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De doméstica a juíza de Direito: a mulher que superou a fome para realizar o próprio sonho
Por Freud Antunes
“Ao ir para cidade, eu, com 12 anos, e minha irmã, com 13 anos, passamos fome, foi preciso pedir restos de ossos no açougue municipal para complementar nossa alimentação, porque a gente fazia nossa única refeição na escola, e as demais refeições a gente não tinha”, contou Rosilene de Santana Souza, empossada no dia 8 de dezembro como juíza substituta do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), aprovada em 1° lugar no último concurso da magistratura.
Para se tornar magistrada, ela enfrentou o mundo para conquistar o sonho que tinha desde criança. Segunda filha mais velha do total de sete irmãos, Rosilene recebeu do pai, José Rodrigues de Souza, a missão mais importante da vida, que foi estudar muito para superar todos os preconceitos e as dificuldades.
“A pessoa que mais me incentivou nos estudos foi meu pai. Acredito que até em razão da falta de estudos dele, por isso ele fez o possível para que todos os filhos pudessem estudar”, detalhou.
Assim, ela e a irmã, Regina Santana de Souza, saíram da zona rural, da comunidade Pajeú, que fica no sertão da Bahia, seguiram por 30 quilômetros para morarem sozinhas na cidade de Oliveira dos Brejinhos (que fica a 613 quilômetros de Salvador) e, hoje, possui 21.797 habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para chegar até o município, elas precisaram caminhar dez quilômetros para chegar à beira da estrada e pegar carona no caminhão pau de arara, antigo meio de transporte que circulou pelo interior do Brasil, fazendo o papel que, atualmente, é permitido apenas para os ônibus.
Na cidade, para viver, Rosilene fazia pequenos trabalhos como doméstica, recebendo em torno de R$ 20 pelo serviço e chegou a dormir no chão para buscar o seu sonho. Além da falta de renda e da fome, existia certa dificuldade para estudar, pois livros, cadernos, fardamento e outros materiais possuíam valores elevados para uma adolescente carente.
“Sonho desde criança em ser juíza e, mesmo não sabendo de todo o significado da profissão e qual o curso necessário para exercer a magistratura, na época. Fui alimentando essa vontade e consegui focar, estudar e procurar o curso de Direito”, disse.
Mesmo com o desejo e a vontade de melhorar as condições de vida, ela ainda precisou enfrentar o abismo educacional, a barreira criada pela burocracia e a limitação do poder público em garantir serviços essenciais.
“Nessa época, quando ainda morava na roça, na Bahia, o sistema de ensino era frágil, porque uma mesma professora lecionava para alunos da alfabetização até a quarta série, todos reunidos, em uma mesma sala. A mesma professora era responsável ainda por fazer a merenda, ou seja, o ensino era bem deficiente. Apenas na quinta série que pude estudar na cidade, mas minha escola só teve biblioteca quando eu já estava no segundo ano do ensino médio. Não existia acesso a literatura”, lembrou.
Sem condições financeiras, ela chegou a se revezar com a irmã para usar o mesmo uniforme, quando a direção da escola passou a exigir fardamento completo. Com isso, elas precisaram estudar em turnos diferentes. “Minha irmã estudava à tarde e eu estudava pela manhã para dividir com ela o mesmo calçado”.
Aos 19 anos, ela ainda estava finalizando o ensino médio e se encontrou com mais uma realidade que muitas pessoas passam que é conseguir pagar a faculdade particular. Com isso, ela viu a necessidade de tomar o desvio do próprio sonho e buscar um curso profissionalizante para abandonar a vida de doméstica e buscar uma renda superior capaz de ajudar a impulsionar as próprias metas.
“Meu ponto de virada foi quando fui morar em Colatina, no Espírito Santo, cidade em que consegui concluir o ensino médio por meio de supletivo, com 19 anos. Na minha cabeça, conseguiria estudar Direito logo em seguida, mas, quando obtive informações, notei que não conseguiria pagar a mensalidade com o valor que recebia como doméstica. Aí, tentei vários cursos profissionalizantes até ter acesso ao edital do Instituto Federal e escolhi Edificações, porque, segundo a atendente da escola, era o curso que mais empregava”, contou.
