Brasil
Boletim Regional mostra acomodação da economia no quarto trimestre
Levantamento é feito pelo Banco Central
A atividade econômica brasileira registrou acomodação no quarto trimestre de 2021, mas com “divergência de resultados” entre os setores. De acordo com o Boletim Regional, divulgado hoje (22) pelo Banco Central, o setor de comércio registrou nova retração no trimestre, em função da queda na renda real das famílias.
O setor de serviços manteve trajetória positiva, enquanto a produção industrial registrou estabilidade. O levantamento indica que a agricultura apresenta perspectiva positiva para 2022, apesar das condições climáticas adversas na Região Sul.
O Boletim Regional é uma publicação trimestral do Banco Central, que apresenta as condições da economia nas cinco regiões do país, enfatizando a evolução de indicadores que repercutem as decisões de política monetária – produção, vendas, emprego, preços, comércio exterior, entre outros.
Tendo por base o Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), o levantamento avalia que as economias regionais apresentaram “desempenho heterogêneo no quarto trimestre”, em uma comparação entre o período outubro a dezembro de 2021 com julho a setembro do mesmo ano. A Região Norte foi a que apresentou a maior queda (-1%), enquanto a maior alta ficou com o Centro-Oeste (0,9%). Nordeste e Sul tiveram crescimento (0,3%) e Sudeste apresentou queda (-0,4%).
Somente a Região Norte conseguiu recuperar os níveis pré-pandêmicos, no que se refere à massa de rendimento do trabalho. “Os recortes setoriais e por posição na ocupação evidenciam expansão generalizada no Norte, contrastando com Sudeste e Nordeste, onde trabalhadores formais e informais tiveram desempenhos piores”, diz o levantamento ao informar que a recuperação ainda se situa “em patamares deprimidos”.
Região Norte
No caso da Região Norte, o recuo da atividade no quarto trimestre se deve ao arrefecimento da economia durante a segunda metade do ano. “Em 2021, o crescimento refletiu expansões das economias do Pará e do Amazonas, impulsionadas pela recuperação dos setores de comércio e serviços ao longo do ano”, diz o levantamento.
O boletim, no entanto, lembra que o Norte foi a região cuja atividade menos recuara em 2020, com agricultura e comércio assinalando contribuições “menos intensas do que no ano anterior”. Na indústria, a estabilidade foi apresentada com “reversão nos desempenhos por segmento”: a extrativa passou de alta em 2020 para baixa em 2021, e a de transformação passou de baixa em 2020 para alta em 2021.
A alta no setor de serviços foi observada principalmente nas atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares. De acordo com o levantamento, a economia da região sofreu os efeitos do agravamento da pandemia e redução do Auxílio Emergencial no primeiro trimestre, situação parcialmente revertida nos dois trimestres seguintes. “No último trimestre do ano, a economia voltou a retrair, repercutindo fracos resultados da indústria (extrativa), comércio e serviços”, complementa o boletim.
Região Nordeste
O Nordeste manteve, no último trimestre de 2021, ritmo de crescimento semelhante ao observado no trimestre anterior, “com expansão na indústria de transformação e retração dos serviços e comércio”. Foi observado que, no caso do mercado de trabalho, o crescimento regional registrado em 2021 foi “insuficiente para retorno da atividade ao nível pré-pandemia”. Ainda assim, o BC avalia que esse mercado “segue evoluindo favoravelmente”, apesar de a ociosidade permanecer “elevada e os rendimentos deprimidos”.
A evolução favorável da construção contribuiu para a atividade regional, com geração de 41 mil postos de trabalho no ano. “Por outro lado, comércio e indústria – exceto produção e distribuição de eletricidade, gás e água – registraram arrefecimento ao longo de 2021”.
O levantamento indica que o Nordeste também foi impactado pela interrupção e posterior retomada do auxílio emergencial às famílias no primeiro semestre. “No primeiro trimestre, o desempenho positivo da agricultura e da construção compensaram o efeito contracionista da interrupção do auxílio emergencial, enquanto no segundo a expressiva queda da produção industrial foi o principal determinante da variação negativa do IBCR”, detalha o boletim.
