Por Alcinete Gadelha
Com dívidas com fornecedores, empréstimos feitos para pagar os funcionários e ainda sem uma resposta de renovação do convênio com o governo do estado, a Casa de Acolhida Souza Araújo, que atende ex-hansenianos, em Rio Branco, volta a correr o risco de fechar as portas.
Esta não é a primeira vez que o local enfrenta dificuldades para se manter após vencer o contrato com a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre). Em 2019, a Casa ficou por 8 meses sem receber os repasses e neste ano, já são quase seis meses. A reportagem aguarda resposta da Secretaria de Saúde.
A instituição, administrada pela Diocese de Rio Branco, recebia R$ 220 mil por mês do governo do estado por meio de uma lei de subvenção social. Porém, o contrato venceu em dezembro de 2020 e ainda não foi renovado.
“Caso a gente não consiga renovar esse convênio com o governo e não seja feito os repasses, a gente não tem como manter a casa, porque conforme o que já havia sido acordado desde a década de 1960, isso é responsabilidade do estado, a questão da manutenção da casa. Como desde dezembro foi finalizado o convênio anterior e até agora não foi feito o repasse”, contou o 2º vice-presidente das Obras Sociais da diocese, padre Jairo Coelho.
No mês de maio, a Diocese chegou a fazer uma campanha, para arrecadar fundos para tentar cobrir parte das despesas mensais, que giram em torno de R$ 180 mil, porém, o padre informou que foi arrecadado cerca de R$ 20 mil apenas.
“A situação continua praticamente na mesma. Algumas pessoas colaboraram, mas a colaboração muito pouca e o convênio como o governo continua sem ser assinado”, contou.
O padre disse que já participaram de duas reuniões com o governo que informou sobre o interesse em renovar o convênio, porém, não foi dada nenhuma previsão de quando poderia ocorrer a assinatura.
Com o período de quase seis meses sem receber os repasses, a Casa já acumula dívidas de quase R$ 1 milhão, segundo informou Coelho.
“Como era um repasse de R$ 220 mil, sendo que era para a casa de acolhida e duas comunidades terapêuticas, então, hoje, temos dívidas com fornecedores, por conta de empréstimo para pagar funcionários. Então, acumulando isso aí, já dá quase R$ 1 milhão em dívidas, de janeiro até agora”, pontuou.
O local tem cerca de 80 funcionários, 20 internos e os rotativos que fazem atendimento. A Diocese tenta manter os compromissos enquanto negocia com o governo a assinatura do contrato.