Da ContilNet
Uma portaria assinada pelo diretor-presidente da Companhia de Armazéns Gerais e Entreposto do Acre (Cageacre), Daniel dos Santos Lopes e Silva, nomeia Nemézio de Carvalho Coelho como Assessor Especial da Presidência. Nemézio assumiu ontem (1º de dezembro) com salário de R$ 15.347, retroativo a outubro. Mas a portaria foi assinada no dia 29 de setembro. No dia 5 de outubro, o deputado Nelson Sales (PP) denunciou a intenção do Governo do Estado de acomodar Nemézio, que é marido de Flora Valadares Coelho, da Secretaria de Estado da Casa Civil. A nomeação foi efetivada via portaria porque, de acordo com funcionários públicos estaduais, dispensa a publicação no Diário Oficial do Estado.
Na Cageacre, o clima é de revolta: recentemente, 33 funcionários foram demitidos por causa de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público do Trabalho (MPT), através do qual o governo do Acre se comprometia em exonerar os funcionários admitidos depois de 1988, sem concurso público. Cerca de 17 desses trabalhadores estavam prestes a se aposentar.
Um grupo de servidores efetivos procurou o governo com o pedido para manter esses trabalhadores como cargos comissionados para que completassem a idade de se aposentar. Pediram cargos em comissão (CEC 1) para cada um deles. Ouviram dos representantes do governo que não havia dinheiro suficiente para isso. A CEC 1 é a mais modesta, pouco mais de mil reais. “Não tinham dinheiro para ajudar 17 trabalhadores e agora contratam um, para uma função que não existe. O salário dele daria para manter quase todos os que foram demitidos sumariamente”. O desabafo é de um funcionário que não quer ser identificado. “Eles perseguem, você sabe como é”.
Com a nova contratação, a estrutura de comando da falida Cageacre ficou assim: um diretor-presidente, dois diretores e quatro assessores especiais, todos com altos salários. O detalhe instigante é que a folha de pagamento da Cageacre, que era de R$ 200 mil por mês, pulou para R$ 700 mil. Um crescimento inversamente proporcional à perda de importância da empresa que atualmente só mantém armazéns em Plácido de Castro, Vila Campinas e Acrelândia. O número de funcionários também foi reduzido, conforme citado acima.
A estatal, criada há mais de 30 anos para dar suporte à agricultura do Acre, foi substituída nos governos petistas por silos que, segundo os funcionários da Cageacre, foram entregues à direção de pessoas ligadas ao governo. O sonho dos 60 funcionários remanescentes é ressuscitar a estatal. Um sonho distante. “Para ter uma Cageacre é preciso ter agricultura. O Acre não produz nada. Para o governo, agricultura é horta. Além disso, não tem ramal para escoar a produção”, lamenta outro funcionário.
A equipe da Contilnet tentou entrar em contato com Daniel dos Santos Lopes e Silva, diretor-presidente da Cageacre, para dar a versão oficial sobre a contratação de Nemézio Coelho, apesar da portaria assinada por ele comprovar o fato. Mesmo assim, coloca-se à disposição de quem queira justificar.