Região Centro-Oeste
A Região Centro-Oeste avançou no último trimestre, revertendo queda observada em 2020. Segundo o BC, o resultado apresentou “contribuições positivas” da indústria de transformação, da agricultura e de serviços, em especial os prestados às empresas, e da construção, que registrou recuperação, na comparação com os dois anos anteriores, ampliando o emprego em 30 mil vagas no ano.
O crescimento registrado no setor de serviços possibilitou, em algumas áreas, retorno aos níveis observados no período anterior à pandemia. Isso, no entanto, não ocorreu em áreas específicas deste setor, como é o caso de alojamento e alimentação; educação e saúde privadas, e serviços domésticos, onde a recuperação foi apenas parcial.
“A expansão anual no Centro-Oeste decorreu da evolução favorável dos setores secundário e terciário, que mais que compensaram o recuo no setor primário (impactado pelos resultados das lavouras de milho, algodão e cana-de-açúcar), que detém participação significativa na economia regional”, diz o levantamento. A conjuntura favorável ao agronegócio e às exportações é, em particular, decorrente dos elevados preços de commodities produzidas na região, “com transbordamento para outras atividades, como construção, transportes e outros serviços”. O levantamento detalha que a produção de alimentos responde por cerca de 50% do Valor da Transformação Industrial (VTI) da região
No caso da indústria de transformação, sobressaiu o crescimento na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos.
Região Sudeste
A atividade econômica do Sudeste apresentou queda (-0,4%, no IBCR) no quarto trimestre. De acordo com o BC, o baixo dinamismo da indústria e do comércio têm dificultado a recuperação da economia da região. “O crescimento em 2021 [no Sudeste] foi suficiente para recompor as perdas observadas em 2020, exceção feita ao estado do Rio de Janeiro. A atividade regional, em grande medida, resultou da combinação dos desempenhos da indústria (especialmente os segmentos da transformação e da construção) e de serviços”, diz o levantamento.
O BC acrescenta que no setor de transformação, onde foi registrado “expressivo recuo” em 2020, a fabricação de veículos aumentou “significativamente” em 2021. “Essa mesma trajetória, embora em intensidade menor, repetiu-se em outras atividades, como nos segmentos metalmecânico, vestuário e têxtil e minerais não metálicos”.
A construção, que já havia iniciado recomposição no segundo semestre de 2020, continuou em recuperação, com aumento de 122 mil vagas de emprego, principalmente no segmento de construção de edifícios e serviços especializados em São Paulo e Minas Gerais.
O setor agrícola acabou por restringir a expansão econômica da região, prejudicado pelas quebras nas safras de cana-de-açúcar, café e milho.
“No último trimestre do ano, a economia da região perdeu dinamismo, em função dos resultados negativos da indústria e do comércio. Enquanto o varejo repercutiu retração na massa de rendimento, a indústria ainda apresentou dificuldades na cadeia de suprimentos, e sofreu os impactos da elevação dos custos de produção”, conclui o estudo.
Região Sul
Já a Região Sul apresentou “acomodação” do processo de recuperação no quarto trimestre. “As atividades registraram resultados mistos, destacando o avanço da produção industrial e da agricultura, enquanto comércio e serviços, sobretudo os prestados às empresas, arrefeceram na margem. No ano, o crescimento foi condicionado pelo avanço nos três setores, favorecidos pela base deprimida”, resume o BC.
Segundo o levantamento, após a queda da atividade em 2020, a produção agrícola registrou crescimento, com recuperação de safras no Rio Grande do Sul, após quebras no ano anterior, sobretudo na soja.
O BC acrescenta que a retomada da produção industrial teve “papel importante” na atividade regional. “Com exceção de alimentos e de produtos do fumo, as demais atividades apresentaram expansão, com destaque para máquinas e equipamentos, inclusive agrícolas”.
A construção seguiu aquecida, em especial graças ao mercado imobiliário, que ampliou em 37 mil o número de vagas de empregos formais na região. O setor de serviços registrou alta, apesar de algumas atividades apresentarem expansão insuficiente para compensar as perdas registradas em 2020. É o caso das áreas de alojamento e alimentação, educação e saúde privadas e serviços domésticos.
“No último trimestre, destacou-se o crescimento da produção industrial, sobretudo de outros produtos químicos, onde se insere a fabricação de fertilizantes e defensivos agrícolas”, destaca o boletim.
