Empresa francesa renova contrato para compra de borracha de seringueiros de Assis Brasil

A borracha produzida pelos seringueiros da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Assis Brasil, é a base da matéria-prima utilizada pela empresa francesa Veja na confecção de calçados (Foto: Sérgio Vale/Secom)

A borracha produzida pelos seringueiros da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Assis Brasil, é a base da matéria-prima utilizada pela empresa francesa Veja para a produção de sapatos orgânicos, vendidos no mercado europeu.

O contrato com os extrativistas foi renovado na manhã desta sexta-feira, 5, com a presença do governador Tião Viana e dos deputados estaduais Geraldo Pereira, Astério Moreira, líder do governo na Assembleia Legislativa, e Denilson Segóvia, além do vice-prefeito, José Ferreira e dos vereadores do município.

O acordo celebrado entre os extrativistas e a empresa francesa, intermediado pelo governo do Estado, foi renovado pelo sexto ano, prevê a compra de 5 mil quilos de Folha de Defumação Líquida (FDL), beneficiando seringueiros de 64 unidades produtoras espalhadas ao longo do Seringal Icuriã. O secretário de Produção, Lourival Marques, explica que o contrato foi articulado pelo governo e que serão entregues cinco toneladas de borracha.

“É mais uma renda para o homem que vive na floresta, uma oportunidade para as famílias obterem lucro, e uma atividade que é agregada a outras dentro da comunidade. O FDL é um processo de beneficiamento diferenciado, a chamada Folha de Defumação Líquida, que gera uma borracha mais limpa, com mais qualidade e muitas possibilidades de uso”, disse Marques.

O processo permite que mulheres e até adolescentes possam beneficiar a borracha. Há entre os produtores uma espécie de competição, para ver quem é o maior produtor do ano. A brincadeira é reconhecida pela Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista em Assis Brasil (Amopreab).

O contrato com os extrativistas foi renovado na manhã desta sexta-feira, 5, com a presença do governador Tião Viana (Foto: Sérgio Vale/Secom)

De acordo com o presidente da Associação, José Barbosa de Araújo, há uma previsão de contrato também com uma empresa peruana e uma nacional. O contrato atual com a Veja é no valor de R$ 35 mil. A Veja paga R$ 7 pelo quilo da borracha, mas cada seringueiro recebe subsidio de R$ 0,70 do governo do Estado e R$ 0,70 da prefeitura de Assis Brasil.

Fundada em Paris em 2005, a Veja produz e comercializa o primeiro tênis ecológico e fair trade do mundo. Todas as matérias primas e a manufatura de sua linha são produzidas no Brasil sob os princípios do comércio justo e da sustentabilidade. A distribuição, a partir de Paris, obedece os mesmos princípios. A marca comercializa seus produtos no mercado europeu, Japão, EUA, e prepara para as próximas semanas o lançamento da linha no Brasil.

“Este é um trabalho muito bonito onde vemos a valorização da floresta em produtos que correm o mundo, num exemplo claro que é possível preservar e desenvolver, mantendo a dignidade de quem vive na floresta, garantindo renda para os trabalhadores”, disse o governador Tião Viana.

Os deputados estaduais gostaram do projeto. “Estamos há dois anos vivendo o governo Tião Viana e vendo os avanços que tem acontecido nas mais diversas áreas e a preocupação dele em consolidar as mais diversas cadeias produtivas”, disse o líder do governo na Aleac, Astério Moreira. Denilson Segóvia também aprova a ação. “Vemos desde a pequena ferramenta sendo entregue a um indígena até o investimento de milhões em infraestrutura, sem esquecer quem mora na floresta. O governador Tião Viana tem um grande compromisso com o povo do Acre e por isso nós aprovamos os projetos que passam pela Assembleia”, comentou.

A FDL é uma Borracha Premium, de alta qualidade, resultado de uma tecnologia de beneficiamento do látex nativo desenvolvido pela Universidade de Brasília (UNB), e que vem sendo implantada pelo governo do Acre nos seringais de Assis Brasil, Feijó e Tarauacá.

A tecnologia consiste na coagulação, calandragem e secagem da borracha em pequenas unidades de beneficiamento implantadas dentro da floresta, que permitem o seringueiro produzir e vender sua borracha diretamente para indústria consumidora, eliminando a etapa das usinas de beneficiamento, e aumentando significativamente a renda obtida com a produção extrativista.

Tatiana Campos – Agência Acre

 

 

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Publicado por
Alexandre Lima