Delegado da PF no Acre é denunciado por usar veículo apreendido para uso pessoal

Veículo foi apreendido em Brasileia durante a ‘Operação Metástase’, ocorrida no ano passado. Delegado diz que processou responsável pelo vídeo por calúnia.

G1/Acre

Empresário acusa delegado federal do Acre de ir para academia com carro apreendido – Clique na imagem para ver vídeo.

empresário José Luiz Revollo, morador de Brasiléia (AC), acusa o delegado da Polícia Federal do Acre, Fares Feghali, de usar a caminhonete dele, apreendida após a Operação Metástase, para uso pessoal. O empresário registrou em vídeos a rotina do delegado, incluindo idas à academia. A operação foi deflagrada em julho do ano passado no município.

Procurado pelo G1, o delegado Fares Feghali afirmou que não tem autorização para comentar sobre veículos apreendidos e acautelados, porque pode ser responsabilizado por fornecer placa de viatura. Mas, disse que tem conhecimento da denúncia e que acionou o empresário na Justiça por calúnia.

“O que posso dizer é que ainda que eu estivesse usando em academia, pela normativa 23 da Polícia Federal, a hora da academia dos policiais é considerada hora de serviço. Integra nossa jornada de trabalho. Então, não tem nenhum problema qualquer policial utilizar viatura para fazer exercícios porque são considerados como horário de trabalho. Somos obrigados a fazer uma hora de exercício físico por dia”, explicou.

O caso, ainda segundo o delegado, já foi “esclarecido e arquivado” no Ministério Público Federal e na Corregedoria da PF. Ele diz que denúncia causou uma repercussão negativa na
Polícia Federal. A reportagem procurou o Ministério Público Federal para confirmar o caso, mas foi informada que o processo corre em segredo de Justiça. A assessoria da Polícia Federal também foi procurada e disse que não vai se pronunciar sobre o caso.

“O que posso dizer quanto ao procedimento é que já foi arquivado no Ministério Público Federal e foi comprovado que não houve irregularidades por minha parte ou de qualquer outro policial. [o empresário] Vai ser acionado tanto criminalmente quanto civilmente pela repercussão negativa que ele causou não a mim, mas à Polícia Federal”, concluiu.

Delegado durante entrevista sobre a operação em Brasileia e atrás é possível ver vários carros apreendidos durante a ação – Foto: Alexandre Lima

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Acautelamento

A pedido do G1, o presidente da Ordem dos Advogados do Acre (OAB-AC), Marcos Vínicius, explicou em que circunstância o poder público pode acautelar um veículo para uso. Segundo Vínicius, os veículos apreendidos em operação são acautelados para suprir alguma necessidade da instituição ou órgão responsável.

Após a Operação Metástase, o ex-prefeito Everaldo Gomes, ex-secretários foram afastados e vários carros apreendidos. As investigações apontaram que houve um desvio de mais de R$ 7 milhões em recursos públicos. O dinheiro teria sido gasto com pagamento de propinas, desvios de verbas e contratos fraudulentos desde 2013, segundo a PF-AC.

O empresário que denuncia o delegado afirma que desde novembro os veículos apreendidos são usados para benefício próprio dos agentes e do delegado da PF-AC. Uma denúncia foi protocolada no MPF-AC em março deste ano.

O empresário conta que exerceu dois cargos na prefeitura de Brasileia entre os anos de 2013 e 2015, mas estava afastado quando ocorreu a operação na cidade. Ele diz que teve o veículo apreendido sob a suspeita de utilizar laranjas para desviar dinheiro da prefeitura para comprar carros e colocar no nome de outras pessoas. Júnior confirmou que o carro é registrado no nome de outra pessoa, mas negou que a compra foi feita pelo esquema.

“Eles ficaram apreendidos no pátio da Polícia Federal. Os próprios agentes e o delegado começaram a usar os veículos para fins próprios, como se fossem deles. A gente mora em uma cidade pequena, as pessoas veem e te ligam, causa um constrangimento. O vídeo mostra o veículo dentro da casa do delegado, ele indo e saindo da academia”, contou.

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Publicado por
Alexandre Lima