Secretaria de Saúde confirma 6 casos de meningite e duas mortes pela doença no Acre em 2019

Dois pacientes estão internados no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco com a doença. Desde janeiro deste ano, foram registrados dois óbitos por meningite.

Mais uma paciente deu entrada no Huerb, no sábado (22), com diagnóstico de meningite bacterianaa — Foto: Quésia Melo/G1

Após a internação de um paciente com meningite bacteriana em Rio Branco, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) divulgou, neste sábado (22), um boletim epidemiológico com os casos notificados, confirmados, e mortes pela doença no estado.

O material mostra os casos registrados na semana epidemiológica 24, que terminou no dia 15 deste mês, e foram, ao todo, 20 casos notificados e cinco confirmados. Ainda no documento, é citado o caso do paciente de Senador Guiomard, registrado já na semana epidemiológica 25, que iniciou dia 16 e encerra neste sábado (22).

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Com isso, o Acre tem 21 casos notificados de meningite e seis confirmações da doença. A Saúde ressaltou que os dados podem sofrer alterações conforme os municípios do interior vão enviando os dados.

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“Esses casos acontecem rotineiramente, mas, o que aconteceu foi de, em uma semana, a gente ter aquela questão de Plácido de Castro [soldado boliviano] e logo depois de Senador Guiomard. Mas, é importante ressaltar que não tem relação entre eles”, explicou a coordenadora da Área Técnica das Meningites do estado, Helena Catão.

Dos cinco casos confirmados até o dia 15, um foi por meningite viral, dois casos de meningite não especificadas, um de meningite de haemophilus e um de meningite bacteriana não especificada. O caso do paciente de Senador Guiomard, registrado depois do dia 16, é de bacteriana – meningocócica.

Mortes

Ainda segundo o boletim, houve duas mortes pela doença no estado desde o início do ano. Uma delas foi de uma adolescente, em março, na capital acreana, Rio Branco, por meningite bacteriana não especificada. A segunda morte foi de uma criança em Tarauacá.

“Todas as medidas são adotadas, diante da suspeita, e de alguns critérios técnicos que são levados em consideração para gente tomar ou não determinadas medidas”, frisou a coordenadora.

Casos de 2018

Embora não tenha sido divulgados pela Sesacre, em 2018, o Acre recebeu mais de 60 notificações da doença. Destas 29 casos foram confirmados, o que representa uma incidência de 3,3 casos por 100 mil habitantes.

Foram 14 de meningite não especificadas, 11 de bacteriana, duas de viral e outras duas de outras etiologias.

Paciente de Senador Guiomard

Um homem de 58 anos deu entrava com suspeita da doença no hospital do município de Senador Guiomard, no interior do Acre. Após a suspeita, ele foi transferido para o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), na quarta-feira (19).

Conforme a secretaria, o paciente está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Huerb. Na quinta (20), foi feito o exame para saber do que se tratava e ficou confirmado o caso da meningite bacteriana – meningocócica.

Ainda segundo o boletim divulgado neste sábado (22), o paciente mora em uma fazenda na cidade de Acrelândia, também no interior do estado. O homem começou a sentir os sintomas, como febre e dor de cabeça, no domingo (16), mas, tomou medicação em casa.

Na quarta (19), o quadro de saúde do homem se agravou e o dono da fazenda o levou para o hospital de Senador Guiomard e, posteriormente, ele foi transferido para o Huerb.

A Saúde destacou que todas as pessoas, desde parentes como a esposa e o filho do paciente e os funcionários dos hospitais que tiveram contato com ele, são acompanhadas e medidas de prevenção da doença foram tomadas.

Soldado boliviano

Profissionais de saúde da cidade de Plácido de Castro, no interior do Acre, receberam capacitação e orientações sobre o atendimento em casos de meningite. O treinamento ocorreu após um soldado da Bolívia, que faz fronteira com o Acre, ser diagnosticado com meningite bacteriana.

O paciente está internado em um hospital de La Paz, capital da Bolívia. Além disso, outros 70 soldados, que tiveram contato com esse paciente, foram isolados e recebem tratamento em um hospital da Vila Evo Morales.

Ao G1, a chefe da Vigilância em Saúde do Acre, Glória Nascimento, falou que foi enviada uma equipe na terça (18) e na quarta (19) para conversar com os profissionais da cidade brasileira.

As equipes brasileiras também visitaram o hospital da Vila Evo Morales para conversar e saber dos procedimentos adotados. Segundo Glória, os 70 soldados ainda estão em observação e não há confirmação de novos casos da doença.

Meningite

A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Ela é causada por diversos agentes infecciosos (bactérias, vírus e fungos).

A meningocócica é uma meningite bacteriana e, junto com a pneumocócica, é considerada uma das formas mais graves e preocupantes da doença.

A meningite tem uma alta taxa de mortalidade e sequelas, como surdez, perda dos movimentos e danos ao sistema nervoso. As crianças são a faixa etária mais atingida, e os pacientes devem ter um acompanhamento por pelo menos 6 meses depois da doença.

Transmissão

A meningite é transmitida quando pequenas gotas de saliva da pessoa infectada entram em contato com as mucosas do nariz ou da boca de um indivíduo saudável.

Pode ser por meio de tosse, espirro ou pelo contato com barras de apoio dos ônibus, por exemplo. Por isso, ambientes com muita gente e pouca circulação de ar são ideais para o contágio, e a doença costuma se espalhar muito no inverno.

Sintomas e diagnóstico

Os principais sintomas da meningite são dor de cabeça, febre e confusão mental. Nem sempre há rigidez na nuca, e o teste não pode ser feito por um leigo apenas ao baixar a cabeça – só um médico pode avaliar o quadro corretamente.

O diagnóstico “padrão ouro” ocorre pelo exame do liquor, líquido que banha o sistema nervoso. A cor do liquor já indica se a meningite é por bactéria ou vírus. Por Aline Nascimento, G1 Acre

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Publicado por
folha do acre