“Tive medo de morrer”, diz o senador Sérgio Petecão ao relatar tensão vivida na Venezuela

O senador Sérgio Petecão (PSD) disse na manhã deste sábado, 20, durante café da manhã oferecido à imprensa em sua residência, no conjunto Solar, em Rio Branco, que temeu a morte ao ver os manifestantes venezuelanos cercarem o ônibus que levaria a comitiva de oito senadores brasileiros a um presídio em Caracas, capital da Venezuela. “Na hora que balançaram e começaram a jogar pedra no ônibus tive medo de morrer.”

O senador reuniu a imprensa para relatar detalhes do que aconteceu na última quinta-feira, 18, quando no trajeto entre o terminal do aeroporto e a rodovia que os levaria ao presídio Ramo Verde, em Caracas, onde se encontram presos políticos opositores ao regime de Nicolas Maduro, a comitiva foi atacada por um grupo de manifestantes contrários à presença dos parlamentares brasileiros.

“Eu achava que o problema na Venezuela era grande, mas ele é muito maior do que a gente imagina. A polícia compactua com o regime, a instituições compactuam com o regime, até o embaixador brasileiro na Venezuela (Ruy Pereira) compactua com o regime. As pessoas lá têm medo. Vários jornalistas brasileiros trabalham e relatam o que acontece. Conversei com um jornalista da Folha que trabalha lá e ele disse que a mulher dele não sai à noite na rua. A economia tá mal, nem papel higiênico existe. Estão à beira de uma guerra civil. O Brasil precisa chamar pra ele essa responsabilidade, mas sem politizar. Temos que lutar pela democracia. Há mais de cem presos políticos. Ex-prefeito, líder sindical, donos de rádio, de TV, parlamentar. A nossa intenção era chegar para conversar com o parlamentar que está em greve de fome”, informou.

Petecão comentou uma nota emitida pelo governo venezuelano que chamou de manobra midiática as tentativas de grupos de direita nacional e internacional que tentaram construir à base de mentiras os episódios envolvendo a visita da comissão de senadores brasileiros.  O senador acreano diz que o Executivo venezuelano montou um cenário para impedir que a delegação prosseguisse com a missão política.

“Eles dizem que estavam recebendo um preso colombiano, mas a gente soube que eles fizeram questão de antecipar a chegada dele para aquele dia de propósito no mesmo horário que a gente estava chegando.”

“Sibá perdeu uma grande oportunidade de ficar calado”, diz Petecão

Para Sérgio Petecão, o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado, “perde uma grande oportunidade de ficar calado por cenas hilárias”.

Após repercussão da notícia de que os senadores brasileiros estavam sitiados em Caracas, Sibá usou sua conta no Twitter para tripudiar a comitiva brasileira ao chamá-los de “golpistas”

“O Sibá às vezes perde uma grande oportunidade de ficar calado. Eu até pedi, lá no Senado, perdão pelo Acre. o senador Jorge Viana disse que a delegação estava presa num engarrafamento da cidade. E outros tentaram tripudiar. Esse debate não pode ser tratado com zombaria. Não é do PT, do PSDB, não pode ser tratado como bandeira política. O Sibá eu lamento por isso. Ele é uma pessoa inteligente, mas ele não pode, no afã de ficar defendendo o governo, criar situações hilárias. O Sibá tá virando chacota na mídia nacional. Ontem um colega lá no Senado perguntou pra mim qual era o critério que o PT usava pra escolher seu líder. Ele perguntou se era através de sorteio e disse que o Sibá tinha muita sorte.”

Petecão critica atuação de embaixador e diz que Venezuela deve ser expulsa do Mercosul

Petecão também criticou a atuação do embaixador do Brasil na Venezuela, Rui Pereira. Os senadores vão propor a convocação do embaixador para explicações na Comissão de Relações Exteriores. Segundo o senador, o embaixador brasileiro ficou apenas cinco minutos no aeroporto de Caracas e depois foi embora.

“Fomos lá diante dos apelos dos parlamentares que tiveram aqui. Tem muita gente morrendo. Eles criaram umas milícias que matam e ficam extorquindo as pessoas. A situação desse embaixador para nós foi desastrosa. Tudo bem o governo venezuelano receber mal, a polícia nos hostilizar, agora o embaixador foi apenas no aeroporto no cumprimentou e se despediu. Uma senhora nos disse que mais cedo o embaixador do Brasil esteve lá no aeroporto tentando desarticular a coletiva da imprensa. É lamentável que esse embaixador esteja a serviço do governo venezuelano”, afirmou.

Na grande mídia, vários senadores são a favor de que a Venezuela seja excluída do Mercosul por descumprir acordos elementares. Petecão comunga desse pensamento.

“Eu acho que a Venezuela tem que sair. Uma das cláusulas do Mercosul é que haja democracia entre seus participantes. Nós não podemos conviver com um país que maltrata, que prende pessoas, políticos.”

Do ac24horas.com

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Publicado por
Alexandre Lima