Tradição do “roubo de galinha” em Marechal Thaumaturgo termina em violência após intervenção de facção

Homem que furtou aves no Sábado de Aleluia foi agredido com ripas de madeira por criminosos; vídeo mostra vítima sendo coagida a admitir o furto

Marechal Thaumaturgo/AC – Um costume antigo do Sábado de Aleluia, conhecido como “roubo de galinha”, acabou em agressão e ameaças no município de Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre. Um homem que tentou manter a tradição — em que moradores furtam galinhas para o almoço de encerramento da Quaresma — foi surrado por integrantes de uma facção criminosa que atua na região.

O caso ganhou repercussão após um vídeo circular nas redes sociais, mostrando o momento em que o homem, segurando duas galinhas, admite o furto e promete não repetir o ato, enquanto é agredido com ripas de madeira. Nas imagens, um dos agressores, aparentemente líder do grupo, orienta que os golpes não atinjam a cabeça da vítima. Após várias pancadas, a surra é interrompida.

Entre a tradição e a criminalização

O “roubo de galinha” é uma prática folclórica em algumas comunidades rurais, onde o furto das aves é visto como uma brincadeira típica do período. No entanto, neste caso, o ato foi tratado como crime e resultou em violência extralegal.

O que se sabe até agora:

• Homem foi flagrado com duas galinhas furtadas;
• Agredido por membros de facção, que aplicaram “justiça própria”;
• Vídeo mostra vítima coagida a confessar o furto;
• Estado de saúde do agredido ainda não foi divulgado;
• Nenhum dos envolvidos na agressão foi preso até o momento.

Implicações legais

Além do furto (art. 155 do Código Penal), a ação violenta do grupo configura crimes como lesão corporal (art. 129) e constrangimento ilegal (art. 146). A Polícia Civil deve investigar o caso, que mistura tradição cultural e violência organizada.

A reportagem tentou contato com a delegacia local, mas não obteve informações sobre inquérito ou possíveis prisões. O Ministério Público também pode ser acionado para apurar abusos.

O Acre, assim como outros estados da região Norte, tem registrado casos de facções impondo suas próprias regras em comunidades, substituindo a ação do Estado em conflitos locais.

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