Vice de Bolsonaro diz que narcotráfico se instala em áreas ‘sem pai nem avô’

Em palestra para empresários, General Mourão falou que ambiente apenas com ‘mãe e avó’ é ‘fabrica de desajustados’

General Mourão particiopu nesta segunda-feira de palestra a empresários da construção civil – Edilson Dantas / Agência O Globo

SÃO PAULO – Vice de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência da República, o general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou durante uma palestra para empresários que o narcotráfico se instala em áreas “sem pai nem avô”. Segundo ele, esse ambiente apenas com “mãe e avó” seria uma “fabrica de elementos desajustados.”

— A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais que estamos vivendo. E atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai nem avô. É mãe e avó. E por isso, torna-se realmente uma fábrica de elementos desajustados e que tendem a ingressar nessas narcoquadrilhas que hoje afetam todo nosso país e em particular as nossas grandes cidades — afirmou.

Ele chamou de “mulambada” países emergentes aliados do Brasil. O militar da reserva, em palestra para empresários nesta segunda-feira, em São Paulo, criticou a política externa dos governos petistas e a Cooperação Sul-Sul, que consiste em investimento de recursos em programas voltados para países da América Latina e Caribe, África e Ásia.

— Partimos também para aquela diplomacia que foi chamada de Sul-Sul, e aí nos ligamos com toda a mulambada, me perdoem o termo, existente do outro lado do oceano, do lado de cá, que não resultou em nada, só em dívidas que foram contraídas e estamos levando calote disso aí. Entregamos nossos recursos para esse pessoal — disse general Mourão, durante palestra no Secovi-SP, o sindicato do setor de habitação.

Depois em entrevista à imprensa, o militar afirmou que o termo “mulambada” foi apenas para agradar a plateia.

— Foi apenas para o auditório ficar mais satisfeito. Não eram os países que trariam, digamos assim, o retorno do investimento que fizemos. Só isso — minimizou.

O militar da reserva defendeu que o Brasil, em vez de se aliar a países em desenvolvimento, faça acordo com grandes mercados para ter uma posição de destaque na Organização das Nações Unidas (ONU).

— Vamos ter que inverter isso aí, vamos ter que ter novamente uma diplomacia que nos leve para acordos bilaterais com aqueles grandes mercados, com países que têm importância dentro do conselho das Nações, vamos ter que ter uma participação mais efetiva dentro da Organização das Nações Unidas para termos uma voz mais ouvida — disse.

O vice de Bolsonaro afirmou que os governos anteriores erraram em insistir em conquistar um assento no Conselho de Segurança da ONU.

— É de rir, vou dizer aqui para senhoras e senhores, porque nenhum dos cinco grandes, que têm assento permanente lá, vai abrir espaço para o Brasil entrar simplesmente porque é o Brasil, porque nós somos um povo alegre, porque nós gostamos de nos relacionar com os outros. Não. Teremos que ter poder, teríamos que ter poder para poder furar esse bloqueio — disse.

General Mourão voltou a falar que o Brasil não corre o risco de virar a Venezuela, porque as Forças Armadas brasileiras não trabalham para a instalação de um regime antidemocrático.

— Muito tem se falado que o Brasil pode virar uma nova Venezuela. Jamais. O Brasil jamais virará uma Venezuela por uma razão muito simples: as nossas Forças Armadas não foram e jamais serão cooptadas para o projeto totalitário dessa natureza. Tenham certeza disso.

O vice de Bolsonaro defendeu mais uma vez uma nova Constituição e negou que tenha sido “antidemocrático”.

— Se eu fosse antidemocrático eu não estava participando da eleição, eu estava lá com a minha 45, limpando ela bonitinho e aguardando melhores dias. Não é isso o que estou fazendo, obviamente — justificou, sendo aplaudido pelo público. — Nenhum de nós tem dúvida de que a nossa Constituição é terrível. Ela abarca do alfinete ao foguete. A minha visão é clara. A Constituição tem que ser de princípios e valores, ou seja, o norte, a bússola do país para o resto da sua existência — completou.

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O Globo