Acre registra aumento de 16% em estupros em 2024, com 77% das vítimas sendo menores de 14 anos

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram 860 casos no estado; Amazônia Legal tem taxa 38% superior à média nacional

O Acre contabilizou 860 registros de estupro, contra 736 no ano anterior, o que representa um aumento de 16%, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Foto: ilustrativa 

O Acre registrou 860 casos de estupro em 2024, um aumento de 16% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizadas 736 ocorrências. Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelam que a maioria esmagadora das vítimas é formada por crianças e adolescentes: 77% tinham até 14 anos na época da consumação do crime.

O estado integra o preocupante cenário da Amazônia Legal, onde a violência sexual cresceu significativamente. A região somou 13.312 ocorrências em 2024, com uma taxa de 90,4 casos por 100 mil habitantes – índice 38% superior à média nacional.

Outros estados da região também registraram aumentos expressivos: Roraima (13%), Amapá (14%) e Maranhão (14%). O Amazonas liderou o crescimento proporcional, com alta de 41%, enquanto o Tocantins foi o único a apresentar queda (9%).

Para a pesquisadora Isabella Matosinhos, do FBSP, o avanço das facções criminosas na região está diretamente relacionado ao aumento dos casos. “As masculinidades que operam dentro das facções são, muitas vezes, orientadas por estruturas machistas. Isso se reflete diretamente nos índices de violência sexual”, afirmou. Ela destacou que áreas de fronteira, com menor presença do Estado, tornam mulheres e crianças mais vulneráveis à violação.

Cenário na Amazônia Legal
  • Total de casos: 13.312 estupros
  • Taxa regional: 90,4/100 mil hab.
  • Comparativo: 38% acima da média Brasil
Variações estaduais (2023-2024)
  • Amazonas: +41% (maior alta)
  • Acre: +16%
  • Roraima, Amapá, Maranhão: +13% a +14%
  • Tocantins: -9% (única queda)
Fatores explicativos
  • Vítimas: 77% menores de 14 anos
  • Facções: Masculinidades machistas refletem em violência sexual
  • Fronteiras: Menor presença do Estado aumenta vulnerabilidade

O crescimento dos estupros no Acre acompanha a expansão das facções criminosas no estado, onde 100% dos municípios têm presença de organizações ilegais. A combinação de fronteiras permeáveis, desigualdades sociais e estruturas machistas cria ambiente propício para violações de direitos de mulheres e crianças.

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Publicado por
Marcus José