Francisco de Assis relata que um fazendeiro estaria desmatando parte da terra onde vivem alguns posseiros. Segundo Assis, diante da situação, os seringueiros planejam fazer um empate
Por Iryá Rodrigues, G1 AC
Após denúncia de que fazendeiros estariam desmatando áreas próximas à Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, no interior do Acre, órgãos ambientais foram até a localidade, nesta quarta-feira (2), para uma fiscalização.
A denúncia foi feita por seringueiros que vivem na região e que ameaçaram fazer um “empate” – tática usada por ativistas seringueiros, como Chico Mendes, que consiste em perfilar no meio da floresta, mulheres, crianças, homens e idosos para impedir o desmatamento.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Francisco de Assis, afirmou que foi procurado pelos seringueiros na segunda (30), que relataram que um fazendeiro estaria desmatando parte da terra onde vivem alguns posseiros. Segundo Assis, diante da situação, os seringueiros planejam fazer um empate.
“O pessoal veio no sindicato comunicar e pedir socorro. Na terça [1], fomos no Ministério Público e, nessa quarta [2], o diretor aqui do sindicato foi acompanhar o Ibama, Polícia Ambiental e Exército até a região. O pessoal da comunidade estava reunido para fazer um empate, mas talvez não aconteça, porque a polícia já foi para lá. O ideal não é seringueiro fazer empate, e sim os órgãos ambientais tomarem conta da situação”, afirmou o sindicalista.
O representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Sebastião Silva, informou que uma equipe formada por agentes do Ibama, ICMBio, Exército e Batalhão Ambiental está na região para verificar a situação.
“Estamos com uma equipe nossa atuando em todo o Alto Acre, de Xapuri a Assis Brasil. Recebemos essa denúncia essa semana e a equipe que atua nessa região foi encaminhada para fazer a verificação dessa situação. A informação é de que está ocorrendo desmatamento em áreas de seringais por extrativistas”, afirmou Silva.
O líder seringueiro Chico Mendes se tornou conhecido mundialmente por sua luta contra o desmatamento e a transformação da floresta em pasto para gado. A derrubada de árvores afetava o trabalho dos seringueiros da região, com a diminuição do látex disponível.
O seringueiro virou líder sindical no Acre e passou a promover com colegas atos de resistência, conhecidos como empates.
Diversos líderes dos sindicatos que representavam os seringueiros foram mortos a partir da década de 1980. Em 1988, Chico Mendes foi morto na porta de casa. A Justiça condenou, em dezembro de 1990, o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci, a 19 anos de prisão, pela morte do líder sindical.