O prolongamento do fenômeno El Niño, associado à baixa nebulosidade, alta radiação solar e queimadas recorrentes, provocou uma queda drástica na umidade do solo. Foto: internet
A combinação de seca extrema, temperaturas elevadas e efeitos do El Niño entre agosto de 2023 e maio de 2024 resultou na pior quebra de safra de castanha-da-amazônia em 40 anos. A perspectiva de recuperação para a próxima safra é considerada promissora, mas especialistas alertam: é urgente a adoção de medidas de adaptação para garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva.
Dados preliminares da Embrapa apontam redução que pode chegar a 60% na produção, com impactos diretos em milhares de famílias extrativistas que dependem do produto como principal fonte de renda.
“A floração da castanheira-da-amazônia ocorre no fim da estação seca e início da chuvosa, podendo durar até seis meses. Já a maturação dos frutos leva entre nove e treze meses. Todo esse processo é sensível às variações climáticas extremas”, explica Carolina Volkmer de Castilho, pesquisadora da Embrapa.
Pesquisadores identificaram uma cadeia de eventos devastadores:
“Vimos castanheiras centenárias abortarem frutos pela primeira vez”, relatou o pesquisador da Embrapa Acre, Marcos Vinicius.
A queda afeta diretamente:
No Acre, estado produtor, a colheita que normalmente começa no mês de dezembro pode ser adiada e atrapalhar o cenário, já para 2026.
A Amazônia registrou, entre agosto de 2023 e maio de 2024, uma das secas mais intensas dos últimos 40 anos. Foto: internet
Diante do cenário, especialistas propõem:
Renovação dos castanhais: Substituição de árvores senis (acima de 300 anos)
Seguro-extrativismo: Modelo em teste no Pará para compensar perdas
Manejo adaptativo: Técnicas para reduzir estresse hídrico
A Embrapa projeta uma superprodução em 2026, padrão observado após:
1 árvore produz em média 200 ouriços/ano (em condições normais)
Safra 2024: estimativa de 80 ouriços/árvore
Brasil responde por 60% da produção global
Preço ao produtor pode subir (temporadas)
Fontes: Embrapa/IBGE/Conab