Caciques do interior do Acre proíbem que não-índios façam campanha em aldeias

Índios huin kuin, do Acre

Lideranças indígenas de 32 aldeias da etnia huni kuin (que significa “povo verdadeiro”), dos municípios de Jordão e Tarauacá, no interior do Acre, decidiram proibir durante a campanha eleitoral deste ano a entrada em suas terras de qualquer candidato que não seja índio.

O motivo alegado foi o não cumprimento de promessas feitas por candidatos que se elegeram em 2012. Em uma carta protocolada no posto de atendimento da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Jordão, e assinada por cada uma das lideranças dessas aldeias, os caciques explicaram a medida adotada.

Segundo Francisco Sabino Kaxinawá, vereadores das duas cidades que pediram votos nas terras indígenas em 2012 prometeram viabilizar, por meio de projetos, a entrega de barcos de alumínio, geradores de energia elétrica e outros equipamentos, mas esses benefícios nunca chegaram às aldeias.

“Foi discutida a política partidária para 2016 para que os vereadores não-indígenas não tenham permissão de sua entrada para a campanha nas aldeias entre os huni kuin das três terras. Motivo: na politica passada não recebemos o projeto, o material e os kits do governo”, diz trecho da carta.

Em Tarauacá e em Jordão, segundo a Justiça Eleitoral do Acre, estão registrados 60 candidatos a prefeito e vereador. Na região onde estão localizadas as aldeias proibidas para os candidatos não índios, estão cadastrados 400 eleitores indígenas.

A medida adotada pelos índios ainda não repercutiu entre os candidatos. Tanto que nenhuma representação de partidos questionou a proibição junto à Justiça Eleitoral, que, procurada, não comentou o assunto.

Fonte: Folha de São Paulo

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Publicado por
Alexandre Lima