Brasil
Ex-vereador assina lista de presença no PSOL sete anos após seu falecimento
Denúncias apontam para irregularidades com mais de R$ 500 mil do Fundo Partidário, mas direção local afirma que contas foram aprovadas
Por TIÃO MAIA
O ex-vereador Edvaldo Guedes, um paraibano de nascimento e que viveu em Rio Branco até março de 2010, quando faleceu de causas naturais, esteve presente e até assinou a ata e a lista de presença de uma plenária do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) em 19 de agosto de 2017 – sete anos depois de seu falecimento, quando a agremiação partidária, assim como as demais siglas legalizadas no país, se preparavam para disputar as eleições de 2018. Naquele ano o PSOL regional disputou às eleições na coligação Frente Popular do Acre (FPA), apoiando a candidatura de Marcus Alexandre ao Governo e à reeleição do então senador petista Jorge Viana, com o presidente regional do Partido, Jamyr Rosas, na condição de primeiro-suplente da chapa.
No caso de Edvaldo Guedes, que teria assinado documentos depois de morto e comparecido às plenárias partidárias, não seria o caso de nenhum fato sobrenatural ou de espiritismo. Se bem que em política não se deve duvidar de nada, mas é quase certo que velho político, eleito vereador em 1978 até 1982, jamais voltou da morte para se materializar na preparação para a disputa eleitoral de 2018. Sua assinatura nos documentos neste sentido e as informações de que, mesmo depois de morto, ele continuava a manter atividade política e partidária são apenas exemplos de diversas irregularidades envolvendo a direção regional do PSOL que estão sendo denunciadas à Polícia Federal e ao Ministério Público Eleitoral Federal (PMF), conforme documentos obtidos pela reportagem do ContilNet, sob o compromisso de sigilo da fonte.
A direção do PSOL no Acre, na pessoa do presidente Jamyr Rosas, no entanto, negou todas as acusações e disse que as contas do partido foram inclusive aprovadas pela Justiça Eleitoral. Em documento da Justiça Eleitoral, Jamir Rosas diz que as contas do PSOL foram aprovadas, porque “restaram sanadas as irregularidades apontadas no Parecer Preliminar, razão pela qual o MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL opina pela aprovação da presente prestação de contas, com fundamento no artigo 77, I, da Resolução”, diz uma certidão exibida pelo dirigente partidário.
As denúncias, no entanto, viraram inquérito em apuração tanto pela Polícia Federal como MPF,embora Jamyr Rosas tenha declarado que jamais fora intimado ou comunicado disso. “Eu ouvi falar disso mas nada de forma oficial”, afirmou o dirigente ao ContilNet
Irregularidades envolveriam falsificação de documentos e de assinaturas de filiados
De acordo com as denúncias, além a ressureição de mortos, as irregularidades incluem a participação de pessoas em eventos do partido sem que os filiados ou filiadas sequer soubessem disso – alguns, aliás, disseram que a época dos fatos estavam inclusive viajando e que mesmo assim suas assinaturas apareceram em documentos oficiais e enviados à Justiça Eleitoral como legítimos.
Foi o que ocorreu com Geane de Oliveira Quadros. Ela afirma que não pôde comparecer a nenhuma das três plenárias realizadas em Rio Branco, mas seu nome aparece assinando na lista de presença. Ela pede providências do diretório sobre pena de processo na justiça por dano moral e material, pelo uso indevido do seu nome. No mesmo caso está Nayra Peres da Conceição, cujo nome consta na lista de presentes mas ela também não estava nas plenárias do partido pela prosaica razão de que, na época, se encontrava viajando.
Maria Jose da Silva Freitas também teve seu nome assinado como delegada no congresso estadual, mas, segundo ela, no dia não pode comparecer por motivo de saúde, e diz que não sabe por quem seu nome foi assinado, e cobra responsabilidade por parte do partido. Mesmo caso de Viviane de Oliveira Damasceno. Seu nome consta da lista de presença mas ela não pode comparecer a nenhuma das plenárias de Rio Branco, e classificou como um absurdo alguém se passar por ela dentro do Partido.
