Reeleito em Rio Branco, vereador Raimundo Neném é alvo de operação da PF por compra de votos

Reeleito em Rio Branco, vereador Raimundo Neném é alvo de operação da PF por compra de votos — Foto: Arquivo/Câmara Municipal

O vereador Raimundo Neném (PSB), reeleito na última eleição municipal de Rio Branco com 2.555 votos, é um dos alvos da operação ‘Sine Vox’, deflagrada nesta quinta-feira (20) pela Polícia Federal. Segundo a polícia, ele teria comprado votos nas eleições de 2020.

Além de Neném, três eleitores que teriam vendidos seus votos para o parlamentar também são alvos da operação. A reportagem tentou contato com o vereador, mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.

O delegado Henrique Oliveira dos Santos, que conduziu a operação, informou que tudo ainda é preliminar e que vão iniciar as apurações dos celulares e documentos apreendidos na operação desta quinta.

“Na verdade, nessa investigação temos um alvo que é um vereador e os outros alvos são pessoas que venderam seu voto para esse parlamentar. Um dos investigados também, parece, que trabalhava para o parlamentar com o objetivo de angariar votos para ele através do pagamento. A princípio esse é o vereador alvo principal da investigação, através do que foi passado para a polícia”, disse o delegado.

Operação ‘Sine Vox’ foi deflagrada nesta quinta-feira (20) contra corrupção eleitoral — Foto: Arquivo/PF

Operação

De acordo com o superintendente, ainda é cedo para falar de pedido de cassação de mandato por crime de compra de votos devido ao inquérito se encontrar na fase inicial de investigação.

“Isso pode acontecer, mas ainda é cedo pra falar isso. Nesse momento da investigação, houve elementos iniciais suficientes para subsidiar as medidas de busca e apreensão. Esse é o momento talvez mais importante da investigação porque a partir daí que vem o número mais robusto de informações, que a equipe vai verificar e encadear com o que já tem e esclarecer melhor os fatos. Isso é importante para saber se vai corroborar ou não, a compra de votos e em que tamanho se deu essa compra. A partir daí o MPE tem essa prerrogativa de pedir a cassação do parlamentar. Há essa possibilidade, mas ainda é cedo pra falar isso”, explicou.

O delegado responsável pela operação, Henrique Santos, afirmou que durante as investigações, as pessoas não se importavam com a venda do voto. Ele lembrou que a pena varia de 1 a 4 anos de reclusão tanto para quem vende quanto para quem compra.

“Durante as investigações, nós percebemos que as pessoas investigadas usavam expressões; ‘todo mundo vende voto mesmo, vou vender o meu também. A pessoa que compra voto é uma pessoa corrupta e a pena é de um a quatro anos, mas a pessoa que vende também é corrupta e pode pegar a mesma pena. A investigação se iniciou após denúncia ao Ministério Público”, afirmou.

As investigações tiveram início em março de 2021, após chegar ao conhecimento da Polícia Federal a existência de conversa, em um grupo de aplicativo de mensagens instantâneas, na qual uma das pessoas afirma que recebeu o valor de R$ 50,00 por ter votado em determinado candidato a vereador [Raimundo Neném] nas eleições municipais. O investigado ainda frisou que, se soubesse que obteria aquele valor, teria avisado a todos os componentes do grupo.

Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Rio Branco — Foto: Arquivo/PF

A PF ressaltou que comete o crime de corrupção eleitoral tanto a pessoa que compra o voto, quanto a pessoa que o vende. As penas variam de 1 a 4 anos de reclusão, além do pagamento de multa.

O nome da operação “Sine Vox”, em tradução livre do latim para o português, significa “Sem Voz”. Segundo a PF, o nome foi escolhido, pois quando uma pessoa vende o seu voto ela perde o direito de falar, de exigir dos seus representantes eleitos melhorias para toda a sociedade.

O superintendente da PF no Acre, Erico Barboza Alves, afirmou que essa fase serviu para angariar informações para corroborar as informações iniciais sobre crime de compra de votos na reeleição do vereador Raimundo Neném (PSB)

A PF esteve nas primeiras horas da manhã na casa do parlamentar recolhendo informações e documentos para subsidiar o inquérito.

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Publicado por
G1 Acre