Crédito e inadimplência
O balanço apresenta também a evolução regional do crédito registrada no quarto trimestre de 2021. De acordo com o levantamento, o saldo de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu 5,3% no último trimestre de 2021, mantendo o ritmo de expansão do trimestre anterior.
O aumento no segmento empresarial ficou em 4,2%. Já as operações com pessoas físicas registrou alta de 6,1%. “Houve desaceleração na variação trimestral em todas as regiões, exceto Sudeste, onde o saldo de crédito ficou em 2,5%”.
A expansão no conjunto das regiões foi influenciada pelos aumentos nos financiamentos rurais (R$ 31,8 bilhões) e imobiliários (R$ 27,6 bilhões). O crédito rural às famílias sobressaiu no Norte, Centro-Oeste e Sul. As maiores contribuições ocorreram em Goiás (R$4,7 bilhões), Paraná (R$3,5 bilhões) e Mato Grosso (R$3,3 bilhões). No Sudeste e Nordeste despontaram as operações de cartão de crédito à vista e financiamentos imobiliários.
A inadimplência apresentou estabilidade no quarto trimestre, em relação ao terceiro. O resultado se deve à elevação de taxas cobradas de pessoas físicas e à redução das referentes a pessoas jurídicas.
Balanças comerciais regionais
A combinação de preços de commodities em alta, continuidade do real em nível depreciado e firme demanda da China resultou na elevação do saldo comercial brasileiro, sobressaindo, regionalmente, os resultados de Sudeste e Norte. As maiores exportações tiveram como base os “desempenhos consideráveis” das vendas de minério de ferro (Sudeste e Norte), soja em grão (Centro-Oeste e Sul) e óleos brutos de petróleo (Sudeste).
“Por outro lado, destaca-se a diminuição nos saldos comerciais de Centro-Oeste, Sul e Nordeste, condicionada pelo aumento mais acentuado das importações que na média do país, sob impacto tanto de preços quanto de volume, notadamente de bens intermediários”, complementa o boletim.
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Suspeito preso por levar 11 fuzis para a Penha foi liberado da prisão pela Justiça 12 dias antes
Leandro Rodrigues da Silva, de 38 anos, tinha sido preso pela Polícia Rodoviária Federal no dia 15 de janeiro com 30 kg de drogas, mas foi solto na audiência de custódia no dia 18.
Leandro Rodrigues da Silva, de 38 anos, foi preso pela Polícia Federal, na madrugada desta quinta-feira (30), dirigindo um carro que levava 11 fuzis, de calibres 5,56 e 7,62, para o Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.
A prisão de Leandro aconteceu 12 dias depois dele ser liberado em uma audiência de custódia, em Campos dos Goitacazes, no Norte Fluminense. Ele havia sido preso por tráfico de drogas.
Morador da Zona Oeste do Rio, com ensino médio completo e se apresentando como motorista de aplicativo, Leandro foi preso no dia 15 de janeiro por policiais rodoviários federais, quando dirigia um Ford Fiesta, no quilômetro 203, da BR-101, em Casimiro de Abreu, no Norte Fluminense.
No veículo, os policiais rodoviários encontraram:
- 31,5 kg de maconha distribuídos em 41 tabletes em um saco preto;
- 1.439 frascos de líquido de cheirinho de loló;
- Dois galões de líquido semelhante a cheirinho de loló;
- 2 pacotes com pinos transparentes vazios;
- R$ 1.874 em dinheiro.
Levado para a 121ª DP (Casimiro de Abreu), Leandro mudou a versão de que tinha pegado a droga em Casimiro de Abreu. Ele contou que o carro foi abastecido na Linha Vermelha e seguia para Macaé. Em nenhum momento, segundo o Ministério Público, alegou estar fazendo uma corrida de aplicativo ou falou em entregador ou destinatário.
Leandro ficou preso por dois dias e, às 10h09 do dia 18 de janeiro, foi levado para a audiência de custódia. Na ocasião, o juiz Iago Saúde Izoton decidiu pela soltura de Leandro contrariando o MP, que pediu a conversão da prisão em flagrante para preventiva.
Em suas alegações, o magistrado informou que “a prisão preventiva se revela excepcional”:
A partir daí, o magistrado determinou que Leandro se apresentasse diante do juiz todo dia 10 de cada mês. Após a decisão do juiz, a promotora Luíza Klöppel, do Ministério Público estadual recorreu.
