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Tião Bocalom declara pré-candidatura ao governo do Acre e coloca grupo de Gladson Cameli em disputa interna

Em entrevista a podcast, prefeito de Rio Branco afirma que disputará o Palácio Rio Branco em 2026, criando impasse com a vice-governadora Mailza Assis, que também é pré-candidata apoiada pelo governador

Declaração do prefeito ao podcast do ContilNet expõe divisão na base e obriga Gladson a arbitrar a escolha do nome para 2026. Foto: captada 

Em entrevista ao podcast Em Cena, do portal ContilNet, o prefeito de Rio Branco Tião Bocalom afirmou publicamente, pela primeira vez, que sua pré-candidatura ao governo do Acre em 2026 está encaminhada. A declaração reorganiza as atenções dentro do grupo governista e cria um novo impasse político, uma vez que a vice-governadora Mailza Assis também é pré-candidata declarada ao Palácio Rio Branco — e os dois integram a mesma base de apoio ao governador Gladson Cameli.

Bocalom destacou suas viagens pelo interior do estado e deixou claro que só deixará a prefeitura se for para disputar o governo. A foga expõe uma divisão até então administrada internamente, transferindo ao governador Gladson Cameli a decisão sobre qual dos dois nomes será o candidato oficial da base na sucessão estadual.

O governador, que deixará o cargo em abril para concorrer ao Senado, entregará a administração a Mailza Assis, que já se posicionou como candidata à continuidade do projeto atual. A declaração de Bocalom, portanto, força uma definição que pode reconfigurar alianças e tensionar a coesão do grupo no ano pré-eleitoral.

O governador, no entanto, também já disse que pretende levar todo o grupo unido para 2026. E aí surge o dilema. De um lado, a vice assumindo o governo e buscando se fortalecer. Do outro, o prefeito da capital animado com sua movimentação política e com a recepção que acredita ter no interior.

É inevitável: há mais gente querendo ser candidata do que espaço disponível. Se Gladson não arbitrar esse conflito cedo, a disputa interna tende a se intensificar. A solução exigirá habilidade, porque qualquer escolha desagrada uma parte importante da base.

Como ele pretende conduzir essa negociação, ninguém sabe. O fato é que o governador terá de lidar com esse abacaxi antes de deixar o cargo e, no momento, parece um dos mais difíceis de resolver.

Quando a pesquisa, em vez de pacificar, complica ainda mais

Em situações como a disputa entre Mailza Assis e Tião Bocalom, a saída tradicional para acalmar os ânimos costuma ser recorrer às pesquisas eleitorais. Normalmente, elas ajudam o grupo a identificar quem tem mais condições de liderar a chapa e evitam conflitos prolongados.

Nesse caso, porém, o efeito tem sido o oposto. As sondagens mais recentes mostram Bocalom sempre bem posicionado, firme na segunda colocação. Já Mailza foi quem mais cresceu nos últimos meses e, embora apareça em terceiro, está praticamente empatada com o prefeito.

Ou seja, a pesquisa que deveria orientar também embaralha.

MDB tentou emplacar

Na articulação para fechar a chapa de Mailza Assis, o MDB chegou a sondar o ex-prefeito Marcus Alexandre para a vaga de vice. A proposta não avançou.

O ex-prefeito tem outro objetivo para 2026: disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Internamente, há consenso de que ele tem condições de liderar a votação no próximo ano.

A decisão também passa pelo histórico recente. Em 2022, quando ainda estava no PT, Marcus tinha planejado concorrer à Aleac. Acabou mudando de rota nos acréscimos para ser vice de Jorge Viana. O resultado todos conhecem, derrota no primeiro turno, e a sensação de que não deveria ter abandonado o plano original.

Agora, ele quer evitar repetir aquele movimento. A prioridade é a Assembleia, e o MDB terá de buscar outro nome para compor a chapa de Mailza.

A lista do glorioso

Mesmo sem Marcus Alexandre na disputa pela vaga de vice, o MDB ainda dispõe de outros nomes que poderiam compor a chapa de Mailza Assis. Entre as possibilidades estão a ex-deputada federal Jéssica Sales, o advogado Leonardo Melo, filho do ex-governador Flaviano Melo, e o ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, que atualmente preside o partido.

O problema é outro. Não há clareza sobre a recepção desses nomes por parte de Mailza ou do Palácio. A sigla tem opções, mas falta saber se alguma delas se encaixa no projeto político que o grupo governista pretende montar para 2026.

A partir de agora, a disputa deixa o campo das especulações e ganha contornos públicos, exigindo de Gladson Cameli uma posição clara sobre qual direção seu grupo político seguirá em 2026.

Com Matheus Mello, ContilNet

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Marcus José