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Em meio à seca severa, agricultores de Capixaba enfrentam dificuldades na irrigação, perdas na produção e veem custos aumentarem
Falta de chuvas compromete produção de frutas, hortaliças e piscicultura na capital e no interior. Secretaria de Agricultura e Pecuária afirma que já comprou 35 milhões de litros de água para minimizar os impactos da estiagem este ano.

Produtor precisa recorrer a bomba para captar água de açude, o que dificulta o trabalho e aumenta custo com energia elétrica — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Por Jardel Angelim
Agricultores do município de Capixaba, viajam uma vez por semana até Rio Branco para comercializar seus produtos. As barracas são montadas em uma praça no bairro São Francisco, para atender os clientes. Frutas e hortaliças são os principais alimentos cultivados, mas nesse período de seca, o trabalho ficou comprometido.
Contexto: O rio Acre está a três centímetros da menor cota histórica desde 1971, quando o manancial começou a ser monitorado em Rio Branco.
- Seca: Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravada em razão da falta de chuvas na região, situação que já perdura há dois meses.
- População afetada: Mais de 387 mil pessoas nas zonas urbana e rural de Rio Branco
- Prejuízos: como resultado da seca, produtores perderam plantações e houve queda nas vendas. O baixo nível do manancial também afeta o transporte das mercadorias.
- Poluição: Na quinta (12), a qualidade do ar também estava em 46.6 µg/m³ (microgramas por metro cúbico), segundo a plataforma IQair. Esse número está muito acima do considerado saudável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 15 µg/m³ (microgramas por metro cúbico).
A falta de chuvas atingiu toda a lavoura e secou os rios da região. A produtora Daniela Mesquita possui uma propriedade no Ramal Zaqueu Machado. Ela alega que a produção está completamente afetada e nem todas as pessoas conseguem água para irrigar as plantações.
“Lá [em Capixaba] a situação está muito difícil por falta da chuva. Prejudica e diminui muito a produção. Quem tem açude, puxa do açude, quem tem poço, puxa do poço, só que o poço e o açude estão secos. Isso diminui muito a produção”, relata.
Situação semelhante é a do produtor rural Jailton Duarte. Diariamente, ele precisa colocar uma bomba em um igarapé próximo para conseguir água para plantação, mas o gasto com energia aumenta e a terra seca rapidamente, dificultando o trabalho mais do que o normal.
“Tem ficado muito ruim com essa sequidão para a gente que mexe com plantio lá. As nossas plantas não tem ficado muito bonitas, mas estamos aguando por meio de irrigação”, diz.
Além de diminuir a produção, a falta de chuvas também deixa os alimentos com menos qualidade. Com pouca água para a irrigação, a banana fica mais fina, a melancia menor e a macaxeira tem o cultivo diminuído. A exemplo do interior, Rio Branco sofre com o mesmo problema.

Feirantes temem que queimadas e fumaça dificultem ainda mais a situação. Foto: Reprodução
As hortaliças também duram menos, mas ainda não faltam no mercado. O feirante Francisco Amarildo, que atua na Central de Abastecimento de Rio Branco (Ceasa), afirma que alguns produtos já estão difíceis de encontrar.
“Por enquanto, só o que tem faltado é o limão, mas o resto das verduras até que tem. E deve começar a faltar a banana. As queimadas e a fumaça também atrapalham muito”, ressalta.
A Defesa Civil e a Secretaria de Agricultura e Pecuária do município adotaram medidas para minimizar os impactos da seca. Esse ano foram comprados 35 milhões de litros de água para abastecer 33 comunidades rurais. Esse número é mais que o dobro do que foi comprado em 2021, quando iniciou a Operação Estiagem.
Todos os dias, 8 carros-pipas, em média, fazem esse trabalho. Apesar dessas medidas, 20 comunidades ainda aguardam abastecimento.
“Teve comunidade que limpamos os tanques para o pessoal ir usando a águas na zona rural, porque a dificuldade é tanta que não tem água nem para os animais e nem para as pessoas tomarem banho. A gente sabe que se demorar a chover vai se agravar mais. Essas 20 comunidades que estão esperando, nós estamos comprando 80 caixas d’água de cinco mil litros para atender essa demanda”, explicou o secretário Eracides Caetano.
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Rio Acre ultrapassa cota de transbordo e mantém Rio Branco em alerta máximo
Defesa Civil registra 15,36 metros no nível do rio; aumento contínuo preocupa autoridades e moradores ribeirinhos

O Rio Acre segue em uma subida constante e preocupante em Rio Branco. Segundo medição da Defesa Civil Municipal realizada às 9h desta segunda-feira (29), o rio atingiu 15,36 metros, ultrapassando a cota de transbordo, que é de 14 metros, por mais de um metro e meio.
Nas últimas horas, o nível apresentou aumento de quatro centímetros em relação à medição anterior, realizada às 5h21, quando marcava 15,32 metros.
Apesar da ausência de chuvas na capital nas últimas 24 horas, o rio continua subindo devido ao grande volume de água acumulado nas cabeceiras, mantendo o alerta máximo para autoridades e população ribeirinha.



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