A fraude nas assinaturas, de acordo com a denúncia, é tão latente que a pessoa que assinou os documentos com os nomes de pessoas que lá não compareceram não se preocupou nem mesmo em mudar de canetas ou de caligrafia. Nem mesmo no caso de Edvaldo Guedes.
Contratos fraudulentos esconderiam gastos de recursos públicos, diz autor das denúncias
Constatada o que parecia uma irregularidades das mais simples, uma comissão de filiados resolveu auditar as plenárias realizadas em 2017 e descobriu que as irregularidades iam muito além de falsificações de assinaturas. Eram manobras criminosas para que um grupo de dirigentes do partido pudessem se apropriar do Fundo Partidário destinado ao partido nas eleições de 2018, no valor de R$ 545 mil
“Diante dos fatos observamos manobras e ações por parte de outros membros do diretório, que consideramos abusivas e criminosas, em relação aos gastos do financiamento públicos de campanha das eleições deste de 2018, e do próprio Fundo Partidário, tendo como seu principal mentor e articulador o próprio presidente do diretório, senhor Jamyr de Souza Rosas, na companhia de outros”, sustentou o autor das denúncias que pediu que seu nome fosse preservado.
“Informo que para o mesmo ter êxito nas suas ações delituosas, em relação às finanças do partido, foi montada dentro do diretório estadual do PSOL em Rio Branco, uma espécie de grupo especial, para gerir os mais de R$ 500,000 (quinhentos mil reais) do fundo especial de campanha destinado ao diretório nas eleições deste ano, sob o comando Franckcinato da Silva Batista, e Jamyr de Souza Rosas, que consideramos no mínimo uma fraude”, acrescentou a denúncia.
A análise da prestação de contas eleitoral de campanha do Partido em relação às eleições de 2018 – Processo nº 0600976-92.2018.6.01.0000 – há também irregularidades e a existência de contratos fantasmas. Seria o caso do contrato, pago com recursos do fundo do Partido, numa parcela única no valor de R$ 4 mil, entre o PSOL e um certo senhor Vitor Baroni, contratado para fazer assessoria política aos candidatos. A propósito, deveria ser um gênio o senhor Baroni: natural de São Paulo, recém-chegado ao Acre fazia menos de três meses, ele tinha a incumbência de assessorar os candidatos do PSOL na disputa em 2018.
Outro contrato com visíveis sinais de irregularidades envolve a figura do cidadão Hilton Cesar Rodrigues de Oliveira Junior, “contratado para serviços de logísticas relacionado às eleições 2018, mais não é sabido por parte de vários membros do diretório e filiados, sobre a procedência desse serviço, que de fato não houve, por não ser de conhecimento de pessoas ligadas ao diretório. Suspeito de sua relação duvidosa com o atual presidente do diretório por esta usando o mesmo para esta finalidade delituosa”, garante o denunciante..
Um terceiro contrato duvidoso entre o PSOL e Aron Santos Oliveira mostra que o cidadão teve seu carro alugado para o Partido e os filiados e candidatos ou outros membros do diretório não conheceram os serviços executados pelo motorista e pelo veículo. Um quarto contrato envolve o cidadão Wendel Granjeiro de Macedo. Ele recebeu de R$ 15 mil reais para fazer serviços de mídia para o Partido. “Também não é sabido, e também não é sabido da existência desse material ou que ao menos o mesmo tenha prestado serviço de marketing para algum candidato nas eleições”, disse o autor da denúncia. “Dentro do diretório se ouve falar que não de agora que Wendel Granjeiro de Granjeiro é envolvido com esse tipo de esquema com o senhor Jamyr de Souza Rosas, em outras prestações contas do partido o mesmo fez o mesmo lance”, acrescentou.
Candidatos eram obrigados a ter suas contas administradas por homem apontado por Jamyr
O autor da denúncia também garante que, em relação ao fundo especial de financiamento de campanha destinado ao diretório estadual do PSOL/AC, em torno de meio milhão de reais em 2018, foi observada uma situação não menos grave: “ suspeitamos que vários candidatos foram contratados para serem fantasmas nessas eleições, com a finalidade de desviar os recursos do fundo eleitoral do campanha no diretório estadual do PSOL, com a chancela de seu presidente”.
