O grupo se espalhou muito rapidamente nos últimos meses. De acordo com investigações da direção do presídio, a facção é mantida com a contribuição mensal de R$ 100, depositada por cada membro.
Assem Neto, da ContilNet Notícias
Em revista às celas do Presídio Antônio Amaro, agentes penitenciários encontraram novos trechos do Estatuto do Bonde dos 13″, facção composta por ex-traficantes, comandada de dentro da unidade por ligações de celular para celular, sem controle da Segurança Pública. O documento, manuscrito em folha de caderno, estava numa cela não revelada. A reportagem de ContilNet teve acesso ao papel em que o Bonde dos 13 reverencia o Primeiro Comando da Capital (PCC) e assume ter sido criado para reforçar o poder econômico de traficantes, eliminar inimigos, aumentar o poderio de armas no confronto contra as polícias e garantir a “ética do crime”.
O Presídio Antônio Amaro é, segundo o Governo do Acre, “uma unidade de segurança máxima. Porém, contrariando o discurso oficial de “ordem e tranquilidade” dentro do presídio, nossos repórteres identificaram problemas gravíssimos na casa de detenção onde estão ao menos quatro líderes da facção.
O detector de metais está quebrado, e não funciona, há pelo menos 3 anos. Em torno de 100 aparelhos de celular são encontrados por mês nas celas. Por causa de uma lei federal, a vistoria aos visitantes foi limitada. Mulheres e homens não podem mais tirar as roupas e fazer o gesto de agachamento, afim de identificar drogas transportadas nas partes íntimas. “Hoje, nós usamos a raquete ligada a bateria, que não acusa objetos proibidos com a eficiência de que precisamos. A entrada de entorpecentes e celulares aqui está fora de controle e a situação piorou muito”, diz um agente que a reportagem não vai identificar.
Um dos principais chefes do Bonde dos 13, Francisco das Chagas Silva, traficante sentenciado, é considerado disciplinado, discreto, porém temido e de altíssimo poder de influência entre os integrantes da facção fora da penal. O grupo se espalhou muito rapidamente nos últimos meses. De acordo com investigações da direção do presídio, a facção é mantida com a contribuição mensal de R$ 100, depositada por cada membro. Quem deixa de contribuir é “excluído”. Cada líder está responsável por criar grupos de criminosos que ainda não foram presos ou já deixaram o presídio após serem libertados por ordem judicial. Esses subordinados, também conhecidos como “soldados”, praticam assaltos, sequestros e homicídios, em atos de vingança aos “caguetas” e com fins de arrecadar dinheiro e armas. As vítimas também incluem cidadãos inocentes.
“Todos devem respeito e lealdade ao PCC”, diz o estatuto do Bonde dos 13. “Somos uma organização criminosa contra a opressão e a injustiça (?)”. Todo intregrante do grupo é obrigado a manter sintonia em “suas quebradas” com outros “associados”. Acomodação, fraqueza e traição são punidas com a execução, determinada pelos líderes da facção.