Crack: 60% da fronteira do Acre vive o pesadelo da droga, revela estudo da CNM

Entrada de Epitaciolândia e Brasileia, na fronteira com a Bolívia e que dá acesso também ao Peru; corredores da droga / Foto: Veriana Ribeiro

O Observatório do Crack, iniciativa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que 60% dos municípios de fronteira da região Norte vivem os dramas causados pelo crack. No Acre, 5 dos 22 municípios em região de fronteira foram analisados pelo Observatório –e os problemas são de toda ordem: violência geral, homicídios, roubos, aliciamento de menores e outros. “O levantamento mostra que não há uma diferença significativa no número das citações, o que leva a crer que o crack desencadeia nos municípios um conjunto de problemas”, confirma a CNM.

Os dados são a continuação do estudo “Os municípios brasileiros como protagonistas no enfrentamento ao crack” na ocasião da 15ª Marcha à Brasília em defesa dos Municípios, realizada em maio de 2012, que desenvolveu uma nova etapa do projeto: O Observatório do crack nos Municípios de Fronteira.

Quando perguntado quais eram os problemas enfrentados em decorrência das outras drogas, 20% dos entrevistados responderam que o furto é o principal problema. Em seguida, aparece o roubo (17%) e o homicídio (14%). Apesar de não estar entre os três primeiros problemas listados como os piores, a região Norte tem números que chamam a atenção quando o assunto é a exploração sexual, onde 11% dos Municípios pesquisados apontam a existência dessa situação em decorrência de problemas com crack e outras drogas.

Uma das formas de acesso pelas quais as drogas entram no Brasil são as rodovias federais, que são de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal, que só está presente em 4,5% dos municípios. Isso demonstra uma fragilidade no combate ao crimes ocorridos nessas vias. Já a Polícia Civil (72,7%) e a Polícia Militar (86,3%) têm uma representação um pouco maior nesta área.

A nova ferramenta do Observatório do Crack é um complemento ao sistema de informação Observatório do crack, cujo foco é a região de fronteira do país. Seguindo a mesma estrutura, o objetivo dessa nova ferramenta é disponibilizar ao gestor municipal e à sociedade informações sobre a rede de assistência ao dependente químico, legislação, cartilhas, artigos, boas práticas, notícias, eventos e tudo o que envolve a temática do consumo e da circulação de drogas em nosso país, considerando que os 588 Municípios que compõe a faixa de fronteira apresentam características mais específicas em relação à dinâmica do tráfico de drogas.

Além disso, a região apresenta uma diversidade geográfica, cultural e socioeconômica muito expressiva. Por isso, a necessidade de um olhar mais direto, uma vez que a região de fronteira é historicamente abandonada pelo Estado e marcada pela dificuldade de acesso a bens e serviços públicos.

O Acre tem várias cidades-gêmeas, das quais, segundo a CNM, 15% recebem viciados da Bolívia e Peru. Cidades-Gêmeas são duas cidades ou centros urbanos que são fundidos em uma área geográfica próxima que crescem umas com as outras, mas que não apresentam características sociais, culturais e econômicas comuns. Atualmente no Brasil existem 28 Municípios considerados cidades-gêmeas. O Acre é participante do programa “Crack: é possível vencer”, do Ministério da Justiça mas segundo o Observatório do Crack apenas 4,5% da região de fronteira recebeu recursos financeiros do Plano Nacional de Combate ao Acre.

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Publicado por
Alexandre Lima