Por Aline Nascimento, G1 AC
A onça em tamanho real, de 2 metros, exposta no atelier do mecânico Fredson Sarah da Costa, de 38 anos, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, não causa medo como um animal de verdade, mas impressiona. Apaixonado por desenhos, Costa faz esculturas em fibra de vidro como hobby.
No espaço montado na parte de trás de casa, no bairro Telegrafo, é possível encontrar ainda jacarés, cobras, cavalos, leões e até personagens de desenhos animados em tamanhos pequenos.
Autodidata, Costa é mecânico profissional, mas passa o tempo livre entre latas de tinta, pincéis, galhos de árvores, papeis, entre outros.
“Trabalhava como empregado, mas está ruim de serviço e estava pagando pouco. Faço mais porque gosto, mas tem muita peça que fiz e não vendi. Não dar para fazer nada (de lucro) por mês, só quando tem alguém de fora e compra”, relatou.
Para produzir as esculturas, o mecânico diz que usa resina, manta de fibra, tinta e outros materiais. Em peças como as onças de dois metros, Costa revelou que gasta entre R$ 500 a 600 em material.
Costa contou que tem duas onças em tamanho reais no atelier. Cada escultura levou até um mês para ficar pronta, mas se ele se dedicar exclusivamente ao trabalho a peça fica pronta em 15 dias. Sem muita clientela, o mecânico disse que ainda não conseguiu vender nenhuma escultura das onças.
“Tiro o molde de alguns animais mortos que já achei. Nunca achei uma onça de verdade, mas estive em uma aldeia indígena e tirei o molde do crânio de uma onça que tinha lá. Então, sai em tamanho real e o corpo vou modelando”, explicou.
O artista diz ainda que faz peças sob encomenda para amigos e conhecidos. Ele já esculpiu uma escultura do famoso herói japonês Jaspion, personagem de um seriado que marcou a década de 1980.
“Fiz um Jaspion para um cara daqui, fiz barato de R$ 500. Media 60 centímetros. Fiz um cavalo, um boi para o morador daqui. O cavalo que fiz foi pequeno. Faço super herói, já me encomendaram uns”, destacou.
No atelier do mecânico há entre oito a nove esculturas distribuídas pelo espaço. As peças pequenas saem entre R$ 200 a R$ 400, dependendo do tamanho. Porém, o artista diz que as vendas são poucas e não consegue tirar uma renda das produções.
“Desde os 13 anos desenhava, gostava muito de desenhar quadrinhos. Mas, foi aos 18 anos no Exército que vi entalhes de madeira e comecei a entalhar e depois fui para escultura. Hoje ensino uns rapazes daqui a técnica porque ninguém sabe”, concluiu.