O MP apontou a gravidade do caso envolvendo o transporte da droga e o risco de que Leandro voltasse a delinquir.
12 dias depois da liberdade, os fuzis
Na noite de quarta-feira (29), os policiais federais da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE) iniciaram uma vigilância na serra, na altura do município de Paulo de Frontin em busca de uma moto que transportava material ilícito.
Ao encontrarem a BMW, presenciaram o momento em que o ocupante repassou duas malas ao motorista de um Nissan preto. O veículo foi seguido pelos policiais até um posto de gasolina onde foi feita a abordagem.
O motorista do carro era Leandro Rodrigues da Silva. O da moto, Gutenberg Samuel de Oliveira. Ambos foram presos e os veículos apreendidos.
O carregamento tinha 8 fuzis, de calibre 5.56 e 3 fuzis calibre 7.62, além dos veículos utilizados no transporte das armas. Todas as armas com a marca de uma caveira semelhante ao personagem Justiceiro, da Marvel.
De acordo com as investigações preliminares, o arsenal teria como destino os complexos da Penha e do Alemão, onde está baseada a chefia da facção Comando Vermelho.
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Argentina corta taxas e Brasil volta a ter maior juro real do mundo
País comandado por Javier Milei caiu da primeira para a terceira posição, após seu Banco Central reduzir suas taxas de juros em 3 pontos percentuais. Topo agora está com Brasil e Rússia.
O Brasil passou a ter o maior juro real do mundo. Na noite de quinta-feira (30), o Banco Central da Argentina, antiga líder do ranking, promoveu um novo corte em sua taxa básica de juros e tirou o país da primeira posição.
A autoridade monetária reduziu suas taxas de 32% para 29% ao ano. Segundo a instituição, essa redução é consequência da “consolidação observada nas expectativas de menor inflação.”
A Argentina encerrou 2024 com uma inflação anual de 117,8%. Apesar de ainda estar bastante alta, houve uma forte desaceleração em relação aos 211,4% registrados em 2023.
Com a taxa de juro real é calculada, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal do país descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses, o juro real argentino caiu para 6,14%. O país passou, então, para a terceira colocação no ranking.
Quem assume a ponta é antigo vice-líder, o Brasil. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar mais uma vez a Selic em 1 ponto percentual, levando o juro nominal a 13,25% ao ano, e o juro real a 9,18%.
Na segunda posição vem a Rússia, com uma taxa de juros real de 8,91%.
Veja abaixo os principais resultados da lista de 40 países.
Ranking de juros reais
Taxas de juros atuais descontadas a inflação projetada para os próximos 12 meses
Alta da Selic
Na última quarta-feira (29), o Copom anunciou sua decisão de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para a casa de 13,25% ao ano.
Na decisão anterior, em dezembro, a autoridade monetária já havia elevado a taxa básica em 1 ponto percentual, para a casa de 12,25% ao ano. A decisão marca a quarta alta seguida da Selic.
Juros nominais
Considerando os juros nominais (sem descontar a inflação), a taxa brasileira permaneceu na 4ª posição.
Veja abaixo:
- Turquia: 45,00%
- Argentina: 29,00%
- Rússia: 21,00%
- Brasil: 13,25%
- México: 10,00%
- Colômbia: 9,50%
- África do Sul: 7,75%
- Hungria: 6,50%
- Índia: 6,50%
- Filipinas: 5,75%
- Indonésia: 5,75%
- Polônia: 5,75%
- Chile: 5,00%
- Hong Kong: 4,75%
- Reino Unido: 4,75%
- Estados Unidos: 4,50%
- Israel: 4,50%
- Austrália: 4,35%
- Nova Zelândia: 4,25%
- República Checa: 4,00%
- Canadá: 3,25%
- Alemanha: 3,15%
- Áustria: 3,15%
- Espanha: 3,15%
- Grécia: 3,15%
- Holanda: 3,15%
- Portugal: 3,15%
- Bélgica: 3,15%
- França: 3,15%
- Itália: 3,15%
- China: 3,10%
- Coreia do Sul: 3,00%
- Malásia: 3,00%
- Cingapura: 2,98%
- Dinamarca: 2,60%
- Suécia: 2,50%
- Tailândia: 2,25%
- Taiwan: 2,00%
- Suíça: 0,50%
- Japão: 0,50%
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De volta à planície: ex-presidentes da Câmara contam como é deixar o poder e analisam desafios do novo comando
Deputados que já comandaram a Casa analisam desafios do próximo presidente. Próxima eleição da cúpula da Câmara está marcada para 1º de fevereiro.
