Judoca de 15 anos do interior do Acre perde na primeira luta, mas obtém vitória histórica sobre dura realidade
Assessoria/COB
Vestir um quimono e fazer força para derrubar um oponente é uma atividade que faz o garoto Alexandre Queiroz sorrir com os olhos, mesmo ao sair derrotado logo na primeira luta! Para o adolescente de Epitaciolândia, no Acre, qualquer esforço ou revés no Esporte são mais leves do que a dureza que a vida lhe apresentou desde muito pequeno. Para ajudar a colocar comida dentro de casa, o menino começou a trabalhar com 9 anos de idade no cultivo de milho e arroz, perto da fronteira do Brasil com a Bolívia.
Atualmente, aos 15 anos, Alexandre ainda segue com a pesada atividade na roça, que ele concilia com estudos e treinamentos de judô, mas o rapaz pode dizer com orgulho que honrou sua família ao vencer a seletiva do Acre e marcar presença como atleta nos Jogos da Juventude Ribeirão Preto 2023. A participação do faixa laranja durou apenas um combate, mas é a primeira grande vitória de uma luta por dignidade.
“Desde o meus 9 anos, eu trabalho na plantação, de milho e arroz, ainda não consegui parar. Levo todo meu esforço e história de vida para dentro do tatame. No cultivo, você aprende a dar os primeiros passos na vida, assim que funciona na minha cidade, desde menino. É ganhar dinheiro, mesmo pouco, para ajudar a colocar comida em casa”, disse Alexandre.
Para participar dos Jogos da Juventude, o atleta precisa estudar em uma escola pública ou privada. Aluno do nono ano, Alexandre sabe a importância da Educação.
“Epitaciolândia é uma cidadezinha pequena no interior do Acre que vive bastante da plantação de milho. Antes tinha muito mais criança trabalhando nas plantações, agora diminuiu, mas é muito comum. Sei que lugar de criança é na escola, eu consigo estudar e trabalhar, mas não dá para só estudar ainda. Quero fazer uma faculdade para crescer na vida, talvez Engenharia”, falou o garoto.
Ao ser derrotado por Paulo Ribeiro, de Roraima, na primeira luta, o menino não fechou a cara ou chorou. Ele fez questão de ressaltar que o fundamental é ter conseguido disputar os Jogos da Juventude.
“Eu nem consigo falar sobre a importância de estar aqui nos Jogos. Mostrei que posso estar aqui, representei Epitaciolância e meu estado. Jamais vou esquecer”, afirmou o judoca.
Serão mais três dias viajando de ônibus de Ribeirão Preto para o interior do Acre. Alexandre Queiroz ainda terá que se desdobrar para treinar, estudar e trabalhar. Mas as doces memórias dos Jogos da Juventude farão com que ele sinta que, a despeito da dura realidade que vive, ele tem direito a realizar sonhos, dentro ou fora do Esporte.