Cerca de 50 imigrantes voltam a ocupar ponte que liga Acre ao Peru em novo protesto para tentar deixar o Brasil

Secretaria diz que maioria dos imigrantes é de nacionalidade cubana, além de africanos, venezuelanos e haitianos. No início de março, após determinação da Justiça, grupo teve que cessar bloqueio da ponte.

Cerca de 50 imigrantes voltam a ocupar ponte que liga Acre ao Peru em novo protesto para tentar deixar o Brasil — Foto: Arquivo/Prefeitura

Por Iryá Rodrigues

Um grupo de pelo menos 50 imigrantes voltou a ocupar a Ponte da Integração, que liga a cidade acreana de Assis Brasil ao Peru, nesta segunda-feira (12). Com a fronteira fechada, eles tentam sair do Brasil, mas são impedidos pelas autoridades peruanas.

No último dia 8 de março, após a Justiça Federal deferir o pedido da União para reintegração de posse imediata, um outro grupo de imigrantes que estava acampado na ponte deixou o local, de forma pacífica e o fluxo de veículos foi liberado, depois de mais de 20 dias de protesto.

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O novo bloqueio foi confirmado pelo secretário de Assistência Social de Assis Brasil, Quedinei Correia.

Segundo ele, o grupo é formado por maioria de nacionalidade cubana, além de haitianos, venezuelanos e também africanos.

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“Eles foram fazer protesto e estão naquela mesma situação. Fecharam a ponte e querem uma definição para poder passar para o lado peruano e seguir seus destinos. É um novo grupo. Da outra vez, a maioria era haitianos e africanos. Estamos com um abrigo ativo, uma casa de passagem, onde tínhamos uma média de 20 imigrantes. No sábado [10] chegaram uns 30 a 40 imigrantes, na maioria cubanos, estavam na praça e ontem [domingo, 11] coloquei eles em uma casa, mas eles saíram de lá e foram para a ponte”, afirmou o secretário.

Grupo se concentra na Ponte da Integração nesta segunda-feira (12) entre Assis Brasil e Peru — Foto: Arquivo/Prefeitura

Crise migratória

A situação dos imigrantes começou a ficar tensa no interior do Acre no dia 14 de fevereiro, quando eles deixaram os abrigos que ocupavam e se concentraram na Ponte da Integração. No dia 16, os estrangeiros enfrentaram a polícia peruana e invadiram a cidade de Iñapari, no lado peruano da fronteira. Depois de confronto, o grupo foi mandado de volta para Assis Brasil.

Os estrangeiros que estão na cidade tentam sair do Brasil usando o Acre como rota. A ponte já chegou a ser ocupada por pelo menos 300 imigrantes, na maioria haitianos. Mais de 130 caminhões chegaram a ficar retidos tanto do lado brasileiro como no peruano e o prejuízo é calculado em mais de R$ 600 mil.

A crise imigratória resultou na visita do secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, que esteve no dia 19 de março em Assis Brasil para ver a situação.

Gomes se reuniu com o governador da Província de Madre De Dios, Luis Guillermo Hidalgo Okimura, e o prefeito de Iñapari, Abraão Cardoso. Na conversa, segundo a Agência do Governo do Acre, as autoridades peruanas informaram que o país avaliava uma forma de abrir a fronteira para liberar a passagem dos imigrantes.

Foi então que a União pediu a reintegração de posse contra os imigrantes que estavam acampados na ponte e a Justiça Federal deferiu o pedido no início de março. Desde então, o número de imigrantes na cidade do interior do Acre reduziu muito e a prefeitura desativou os abrigos montados em escolas. Um novo abrigo, com capacidade para 50 pessoas, foi instalado para receber os imigrantes que chegam ao município.

Rotas

São duas situações que fazem com que o número de imigrantes cresça na cidade de Assis Brasil; a primeira, a de imigrantes que entraram no Brasil entre 2010 e 2016 em busca de uma vida melhor e, com a crise da pandemia, tentam sair do país para seguir viagem até México, Canadá, Estados Unidos e outros países.

A segunda é que o Peru, mesmo fechando a passagem para a entrada de imigrantes, libera a saída deles para o lado brasileiro, então, é uma porta de entrada para venezuelanos.

Alguns dos imigrantes retidos no Acre também tentam uma rota alternativa para chegar na Bolívia e de lá seguir viagem.

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Publicado por
Marcus José