Pouco mais de um ano depois do início do estudo técnico, ela conseguiu trocar de trabalho e retomou o plano original: “então essa foi minha grande virada, quando consegui, também, uma bolsa de 50% na faculdade, o que ajudou, porque na época meu salário era de R$ 750 e a mensalidade era R$ 490, e o desconto me ajudou muito”.
Empenhada, Rosilene fez o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) quando se matriculou no 9° período e foi aprovada. Após a graduação, iniciou o período de experiência na advocacia e começou a procurar concursos públicos para a magistratura.
“Foram 14 concursos realizados, nunca desisti, estudava cada vez mais até ser aprovada”, afirmou a juíza substituta que, devido a sua classificação, pode escolher em qual cidade deverá iniciar a carreira. Ela, atualmente, está em treinamento promovido pela Escola do Poder Judiciário do Acre (Esjud).
“A mensagem que gostaria de deixar para jovens e adultos, principalmente para aquelas pessoas que encontram dificuldade para mudar a sua realidade é: acreditem, tenham fé na sua capacidade de transformação, porque somos capazes de mudar a realidade, bastando ter disciplina, fé, que seja comprometida e busque equilíbrio. Claro que é importante ter pessoas boas no caminho que possam contribuir para concretizar nossos sonhos. Sou muito grata a todas as pessoas que me ajudaram a realizar este sonho”, finalizou a nova magistrada do Acre.
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Prefeitura de Rio Branco discute segurança alimentar em Programa do Governo Federal
Com o tema nutrição e segurança alimentar, a Prefeitura de Rio Branco, vem discutindo com representantes do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), do governo federal, o programa alimenta cidades, que tem como principal objetivo, minimizar os impactos da fome que atinge não somente o Acre, mas o Brasil e o mundo.
Na manhã desta segunda-feira (14), por exemplo. uma oficina, coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), discorreu sobre o tema e de como o governo federal, pode contribuir na diminuição desse grave problema.

Marcos: “O restaurante popular serve em média 700 refeições” (Foto: Marcos Luz/Secom)
“Obviamente a gente precisa de apoio porque toda a despesa do Restaurante Popular é com recursos próprios. Nós queremos dizer aqui, ao governo federal, que nós precisamos de financiamento até porque o prefeito Tião Bocalom não abriu mão de ter mais Restaurantes Populares em Rio Branco. Nós já montamos um conselho e brevemente nós vamos ter um plano para dizer claramente ao governo federal das nossas necessidades e certamente nós vamos ser atendidos e nós vamos cada vez mais atender com qualidade o cidadão em vulnerabilidade na questão de alimentação”, explicou o secretário da SASDH, João Marcos Luz.
Para a representante do MDS, Lorrana Grimes, a fome em todo mundo ainda é um gargalo e, no Brasil quando temos hoje, a maior produção de grãos e alimentos do planeta, é inadmissível que uma grande parcela das pessoas ainda não tenham o que comer.

Lorrana: “A fome no mundo ainda é um gargalo” (Foto: Marcos Araújo/Secom)
“Mais de 85% da população vivem em centros urbanos e é onde nós temos o maior índice de insegurança alimentar. O governo federal, ele elabora a estratégia alimentar, seja com apoio técnico, para aprimorar e qualificar aquilo que o município já tem de bom e até trazer visibilidade para essas ações e inspirar outros municípios. Nós precisamos de fomento, e ainda tem um apoio específico para o programa de aquisição de alimentos, como o PAA, para as cozinhas solidárias, para os bancos de alimentos, para a agricultura urbana e periurbana. Então, são vários apoios, tanto técnico, quanto financeiro, pensando em melhorar o ambiente alimentar desses território”.
Presente no evento, o prefeito da capital Tião Bocalom, pontuou que o combate a fome sempre foi uma das prioridades do seu governo, investindo em produção. O gestor lembrou que quando assumiu a prefeitura o Restaurante Popular que atende hoje, pessoas em situação de vulnerabilidade estava fechado e que antes do término dessa sua gestão, garantiu que vai construir mais quatro novos restaurantes similares ao já existente, para atender cada vez mais a quem mais precisa.

