Reajuste de medicamentos não causa impacto na inflação deste ano

Aumento na tarifa de ônibus, sobretudo no Rio, e em energia devem gerar efeito no IPCA

Jornal do Brasil

O reajuste no preço dos medicamentos, que entrou em vigor nesta segunda-feira (31), vem dentro do esperado pelo mercado e não deve gerar grande impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) deste ano. Outros reajustes, como de ônibus urbanos, energia elétrica e gasolina, no entanto, jogam a expectativa de inflação do mercado para cima.

Indústrias farmacêuticas e distribuidoras podem adotar o reajuste de até 5,68% nos preços de medicamentos regulados pelo governo. De acordo com o Ministério da Saúde, a regulação é válida para mais de 9 mil medicamentos, mais de 40% deles na categoria nível três – de menor concorrência, cujas fábricas só poderão ajustar o preço teto em 1,02%.

A Tendências Consultoria, levando em conta a intensa concorrência da indústria farmacêutica, calcula um reajuste médio de 3,5% nos medicamentos. O aumento anunciado era o esperado pela consultoria, que considera um impacto de 0,11 ponto percentual no IPCA a partir da média. “[O aumento no preço dos medicamentos] não vai promover nenhuma mudança na expectativa da inflação anual”, analisa Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria. Ela reforçou a alta na inflação do primeiro trimestre, acima do esperado, devido à contribuição dos alimentos, passagem aérea e serviços.

Outros reajustes, que devem gerar impacto no índice, são esperados pela Tendências. O aumento no preço dos ônibus urbanos é um deles. O acréscimo na tarifa do Rio de Janeiro, destaca Alessandra, foi muito além do esperado pelo mercado. Em janeiro, a prefeitura do Rio de Janeiro autorizou o aumento de R$ 2,75 para R$ 3 – um acréscimo de 9,9%. São Paulo já anunciou que não vai reajustar a tarifa neste ano, mas outras regiões metropolitanas podem alterar o preço do ônibus, na casa dos 4,5%, calcula. O item ônibus urbano deve então, acredita, subir 3,3% em 2014.

Em relação à energia elétrica, os meses de abril, maio e junho podem oferecer reajustes significativos, ressalta, com uma alta em torno de 8%. A demanda pela energia elétrica, por sua vez, só tem aumentado, o que pode causar maiores impactos no preço. De acordo com informação divulgada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na última quinta-feira (27), o consumo de energia elétrica demandado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) cresceu 8,6% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado, atingindo 41.403 gigawatts-hora (GWh).

A Tendências não espera reajuste no preço da gasolina neste ano, levando em conta o processo eleitoral, mas, sim, na tarifa do óleo diesel, já que este não causa efeito expressivo no IPCA.

Leonardo França Costa, economista da Rosenberg Associados, por sua vez, acredita que o reajuste da gasolina pode vir até dezembro deste ano, com a possibilidade de ser anunciado após o período de eleições. Para a consultoria, o aumento da gasolina deve ficar em torno de 10%.

Outro fator de grande influência no IPCA pode ser algum reajuste em energia elétrica, aponta a Rosenberg Associados, que prevê algo em torno de 9,5%, em sintonia com a projeção do Banco Central. O reajuste dos medicamentos, por sua vez, também estava dentro do esperado pela RA.

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Publicado por
Alexandre Lima