Em 11 dias de setembro, queimadas no Acre superam todos os outros meses do ano

De 1 a 11 deste mês, estado registrou 3.794 focos de incêndio, sendo que de janeiro a agosto acumulado foi de 3.088.

Em 11 dias de setembro, queimadas no Acre superam todos os outros meses do ano — Foto: Arquivo/CBM-AC

O número de focos de queimadas registradas nos primeiros 11 dias de setembro no Acre já supera os dados de todos os outros meses de 2022. É que aponta o monitoramento de focos ativos feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Enquanto os oito primeiros meses do ano somam 3.088 focos de queimadas, setembro, do dia 1 ao dia 11, já registra um acumulado de 3.794 focos.

Em todo o ano, de janeiro até o dia 11 de setembro, o estado contabiliza 6.882 focos de queimadas.

De acordo com o levantamento, o acumulado de incêndio em setembro superou os dados do mês de agosto que, até então, era o mês deste ano com o maior registro de focos, com 2.638.

Com alto índice de queimadas, Rio Branco chegou a registrar uma poluição de ar 13 vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Rio Acre em Rio Branco; 1,32 metro — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica

Sem registro de chuvas volumosas, Rio Branco vive uma seca histórica. Nesse domingo (11), o Rio Acre atingiu 1,29 metro e registrou uma nova menor cota desde o início do monitoramento da bacia na capital, que foi em 1971. A menor cota até então tinha sido registrada em 17 de setembro de 2016, quando o manancial chegou a 1,30 metro.

Nesta segunda (12), o manancial apresentou oscilação e registrou 1,32 metro. No entanto, a previsão da Defesa Civil Municipal é que o rio volte a ficar abaixo da cota da cota histórica nos próximos dias.

Desde o início de setembro, o Rio Acre tem batido recordes para o dia com relação ao nível das águas. Na sexta (9), por exemplo, o rio registrou a pior cota dos últimos 10 anos para o dia 9 de setembro.

“Infelizmente, não temos previsão de que ele vai aumentar mais esse nível, apesar de que ainda na manhã desta segunda houve mais uma oscilação na região de Capixaba e também no Espalha, após uma chuva na região da Transacreana. Mesmo assim, ele deve estabilizar e depois voltar a decrescer, podendo, inclusive, superar a marca de ontem de 1,29. Nós temos o resto desse mês com toda possibilidade de decréscimo e aí depois disso, em outubro, é que começa a ter perspectiva de aumento”, afirmou o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, coronel Cláudio Falcão.

Com operação que usa carros-pipas para levar água potável, o órgão municipal atende 31 comunidades rurais, com 3,3 mil famílias atendidas por, o que dá cerca de 14 mil pessoas. A distribuição de água ocorre diariamente como forma de amenizar os impactos da seca.

Abastecimento de água em Rio Branco pode ficar comprometido, devido à seca do rio — Foto: Saerb

Abastecimento na capital

O Rio Acre é a única fonte de captação de água para abastecimento na capital. Enoque Pereira, presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), disse que estuda maneiras de que essa seca não interfira na distribuição de água, mas alega que o serviço já teve alguns prejuízos.

“Vamos tentar ver se conseguimos manter a captação de água normalmente. Com essa baixa vazão, o rio fica com a água bastante espalhada e nossas bombas precisam captar águas mais profundas. Então, quando baixa, fica ruim de adaptar e, a depender da situação, vamos ver com os órgãos ambientais se conseguimos fazer alguma intervenção no rio nesse intuito de concentrar mais água no local de captação”, explica.

Essa intervenção seria, por exemplo, fazer um aterro, ou criar alguma tipo de barreira para que o acúmulo de água no ponto de captação tenha um nível maior.

Pereira destaca ainda que a prefeitura tem feito estudos para que o abastecimento de água não dependa mais apenas do Rio Acre. A intenção é furar poços no Segundo Distrito da capital para ajudar nessa distribuição de água. Porém, ainda há um processo a ser feito até que isso aconteça.

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Publicado por
G1 Acre