Com rio seco, comerciantes levam mais de uma semana para chegar em cidades do interior do AC

As águas do Rio Juruá estão muito baixas e preocupam população que depende do manancial para comercializar produtos.

Embarcações levam mais de uma semana para concluir viagem que antes era feita em três dias — Foto: Reprodução

 Por Glédisson Albano, Jornal do Acre 2ª edição

Uma viagem que antes era feita em três dias agora leva mais de uma semana. Essa é a situação de comerciantes e moradores que utilizam o Rio Juruá para trabalhar e comercializar produtos. As águas do manancial estão muito baixas e têm preocupado a população.

Devido a problemas no sistema que faz a leitura do rio via satélite, o Corpo de Bombeiros do Acre não tem a medição do Rio Juruá. Nem mesmo com a tentativa de uma leitura manual foi possível saber o nível do manancial.

O Rio Juruá é via de acesso para seis municípios. De Cruzeiro do Sul, saem mercadorias para Rodrigues Alves, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo, no Acre. As cidades de Guajará e Ipixuna, no Amazonas, também mantém uma relação comercial e precisam dos serviços essenciais da cidade maior cidade acreana.

Porém, as atuais condições de navegações prejudicam o transporte de cargas e passageiros, que usa o rio para chegar a essas regiões. Morador da Comunidade do Muju, no Alto Rio Juruá, o produtor rural Odenizio Soares conta que está com muita dificuldade para chegar a Cruzeiro do Sul com a produção dele.

“Está péssimo para andar, a gente vem porque é o jeito que tem. Mas, não está fácil, tem muito banco de areia, de barro no meio do rio. Não tem mais remanso”, confessou.

Nível do Rio Juruá está baixo e tem dificultado viagens para cidades isoladas — Foto: Reprodução

Balsas pararam

As balsas que trazem mercadorias de outros estados ao município de Cruzeiro do Sul já pararam de operar há pelo menos dois meses. Já as embarcações menores viajam com dificuldades devido o baixo nível.

Luiz Elisson é dono de uma pequena embarcação. Ele trabalha com transporte de estivas para a cidade de Marechal Thaumaturgo. Elisson falou que com mais de 10 anos fazendo o mesmo percurso nunca viu o rio tão seco.

“De viagem, os barcos grandes, é de 15 dias que passam subindo. Trabalho na canoa pequena e venho encontrar o barcos carregados em Porto Walter. Tem que descarregar porque do jeito que sai daqui não chega lá, só chega com dois a três toneladas”, acrescentou.

Longa viagem

O comandante de embarcação Francisco Roberval é um dos que se arriscam para levar mercadorias para outras cidades.

Com seis toneladas de estivas, o comandante diz que, antes, a viagem era feita em três dias, mas agora são necessários sete dias, isso quando os barcos conseguem passar nos bancos de areia.

“Está difícil, tem muito pau e o rio seco. É complicado chegar lá, a gente vai, mas é de sete a oito dias para chegar. Tem canto que tem que entrar na água e precisa está empurrando. Tem um canto, chegando em Thaumaturgo, se não tiver com muito homem não passa. É muita pedra”, relembrou.

O comandante do Corpo de Bombeiros, José Oliveira, disse que para quem utiliza o rio é preciso ficar atento na hora de viajar.

“É importante que as pessoas que fazem esse trajeto, tanto com pessoas como com mercadorias, tenham cuidado porque está difícil a navegação no rio. Observem a questão do assoreamento, notamos que aumentou, existem muitos bancos de areia e troncos. É importante que tenham cuidado, principalmente se for viajar à noite”, advertiu..

Comentários

Compartilhar
Publicado por
G1 Acre