Por Iryá Rodrigues, G1 AC
Após a fuga em massa registrada no último dia 20, mais de 400 presos dos pavilhões O e P do Complexo Penitenciário de Rio Branco, iniciaram uma greve de fome, nesta segunda-feira (27). A informação foi confirmada pelo Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC).
O presidente do Iapen-AC, Lucas Gomes, informou que o motivo seria uma série de reclamações após a proibição de televisores, rádios e redução do tempo de visitas determinado pelo órgão no ano passado.
“Pelo menos dois prédios já recusaram alimentação agora de manhã, coincidentemente após o dia de visita, que é quando eles recebem também alimentação. Mas, a gente aguarda para ver o desenrolar disso tudo. De acordo com as informações preliminares, esses presos afirmam que perderam uma série de direitos no ano passado. Na nossa visão, foram regalias que foram retiradas, no sentido de diminuir o poderio das organizações criminosas”, afirmou Gomes.
Vídeos com supostos presos encapuzados de dentro do presídio denunciando irregularidades nas unidades prisionais do estado circulam nas redes sociais. “Estamos esquecidos, isolados e tratados como bicho”, diz preso em um dos vídeos.
Ainda segundo o presidente, a greve de fome, geralmente, é promovida por organizações criminosas que estão nos presídios. Ele disse que os que estão à frente das facções acabam obrigando os demais a aderirem ao movimento.
“A gente sabe que nos últimos dias de visita, sábado e domingo, a gente teve entrada além do normal de comida. Temos informação, inclusive, que pediram para ser mais farofa, porque estariam promovendo essa pseudogreve de fome. Justamente para pressionar o poder público em torno de regalias dentro do sistema penitenciário, algo que a gente, claro, não tem a intenção de recuar”, disse.
A comida recusada pelos presos deve ser doada a pessoas carentes. “O estado não pode deixar de produzir essa alimentação. Então, a gente estará produzindo, oferecendo aos presos e, caso eles não aceitem, a gente pretende fazer a doação e dar a quem realmente necessita”, concluiu.
Vinte e seis presos fugiram do Complexo Penitenciário de Rio Branco, no último dia 20. Destes, nove foram recapturados e os outros 17 seguem foragidos.
Para escapar do presídio no último dia 20, os detentos fizeram um buraco na parede da cela e improvisaram cordas com lençóis. Os presos são da facção criminosa denominada Bonde dos 13, aliada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua em vários estados brasileiros.
Em coletiva, o secretário de Segurança Pública em exercício, Ricardo dos Santos, não descartou uma possível ligação entre a fuga em massa no FOC e o caso dos 76 detentos que fugiram de um presídio no Paraguai, no último dia 19.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou um procedimento administrativo para investigar as fugas no FOC. O promotor Tales Tranin acompanha as investigações das polícias Civil, Militar e do Iapen-AC para saber se houve facilitação de algum servidor público nas fugas.
No sábado (25), o Iapen-AC divulgou uma nota atualizando a lista de foragidos. Leia a nota:
No dia da fuga, uma lista foi divulgada por meio de aplicativo de rede social, onde constava o nome dos detentos foragidos bem como o primeiro preso encontrado, tendo em vista que este foi recapturado ainda durante o momento da fuga.
Ocorre que na lista constava o nome do reeducando Anderson de Souza Alves, que havia sido transferido do pavilhão L para o pavilhão A e que por isso não foi encontrado no momento da contagem. Verificada a situação, a lista foi atualizada pela equipe de segurança e o nome do reeducando Ezimar Menezes Teixeira foi inserido à lista no lugar de Anderson de Souza Alves.
NOTA DA REDAÇÃO: a lista de foragidos foi atualizada no sábado, 25/1.