Deputado do AC boicota votação de processo contra Cunha; internautas iniciam movimento contra petista

“É assim que o PT quer acabar com a corrupção?”, postou um usuário na página do parlamentar

O comando do Palácio do Planalto emitiu um chamado para que três deputados do PT membros do Conselho de Ética se ausentassem, quinta-feira (19), da primeira reunião para analisar o processo de cassação que corre contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no colegiado. A informação é do jornal O Globo.

De acordo com informações da reportagem, entre os parlamentares convocados para a reunião no Planalto estão o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), e os colegas Maurício Quintella Lessa (PR-AL), André Moura (PSC-SE) e Jovair Arantes (PTB-GO) – este, um dos principais aliados do peemedebista (“Estou com Cunha até debaixo d’água”, disse ao Globo, em reportagem publicada em 17 de outubro).

Durante a reunião, Jaques Wagner telefonou para os petistas Zé Geraldo (PA), Léo de Brito (AC) e Valmir Prascidelli (SP), membros do Conselho, pedindo para que eles não fosse à reunião do colegiado, quando deveria ter sido apreciado o parecer pela admissibilidade do processo contra Cunha.

“Brito viajou para o Acre, mas Zé Geraldo e Prascidelli se recusaram a faltar ao conselho, alegando serem publicamente favoráveis à cassação de Cunha. No entanto, aceitaram a contraproposta feita pelo ministro de somente comparecerem se houvesse quórum, o que acabou ocorrendo”, informa o jornal.

Embora negue publicamente, o governo teme uma retaliação imediata do deputado caso sua situação se complique ainda mais no âmbito da Lava Jato.  Jaques Wagner negou a articulação e disse ter deixado o Planalto na quarta-feira às 21h30, depois de reunião para tratar de vetos presidenciais, em curso no Plenário da Câmara naquela ocasião.

“Não liguei para ninguém. Não é verdade. Conversei com líderes do governo sobre votações de vetos”, assegurou o ministro, por meio de sua assessoria. “O Globo conversou na tarde desta quinta-feira com dois líderes da base – um deles, presente à reunião – que confirmaram o teor da conversa no palácio sobre a situação de Eduardo Cunha”, completa a publicação.

No Acre, a informação de que Leo de Brito participou do boicote repercutiu. Internautas do Acre questionaram a ausência do parlamentar na votação, considerada decisiva para algumas alas da política.

Em publicações na página oficial do deputado, os usuários de uma rede social questionaram se Leo é “a favor da corrupção” e se “é assim que o PT quer acabar com a corrupção”.

“Vergonhosa a manobra em favor de Cunha! É assim que o PT quer acabar com a corrupção?”, comentou Tiago Cardoso.

“O senhor compactua com corrupção?! Por favor, dê prosseguimento ao processo de cassação do Eduardo Cunha!”, comentou Gileno Sena.

O porta-voz da Rede Sustentabilidade no Acre, Carlos Gomes, também comentou a ausência de Leo.

“Deputado, o país vive uma crise política, uma crise agravada pela corrupção, e o senhor faz parte do Conselho de Ética da Câmara, ontem, infelizmente, o senhor se ausentou da sessão que iria discutir o parecer do relator, é, no mínimo, estranho (para não usar nesse momento outro adjetivo), deputado”, comentou.

Ao comentário de Carlos, Leo foi sucinto em dizer que votará “de forma criteriosa, justa e baseada em princípios éticos no Conselho”.

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Publicado por
Alexandre Lima