No dia 1º de fevereiro, a Câmara dos Deputados elegerá um novo presidente para comandar o colegiado pelos próximos dois anos.
Com isso, Arthur Lira (PP-AL) retornará à planície, termo comumente utilizado no Congresso para se referir aos deputados sem acesso aos cargos da mesa diretora, instalada no centro do plenário. Quem se senta à mesa, tem visão completa dos deputados que estão no plenário, abaixo, por isso o termo “planície”.
A reportagem ouviu cinco ex-presidentes da Câmara que responderam às mesmas perguntas sobre o que a saída desse cargo representou em suas trajetórias. João Paulo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Rodrigo Maia não deram entrevistas.
Estranhamento
A experiência da maioria mostra que o dia seguinte após deixar o cargo pode ser seguido de estranhamento pelo poder perdido.
“Claro que a mudança é brusca e que você tem que passar por um período de adaptação, porque você não pode criar ilusão que o poder é seu”, diz Aldo Rebelo, que ocupou o posto entre 2005 e 2007 pelo PCdoB.
Uma saída é recorrer às antigas amizades, conta Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara pelo PT entre 2007 e 2009.
Entre os políticos, há desconforto em retornar para os trabalhos da Casa sem ocupar um cargo decisório.
“Eu reconheço que, toda vez que um presidente sai e precisa voltar para o plenário, fica uma situação talvez um pouco desconfortável”, afirma Michel Temer, presidente da Casa em três ocasiões.
Segundo ele, seu processo foi mais simples por ter deixado o comando da Câmara pela primeira vez, em 2001, para assumir a presidência do MDB, e na segunda vez, em 2010, ser vice-presidente da República, na chapa de Dilma Rousseff.
Uma saída, segundo Marco Maia, presidente da Câmara pelo PT entre 2011 e 2013, é não entrar no cargo com expectativa de prolongação de poder.
A dificuldade de reposicionamento depois da saída do comando da Casa também aflige Arthur Lira. Ele é cotado para assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios do presidente Lula, mas há impasse sobre sua adesão completa ao governo.
Papel como ex-presidente
O grupo é uníssono sobre a relevância de um ex-presidente da Câmara. Para Aécio Neves, presidente da Casa de 2001 a 2002 pelo PSDB, a experiência é útil para os sucessores.
Para ele, não estar à frente das decisões demanda, muitas vezes, maturidade. “[É importante] encontrar o seu espaço e não ficar disputando permanente holofotes. É um exercício de maturidade que todos os homens públicos devem buscar em determinado momento da sua trajetória.”
Chinaglia afirma que a forma como o presidente atua impacta no tamanho da influência após a saída do cargo. “Depende de como você chegou, de como você se elegeu e de como você saiu. Se o cara for respeitado pelo que ele pensa, se cumpre com a palavra, ele se mantém influente”, afirma.
Desafios
Os ex-presidentes da Casa destacam o novo protagonismo da Câmara em relação ao Orçamento, com influência cada vez maior do Poder Legislativo em detrimento do Executivo.
Para alguns, há excessos na nova atuação. “Eu acho que há um certo, digamos, exagero na volúpia do Congresso sobre nacos do Orçamento”, afirma Aécio.
Marco Maia afirma que a discussão sobre o orçamento tem tamanho maior que as outras pautas da Casa, e que por isso os deputados buscam atuar mais como “executores do que legisladores”.
O desgaste pelas quedas de braço do Legislativo com o Executivo e com o Judiciário é apontado pelos ex-presidentes como um desafio importante para o próximo ciclo da Câmara.
“Restabelecer os limites das atribuições de cada um dos poderes é o maior desafio do próximo presidente da Câmara. Sobretudo, garantir uma relação harmoniosa entre os poderes, definindo limites”, diz Aécio.
Para Chinaglia, o desafio do momento é defender a democracia, impondo respeito à Casa, mas viabilizando a construção de acordos. Já Temer destaca a importância da regulamentação total da reforma tributária, iniciada no ano passado.
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