa de britagem de propriedade do ex-autoridade, tinha capacidade para pelo menos dez pessoas trabalhando simultaneamente.
De acordo com o relatório da Força Especial de Combate ao Narcotráfico (Felcn), os agentes encontraram e incineraram grandes quantidades de insumos: 2.000 litros de acetato, 200 litros de gasolina, 50 quilos de carvão ativado, 50 quilos de bissulfito, 40 litros de ácido e 50 quilos de permanganato.
A polícia confirmou que a propriedade pertence à mesma área onde funciona a empresa de agregados de Cáceres, que servia de fachada para o laboratório. O ex-vice-ministro foi preso em flagrante enquanto estava nas instalações da britagem, próximo ao local onde a droga era produzida.
Testemunhas disseram que a empresa de extração de agregados era usada para camuflar as atividades ilegais. O caso revela a sofisticação das operações narcotraficantes com supostas conexões governamentais na principal região produtora de coca da Bolívia.
Laboratório de cocaína de ex-vice-ministro boliviano tinha capacidade industrial e área completa para produção da droga. Foto: captada
Ex-chefes da Força Especial de Combate ao Narcotráfico (Felcn) declararam ao jornal El Deber que Cáceres proibia operações na área sem sua autorização prévia.
“A maioria era rejeitada; só aceitava algumas intervenções em áreas que ele autorizava”, relatou uma fonte policial.
A prisão ocorre dois dias após a captura de Elba Terán Gonzales, irmã da ex-líder cocaleira Margarita Terán e próxima de Morales, com 10 quilos de cocaína em Villa Tunari. Foto: captada
A prisão ocorre dois dias após a captura de Elba Terán Gonzales, irmã da ex-líder cocaleira Margarita Terán e próxima de Morales, com 10 quilos de cocaína em Villa Tunari. O procurador-geral Roger Mariaca confirmou que as operações continuarão na região.
O Procurador-Geral do Estado, Roger Mariaca, confirmou a prisão e garantiu que as operações continuarão nos trópicos de Cochabamba para capturar todos os envolvidos.
Cáceres, que liderou a estratégia de combate ao narcotráfico entre 2006 e 2019, acumulou uma fortuna declarada de mais de US$ 9 milhões de dólares durante o período em que esteve no governo de Evo Morales (MAS). Ironia do destino: o ex-vice-ministro era conhecido por proibir operações de combate às drogas na região dos trópicos de Cochabamba sem sua autorização prévia.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público, que já indiciou o ex-aliado de Morales pelo crime de tráfico de substâncias controladas. A audiência preliminar está marcada para as próximas horas desta quarta-feira (24). A prisão expõe as contradições do ex-autoridade que, enquanto chefiava o combate ao narcotráfico, supostamente restringia as operações policiais justamente na principal região produtora de coca do país.
A operação representa um duro golpe contra as estruturas de poder ligadas ao tráfico de drogas no trópico de Cochabamba, área historicamente dominada por grupos narcotraficantes.
O Procurador-Geral do Estado, Roger Mariaca, confirmou a prisão de Luis Felipe Ladislao Cáceres García e garantiu que as operações continuarão nos trópicos de Cochabamba. Foto: captada