Segundo o denunciante, “todos os candidatos do PSOL foram obrigados a ter uma só pessoa do diretório como responsável e administrador financeiro de suas contas e de seus contratos”. No caso foi Franckcinato da Silva Batista. “Quem não se submetesse a esse senhor e a isso, o não seria candidato”, diz o denunciante. “Além disso, muitos candidatos reclamavam quase que diariamente da falta de material. Que era ouvido falar que o material estava sendo rodado em gráfica de fundo de quintal, mais que seriam usadas notas de gráficas normais”, diz a denúncia.
A segunda suspeita diz respeito à campanha da candidata a deputada federal Gloria Thais Souza de Melo, cuja prestação de conta recebeu o número 0600975-10.2018.6.01.0000. O investimento feito em sua campanha pelo diretório não corresponderia com a realidade dos fatos, diz a denúncia. Foram mais de R$ 120 mil investidos numa candidata que teve apenas 358 votos. “O que se sabe é que o recurso da candidata, novata nas eleições, foi todo administrado pelo senhor Franckcinato da Silva Batista, e que muitos contratos fantasmas foram usados pelo mesmo, como por exemplo, a contratação do aluguel para sede do comitê de campanha em nome da senhora Tereza da Silva Batista. Não houve comitê de campanha desta candidata, nem na capital nem no interior. A tiragem de 1 milhão de santinhos que também não houve, as tiragem eram feitas em quantidade menor, em gráficas clandestinas, mais com CNP emprestados de outras empresas possivelmente combinadas, pelo presidente do diretório e o senhor Franckcinato da Silva”, sustenta a denúncia.
Outra questão levantada sobre a campanha da candidata foi o volume de material comprovado na prestação de contas, mais nunca visto por ninguém, como as notas passadas da empresa Mavisa Comércio e Serviços “Também o serviço gráfico que era todo feito no Partido em sala interna no diretório estadual, e não em uma empresa fora como consta nas notas. Na campanha, a advogada Jaqueline Dias da Silva, membra do diretório municipal, disse ter ouvido da boca do senhor Samuel de Lima Mota, membro suplente do diretório estadual, que a candidata Gloria Thais receberia 30 mil reais, pelo serviço, e que a intenção não era ganhar as eleições”, garante o denunciante.
O terceiro caso mal explicado envolve a ex-candida Inês Martins Barreto, processo de prestação de contas – 0601039-20.2018.6.01.0000. A candidata estava gravida de 08 meses e não fez campanha eleitoral. “O que nos assusta é que a mesma (a candidata), depois das eleições, chegou até a ameaçar a delatar o esquema em que seu nome vinha sendo usado pelo presidente do diretório senhor Jamyr de Souza Rosas, caso o mesmo e sua esposa não dessem o enxoval de sua criança, além de outras exigências feitas pela candidata, e que depois acabou ficando calada. A candidata teve um investimento de R$15.812,86 do fundo eleitoral de campanha, obteve apenas 22 votos. Informo que considero toda prestação de contas dessa candidata uma fraude arquitetada dentro do diretório pelos nomes acima citado, no anseio de burlar a justiça eleitoral e seus órgãos de fiscalização, tendo em vista, que não foi vista movimentação alguma de campanha desta candidata no período eleitoral, nem destruição de santinhos, ou bandeiras, e que esses fatos precisam ser melhor esclarecidos, começando pelos contratos existentes e das pessoas que dizem terem trabalhado e ordenado suas despesas”, disse o denunciante.
De acordo com a denúncia, o senhor Pedro Teles de Carvalho, morador da zona rural de Xapuri – AC, cujo processo processo de prestação de contas é o de número 0601037-50.2018.6.01.0000. De acordo com a denúncia, ele queria que sua movimentação financeira fosse feita no município onde reside, mas foi impedido pelo presidente do diretório. O candidato aceitou, e vinha de Xapuri, ao diretório em Rio Branco, assinar somente o que fosse preciso. Teve um investimento de R$ 22 mil reais, do fundo especial de campanha, e apenas 76 votos. “Alguns contratos em sua prestação de contas são fantasma, como por exemplo o do senhor Arthur da Silva Araújo, de Rio Branco, aluguel de um automóvel. Seu Pedro Teles era visto sempre a pé, e vinha de taxi de Xapuri para Rio Branco, ia no diretório, entre outros afazeres quando estava na cidade sempre a pé. Sendo que consta o aluguel de pelo menos 3 automóvel para sua campanha. Outro contrato também fantasma e o de seu coordenador de campanha Jandyr de Souza Rosas, o mesmo nunca foi visto si quer entregando um santinho do seu Pedro Teles, ou fazendo qualquer trabalho ou articulação eleitoral de campanha que beneficiasse durante as eleições”, garante a denúncia..