Bocalom: “Precisamos melhorar a oferta de alimento” (Foto: Marcos Araújo/Secom)
“Eu sempre falei que nós precisamos melhorar a oferta de alimento para as pessoas. A gente sabe que nós temos muitas crianças desnutridas aqui na nossa capital. Muitas famílias estão exatamente no Bolsa Família, por quê? Porque o dinheiro é pequeno. Se o dinheiro é pequeno, evidentemente que vai estar sempre faltando alimento, sempre faltando àquela condição mínima para que as pessoas possam desenvolver o seu trabalho. Fora disso daí, nós temos o Restaurante Popular. Estamos construindo mais quatro restaurantes populares. A nossa prova o nosso compromisso com a alimentação das pessoas mais humildes, mais pobres”, disse o gestor.
Pelos projetos e já em fase final de licitação, os quatro novos Restaurantes Populares, devem ser construídos nas regionais do Tancredo Neves, Calafate, Cidade Nova e no bairro São Francisco.
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Brasileia: MPAC participa da 6ª Conferência das Cidades
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da Promotoria de Justiça Cível de Brasileia, participou da 6ª Conferência das Cidades, realizada na última quinta-feira (10) no polo da Universidade Aberta do Brasil, em Brasileia.
Com o tema “Construindo a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano: Caminhos para cidades inclusivas, democráticas, sustentáveis e com justiça social”, a conferência promoveu discussões voltadas à formulação de diretrizes para o desenvolvimento urbano sustentável do município.
Durante o encontro, foram debatidos temas como planejamento urbano, mobilidade, habitação, regularização fundiária, saneamento básico, políticas públicas, plano plurianual (PPA), gestão estratégica e financiamento. A iniciativa teve como objetivo estimular a participação da sociedade na construção de propostas que contribuam para o crescimento ordenado da cidade e para o fortalecimento da gestão democrática dos espaços urbanos.
O promotor de Justiça Juleandro Martins representou o MPAC no evento, que contou também com a presença de representantes do poder público municipal e estadual, integrantes de movimentos sociais e da comunidade local.
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Deputado Tadeu Hassem anuncia R$ 100 mil em emendas para o programa Acre Pela Vida e cumpre agenda no Alto Acre
O deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) reforçou nesta segunda-feira (14), durante evento no Colégio Elson Dantas, a destinação de R$ 100 mil em emendas parlamentares para o programa Acre Pela Vida, iniciativa que busca unir esforços de diversas instituições em prol da proteção e do desenvolvimento de crianças e adolescentes.
“Agradeço a todos em nome do cel. Edener, um amigo que me incentivou a fazer parte desse projeto, e ao governo, em nome do governador Gladson Cameli, que tem um olhar sensível à segurança”, afirmou o parlamentar ao destacar a importância do programa para o futuro das novas gerações.
Reunião com pastores da AMPEB
Ainda na região do Alto Acre, Tadeu Hassem participou de uma reunião com membros da Associação de Ministros e Pastores dos Municípios de Epitaciolândia e Brasiléia (AMPEB). Durante o encontro, foram debatidas pautas de interesse da comunidade, como a realização da Marcha para Jesus e o apoio às ações sociais desenvolvidas pelas igrejas evangélicas.
“Foi uma honra e uma satisfação dialogar com líderes que têm um papel fundamental em nossa sociedade. Juntos, podemos alcançar lugares cada vez mais altos”, afirmou o deputado.
Participação em eventos esportivos e culturais
O parlamentar também prestigiou a abertura dos Jogos Estudantis da regional do Alto Acre e marcou presença no 1º Campeonato Internacional de Pesca Embarcada, evento realizado no rio Acre que reuniu 74 equipes e cerca de 280 pescadores do Acre, Rondônia, Bolívia e Peru.
o deputado esteve na regional do Alto Acre, onde cumpriu uma agenda voltada à educação, esporte e lazer. Hassem participou da abertura dos Jogos Estudantis e do 1º Campeonato Internacional de Pesca Embarcada, evento que reuniu 74 equipes do Acre, Rondônia, Bolívia e Peru — totalizando 280 pescadores.
Mais de 500 quilos de peixe foram capturados durante a competição, que distribuiu mais de R$ 30 mil em prêmios. A atividade atraiu centenas de visitantes e moradores da região, promovendo lazer, cultura e movimentação econômica local.
O deputado destacou o potencial do evento para integrar comunidades fronteiriças e impulsionar o turismo. “Foi um momento de união entre povos e culturas, com impacto positivo também na economia regional”, afirmou.
- A festa teve do senador Sérgio Petecão, organizada pelo prefeito Carlinhos do Pelado. Foto: cedida
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