‘A segurança das cadeias do Acre vai parar na UTI’, diz presidente do Agepen sobre fim das revistas

Marques também comenta que as unidades estão superlotadas.

Presidente do Agepen, Adriano Marques

Agência ContilNet

O Diário Oficial da União (DOU) publicou nesta terça-feira (2) uma resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária sobre o fim da revista íntima nos presídios brasileiros. A resolução não tem força de lei, mas deverá orientar as autoridades penitenciárias estaduais a acabar com os procedimentos de revista vedados pelo conselho.

A resolução classificou como uma prática “vexatória, desumana ou degradante”. Ainda de acordo com a publicação, o conselho pede o fim do desnudamento (parcial ou total), da introdução de objetos nas pessoas revistadas, dos agachamentos ou saltos e do uso de cães ou animais farejadores durante o procedimento.

O conselho argumenta que levou em conta “a necessidade de coibir qualquer forma de tratamento desumano ou degradante, expressamente vedado na Constituição Federal” e “a necessidade de manter a integridade física e moral dos internos, visitantes, servidores e autoridades” no sistema penitenciário brasileiro.

Horas depois da publicação, a ContilNet Notícias questionou o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Agepen-AC), Adriano Marques, sobre essa resolução que, inclusive, pode ser adotada nos presídios do Acre.

Inicialmente, o presidente relatou que se instalou um caos no sistema penitenciário do Acre. Faltam equipamentos básicos de trabalho e aparelhos que poderiam ser usados para detectar objetos e até, drogas que poderiam ser levados por visitantes.

“Essa resolução foi como colocar a carroça na frente dos bois e expor ainda mais risco para o servidor penitenciário. Nenhuma unidade prisional do estado do Acre possui estrutura adequada. Faltam equipamentos básicos de segurança como, por exemplo, o aparelho de raio X, scanner corporal e monitoramento de vídeo”, diz.

Marques também comenta que as unidades estão superlotadas. “Temos baixo número de agentes penitenciários, o que aumenta muito o risco de rebelião. Todo plantão é tenso. Imagine como ficaria a nossa situação se essa resolução foi seguida no Acre!”, comenta.

Segundo ele, o estado do Acre é o único da Federação brasileira que não possui nenhum tipo de planejamento estratégico para o sistema penitenciário.

“Não existe projetos para proibição do cigarro em presídios. Não existem projetos para vídeo conferência, que poderia até reduzir gastos com diárias, manutenção de viaturas e combustível. Não existe projeto de bloqueador de celular. A Frente Popular está há 16 anos no poder e nem sequer conseguiu comprar um simples bloqueador de celular”, afirma.

Por fim, o presidente do Agepen enfatiza que é preciso refletir na situação dos presídios, caso o Instituto Penitenciário do Acre (Iapen) siga as normativas do Conselho de Justiça.

“Em nenhum momento, saiu uma resolução obrigando os estados a equiparem os presídios. Se o nosso estado seguir essa normativa, a segurança dos nossas cadeias vai parar na UTI”, finaliza.

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Publicado por
Alexandre Lima