“Partido de esquerda é assim mesmo”, diz dirigente regional do PSOL
O presidente regional do PSOL no Acre, Jamyr Rosas, principal acusado nas denúncias de irregularidades levadas ao conhecimento do MPF, disse ao ContilNet que não tem nada a temer e que teve as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Disse ainda ter sido informado do teor das denúncias mas lembrou que até agora não foi intimado e que está pronto para prestar todos os esclarecimentos necessários e que os R$ 545 mil enviados pelo diretório nacional como contribuição do Fundo Partidário foram distribuídos equitativamente entre os candidatos e forma legal.
“os únicos recursos administrados pela direção partidária foi em torno de R$ 75, sob a rubrica gastos coletivos, aqueles em que são pagos advogados, serviços de computadores”, essas coisas.
As denúncias, segundo ele, fazem parte da luta interna do partido entre grupos adversários. “Partido de esquerda é assim mesmo”, disse.
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Suspeito preso por levar 11 fuzis para a Penha foi liberado da prisão pela Justiça 12 dias antes
Leandro Rodrigues da Silva, de 38 anos, tinha sido preso pela Polícia Rodoviária Federal no dia 15 de janeiro com 30 kg de drogas, mas foi solto na audiência de custódia no dia 18.
Leandro Rodrigues da Silva, de 38 anos, foi preso pela Polícia Federal, na madrugada desta quinta-feira (30), dirigindo um carro que levava 11 fuzis, de calibres 5,56 e 7,62, para o Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.
A prisão de Leandro aconteceu 12 dias depois dele ser liberado em uma audiência de custódia, em Campos dos Goitacazes, no Norte Fluminense. Ele havia sido preso por tráfico de drogas.
Morador da Zona Oeste do Rio, com ensino médio completo e se apresentando como motorista de aplicativo, Leandro foi preso no dia 15 de janeiro por policiais rodoviários federais, quando dirigia um Ford Fiesta, no quilômetro 203, da BR-101, em Casimiro de Abreu, no Norte Fluminense.
No veículo, os policiais rodoviários encontraram:
- 31,5 kg de maconha distribuídos em 41 tabletes em um saco preto;
- 1.439 frascos de líquido de cheirinho de loló;
- Dois galões de líquido semelhante a cheirinho de loló;
- 2 pacotes com pinos transparentes vazios;
- R$ 1.874 em dinheiro.
Levado para a 121ª DP (Casimiro de Abreu), Leandro mudou a versão de que tinha pegado a droga em Casimiro de Abreu. Ele contou que o carro foi abastecido na Linha Vermelha e seguia para Macaé. Em nenhum momento, segundo o Ministério Público, alegou estar fazendo uma corrida de aplicativo ou falou em entregador ou destinatário.
Leandro ficou preso por dois dias e, às 10h09 do dia 18 de janeiro, foi levado para a audiência de custódia. Na ocasião, o juiz Iago Saúde Izoton decidiu pela soltura de Leandro contrariando o MP, que pediu a conversão da prisão em flagrante para preventiva.
Em suas alegações, o magistrado informou que “a prisão preventiva se revela excepcional”:
A partir daí, o magistrado determinou que Leandro se apresentasse diante do juiz todo dia 10 de cada mês. Após a decisão do juiz, a promotora Luíza Klöppel, do Ministério Público estadual recorreu.
O MP apontou a gravidade do caso envolvendo o transporte da droga e o risco de que Leandro voltasse a delinquir.
12 dias depois da liberdade, os fuzis
Na noite de quarta-feira (29), os policiais federais da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE) iniciaram uma vigilância na serra, na altura do município de Paulo de Frontin em busca de uma moto que transportava material ilícito.
