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Acre pode receber ferrovia internacional em acordo entre Brasil e China e se tornar rota estratégica para o Pacífico

O governo brasileiro e a República Popular da China assinaram nesta segunda-feira (7) um memorando de entendimento que prevê estudos técnicos conjuntos para o desenvolvimento de uma ferrovia de integração nacional com conexão bioceânica. O projeto visa estabelecer uma ligação ferroviária entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico, criando um novo corredor logístico que poderá reposicionar o Acre como uma das regiões mais estratégicas do país.

Segundo o Ministério do Planejamento, a ferrovia é uma das obras prioritárias para a infraestrutura nacional e pode representar um marco no escoamento da produção brasileira para os países asiáticos, encurtando distâncias e reduzindo custos logísticos.

Traçado ainda indefinido, mas Acre ganha destaque

O traçado final da ferrovia ainda será definido com base nos estudos técnicos e ambientais. No entanto, duas rotas principais estão em avaliação para o trecho oeste:

  • Rota via BR-364, passando por municípios como Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, conectando o Acre à região amazônica e ao Peru.

  • Rota via BR-317, que parte de Rio Branco e segue por Senador Guiomard, Capixaba, Epitaciolândia, Brasiléia e Assis Brasil, alcançando a cidade peruana de Iñapari e, posteriormente, o porto de Chancay, no litoral do Pacífico.

Esta última opção, que inclui o corredor Brasiléia–Assis Brasil, é considerada estratégica por já possuir conexão terrestre com o Peru por meio da Estrada do Pacífico, inaugurada em 2010, e por fazer parte de acordos de integração fronteiriça entre os dois países.

Potenciais impactos socioeconômicos para o Acre

A possível inclusão do Acre no trajeto da Ferrovia Bioceânica pode gerar uma série de efeitos positivos de ordem econômica e logística, especialmente nos municípios ao longo da BR-317 e BR-364:

  • Integração direta com os mercados andinos e asiáticos, facilitando exportações de grãos, carnes e produtos da indústria extrativa.

  • Redução no custo e tempo de transporte de mercadorias entre o Brasil e a Ásia.

  • Atração de investimentos em infraestrutura logística, como terminais ferroviários, centros de distribuição, portos secos e zonas de livre comércio.

  • Geração de empregos diretos na fase de construção da ferrovia e indiretos no setor de comércio, serviços e transporte.

  • Dinamização do comércio fronteiriço com Bolívia e Peru, principalmente nos municípios de Brasiléia e Epitaciolândia.

O memorando também reforça o papel do Acre como ponto de interligação entre o Brasil e os países vizinhos, fortalecendo a presença do estado em projetos de integração continental sul-americana.

Embora os benefícios econômicos sejam significativos, a implementação da ferrovia exigirá estudos ambientais rigorosos, já que o traçado pode atravessar áreas sensíveis da Floresta Amazônica, unidades de conservação e terras indígenas.

Os estudos técnicos devem avaliar o impacto sobre comunidades tradicionais, o desmatamento indireto e o risco de degradação ambiental nas áreas de influência direta e indireta da obra.

Acordo com a China e próxima etapa

O acordo com a China prevê a realização de estudos conjuntos de viabilidade técnica, econômica e ambiental. Os primeiros relatórios estão previstos para serem apresentados até o fim de 2025. A ferrovia está inserida em um contexto mais amplo de parceria internacional, especialmente com países integrantes da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), promovida pelo governo chinês.

Além do transporte de cargas, o projeto também poderá permitir, no futuro, o transporte de passageiros e a criação de polos industriais ao longo do seu percurso.

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Publicado por
Jonys David (Ceara)