Ao encontrarem a BMW, presenciaram o momento em que o ocupante repassou duas malas ao motorista de um Nissan preto. O veículo foi seguido pelos policiais até um posto de gasolina onde foi feita a abordagem.
O motorista do carro era Leandro Rodrigues da Silva. O da moto, Gutenberg Samuel de Oliveira. Ambos foram presos e os veículos apreendidos.
O carregamento tinha 8 fuzis, de calibre 5.56 e 3 fuzis calibre 7.62, além dos veículos utilizados no transporte das armas. Todas as armas com a marca de uma caveira semelhante ao personagem Justiceiro, da Marvel.
De acordo com as investigações preliminares, o arsenal teria como destino os complexos da Penha e do Alemão, onde está baseada a chefia da facção Comando Vermelho.
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Argentina corta taxas e Brasil volta a ter maior juro real do mundo
País comandado por Javier Milei caiu da primeira para a terceira posição, após seu Banco Central reduzir suas taxas de juros em 3 pontos percentuais. Topo agora está com Brasil e Rússia.
O Brasil passou a ter o maior juro real do mundo. Na noite de quinta-feira (30), o Banco Central da Argentina, antiga líder do ranking, promoveu um novo corte em sua taxa básica de juros e tirou o país da primeira posição.
A autoridade monetária reduziu suas taxas de 32% para 29% ao ano. Segundo a instituição, essa redução é consequência da “consolidação observada nas expectativas de menor inflação.”
A Argentina encerrou 2024 com uma inflação anual de 117,8%. Apesar de ainda estar bastante alta, houve uma forte desaceleração em relação aos 211,4% registrados em 2023.
Com a taxa de juro real é calculada, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal do país descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses, o juro real argentino caiu para 6,14%. O país passou, então, para a terceira colocação no ranking.
Quem assume a ponta é antigo vice-líder, o Brasil. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar mais uma vez a Selic em 1 ponto percentual, levando o juro nominal a 13,25% ao ano, e o juro real a 9,18%.
Na segunda posição vem a Rússia, com uma taxa de juros real de 8,91%.
Veja abaixo os principais resultados da lista de 40 países.
Ranking de juros reais
Taxas de juros atuais descontadas a inflação projetada para os próximos 12 meses
Alta da Selic
Na última quarta-feira (29), o Copom anunciou sua decisão de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para a casa de 13,25% ao ano.
Na decisão anterior, em dezembro, a autoridade monetária já havia elevado a taxa básica em 1 ponto percentual, para a casa de 12,25% ao ano. A decisão marca a quarta alta seguida da Selic.
Juros nominais
Considerando os juros nominais (sem descontar a inflação), a taxa brasileira permaneceu na 4ª posição.
Veja abaixo:
- Turquia: 45,00%
- Argentina: 29,00%
- Rússia: 21,00%
- Brasil: 13,25%
- México: 10,00%
- Colômbia: 9,50%
- África do Sul: 7,75%
- Hungria: 6,50%
- Índia: 6,50%
- Filipinas: 5,75%
- Indonésia: 5,75%
- Polônia: 5,75%
- Chile: 5,00%
- Hong Kong: 4,75%
- Reino Unido: 4,75%
- Estados Unidos: 4,50%
- Israel: 4,50%
- Austrália: 4,35%
- Nova Zelândia: 4,25%
- República Checa: 4,00%
- Canadá: 3,25%
- Alemanha: 3,15%
- Áustria: 3,15%
- Espanha: 3,15%
- Grécia: 3,15%
- Holanda: 3,15%
- Portugal: 3,15%
- Bélgica: 3,15%
- França: 3,15%
- Itália: 3,15%
- China: 3,10%
- Coreia do Sul: 3,00%
- Malásia: 3,00%
- Cingapura: 2,98%
- Dinamarca: 2,60%
- Suécia: 2,50%
- Tailândia: 2,25%
- Taiwan: 2,00%
- Suíça: 0,50%
- Japão: 0,50%
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De volta à planície: ex-presidentes da Câmara contam como é deixar o poder e analisam desafios do novo comando
Deputados que já comandaram a Casa analisam desafios do próximo presidente. Próxima eleição da cúpula da Câmara está marcada para 1º de fevereiro.
No dia 1º de fevereiro, a Câmara dos Deputados elegerá um novo presidente para comandar o colegiado pelos próximos dois anos.
Com isso, Arthur Lira (PP-AL) retornará à planície, termo comumente utilizado no Congresso para se referir aos deputados sem acesso aos cargos da mesa diretora, instalada no centro do plenário. Quem se senta à mesa, tem visão completa dos deputados que estão no plenário, abaixo, por isso o termo “planície”.
A reportagem ouviu cinco ex-presidentes da Câmara que responderam às mesmas perguntas sobre o que a saída desse cargo representou em suas trajetórias. João Paulo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Rodrigo Maia não deram entrevistas.
Estranhamento
A experiência da maioria mostra que o dia seguinte após deixar o cargo pode ser seguido de estranhamento pelo poder perdido.
“Claro que a mudança é brusca e que você tem que passar por um período de adaptação, porque você não pode criar ilusão que o poder é seu”, diz Aldo Rebelo, que ocupou o posto entre 2005 e 2007 pelo PCdoB.
Uma saída é recorrer às antigas amizades, conta Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara pelo PT entre 2007 e 2009.
Entre os políticos, há desconforto em retornar para os trabalhos da Casa sem ocupar um cargo decisório.
“Eu reconheço que, toda vez que um presidente sai e precisa voltar para o plenário, fica uma situação talvez um pouco desconfortável”, afirma Michel Temer, presidente da Casa em três ocasiões.
Segundo ele, seu processo foi mais simples por ter deixado o comando da Câmara pela primeira vez, em 2001, para assumir a presidência do MDB, e na segunda vez, em 2010, ser vice-presidente da República, na chapa de Dilma Rousseff.
Uma saída, segundo Marco Maia, presidente da Câmara pelo PT entre 2011 e 2013, é não entrar no cargo com expectativa de prolongação de poder.
A dificuldade de reposicionamento depois da saída do comando da Casa também aflige Arthur Lira. Ele é cotado para assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios do presidente Lula, mas há impasse sobre sua adesão completa ao governo.
Papel como ex-presidente
O grupo é uníssono sobre a relevância de um ex-presidente da Câmara. Para Aécio Neves, presidente da Casa de 2001 a 2002 pelo PSDB, a experiência é útil para os sucessores.
Para ele, não estar à frente das decisões demanda, muitas vezes, maturidade. “[É importante] encontrar o seu espaço e não ficar disputando permanente holofotes. É um exercício de maturidade que todos os homens públicos devem buscar em determinado momento da sua trajetória.”
Chinaglia afirma que a forma como o presidente atua impacta no tamanho da influência após a saída do cargo. “Depende de como você chegou, de como você se elegeu e de como você saiu. Se o cara for respeitado pelo que ele pensa, se cumpre com a palavra, ele se mantém influente”, afirma.
Desafios
Os ex-presidentes da Casa destacam o novo protagonismo da Câmara em relação ao Orçamento, com influência cada vez maior do Poder Legislativo em detrimento do Executivo.
Para alguns, há excessos na nova atuação. “Eu acho que há um certo, digamos, exagero na volúpia do Congresso sobre nacos do Orçamento”, afirma Aécio.
Marco Maia afirma que a discussão sobre o orçamento tem tamanho maior que as outras pautas da Casa, e que por isso os deputados buscam atuar mais como “executores do que legisladores”.
O desgaste pelas quedas de braço do Legislativo com o Executivo e com o Judiciário é apontado pelos ex-presidentes como um desafio importante para o próximo ciclo da Câmara.
“Restabelecer os limites das atribuições de cada um dos poderes é o maior desafio do próximo presidente da Câmara. Sobretudo, garantir uma relação harmoniosa entre os poderes, definindo limites”, diz Aécio.
Para Chinaglia, o desafio do momento é defender a democracia, impondo respeito à Casa, mas viabilizando a construção de acordos. Já Temer destaca a importância da regulamentação total da reforma tributária, iniciada no ano passado.
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