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Quem são os 18 brasileiros homenageados no teto do Museu do Ipiranga
O Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga , é um marco nacional. Construído entre 1885 e 1890, foi desde sempre projetado para ser um monumento que celebrasse a Independência do Brasil . Afinal, foi ali, às margens do rio Ipiranga, que D. Pedro I decretou que o Brasil não seria mais uma colônia de Portugal. A construção impressiona pela beleza e também pelo acervo – para onde você vai, encontra quadros, esculturas e itens arqueológicos que recontam a história do país.
Entre essas peças, no teto da escadaria principal, há 18 pinturas que circundam a claraboia do salão em uma sanca. Nelas, estão retratados 18 brasileiros que deixaram seu legado na luta pela independência do país. Mas quem são eles?
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Antes de solucionar esse mistério, porém, vale dar um passo para trás. Parte das obras que estão presentes no museu hoje nem sempre estiveram ali – incluindo os 18 retratos. Antes da reforma de 2022, que precedeu o bicentenário da independência, houve outra grande reforma no museu, em 1922, em razão do centenário do mesmo evento. Na época, o mote da reforma foi intensificar o caráter histórico do museu, realçando também o papel de São Paulo no processo de desenvolvimento do país.
Uma nova decoração interna foi projetada para o centenário, com reformas e ampliação de acervos nos principais ambientes do museu, como o saguão, a escadaria e o salão nobre. Ao cargo desta mudança, esteve o então diretor da instituição, Afonso Taunay (1876-1958). O historiador tinha uma visão clara para o museu: engrandecer os ícones nacionais e contar positivamente a história brasileira a partir de um ponto de vista heroico, nobre e pacífico.
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É por este motivo que, por exemplo, na escultura de bronze de D. Pedro I que fica no centro da escadaria, o monarca usa uma farda de honra e porta um sabre embainhado – considerada uma arma branca. O mesmo direcionamento também pode ser visto no retrato de Tiradentes (também na escadaria). O mártir foi representado envolto em cordas: um aceno à maneira que foi morto (enforcado e depois esquartejado), sem apelar, porém, à violência envolvida.
Paralelamente, a outra missão dada a Taunay foi a de exaltar a participação dos paulistas na história do país – sobretudo, através dos chamados bandeirantes . Há dezenas de obras que remetem a essas figuras. Nessa narrativa proposta, esses “desbravadores paulistas” representam alegoricamente a própria ampliação do território brasileiro. Ao longo das três parede que cercam a escadaria principal, há seis esculturas de bandeirantes espalhadas, como se estivessem “de guarda” pela terra de D. Pedro (no centro).
Todo este contexto é necessário para compreendermos melhor as intenções por parte da seleção e curadoria dos tais ícones da independência estampados no teto. Em discussões mais atuais, já se sabe que a população teve um papel central no processo da separação de Portugal. Ainda que D. Pedro I leve todo o crédito, dezenas de outras figuras foram relevantes no processo. Por não serem da realeza – ou mais especificamente por serem escravizados , mulheres ou indígenas –, ficaram de fora dos livros de História.
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Os 18 retratos encomendados por Taunay aos artistas Domenico Failutti (1872-1923) e Oscar Pereira da Silva (1867-1939), portanto, são a visão do direito – e da época – perante o processo de independência do país. Mas, sobretudo, são reflexo da narrativa que o Museu Paulista desejava transmitir. Conheça abaixo quem são eles (em ordem aleatória).
Os 18 homenageados no teto do Museu do Ipiranga
1. Cipriano Barata
Cipriano José Barata de Almeida (1762-1838) foi um dos mais importantes e radicais pensadores políticos do Brasil colonial e início do Império. Foi ativista da Conjuração Baiana, defendendo a abolição da escravidão, a república e a igualdade social. Apesar da repressão às ideias liberais, suas ideias continuaram a circular e inspiraram outras gerações. Era um crítico ferrenho da monarquia e defendia um sistema republicano de governo.
2. José da Silva Lisboa
José da Silva Lisboa (1756-1835) foi um economista, político e escritor brasileiro, também conhecido como Visconde de Cairu. Desempenhou um papel crucial na promoção das ideias liberais e na abertura dos portos brasileiros às nações amigas em 1808, um passo importante para a independência econômica do Brasil.
3. Joana Angélica de Jesus
Joana Angélica de Jesus (1761-1822) é a única mulher entre os homenageados. Em 19 de fevereiro de 1822, soldados portugueses, em uma tentativa de reprimir os movimentos independentistas na Bahia, invadiram o convento onde Joana Angélica vivia. A abadessa se interpôs entre os soldados e as religiosas, tentando impedir a invasão. Foi atingida por uma baioneta e morreu defendendo o convento. Seu assassianto a tornou um símbolo da luta pela independência brasileira.
4. Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque
Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque (1788-1848), o coronel Coutinho, foi um líder político e militar baiano que desempenhou um papel fundamental na luta pela independência do Brasil. Foi um dos principais heróis da Guerra da Independência na Bahia, sendo o primeiro a se rebelar militarmente contra a ditadura do português Madeira de Melo. Sua ação foi fundamental para mobilizar outros grupos e fortalecer o movimento separatista na região.
5. Marquês de Queluz
João Severiano Maciel da Costa, o Marquês de Queluz (1769-1833), foi um político e administrador colonial brasileiro. Como ministro da Fazenda e da Guerra no governo de D. Pedro I, teve um papel importante na estruturação do Estado brasileiro após a independência, ajudando a consolidar o poder central do novo império.
6. Estêvão Ribeiro de Resende
Estêvão Ribeiro de Resende (1777–1856) ocupou diversos cargos importantes, incluindo o de presidente da Província de Mato Grosso e Ministro da Justiça do Império. Foi agraciado com o título de Marquês de Valença por Dom Pedro I, em reconhecimento aos seus serviços ao Império, sendo um dos primeiros a receber este tipo de nobreza no Brasil. Sua atuação política foi marcada por uma forte defesa da monarquia e da consolidação do poder imperial.
7. Antônio Pereira Rebouças
Antônio Pereira Rebouças (1798-1877) foi um intelectual e político baiano. Filho de uma escravizada liberta, conseguiu ascender socialmente e desempenhar um papel relevante na vida política do país. Após a independência, tornou-se defensor ferrenho da Constituição e dos direitos civis, especialmente para a população negra, se tornando um dos primeiros abolicionistas do país.
8. Senador Vergueiro
Nicolau Pereira de Campos Vergueiro (1778-1859) foi um fazendeiro de café e político luso-brasileiro. Foi o responsável por trazer os primeiros imigrantes europeus para trabalharem nas fazendas de café, movimento que contribuiu para a modernização da agricultura do período. Esse sistema de parceria foi uma alternativa à escravidão, permitindo que os imigrantes tivessem a oportunidade de ascender socialmente e se tornarem proprietários de terras – pelo menos, em teoria. Foi também Ministro da Justiça durante o Segundo Reinado.
9. Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta
Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta (1772-1842), o Marquês de Barbacena, foi um diplomata e político. Foi responsável por negociar o reconhecimento da independência do Brasil por Portugal e posteriormente liderou missões diplomáticas importantes que asseguraram o apoio de outras nações à causa brasileira.
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10. Mariano José Pereira da Fonseca
Mariano José Pereira da Fonseca (1773-1848), conhecido como Marquês de Maricá, foi um político, economista e pensador brasileiro. Foi conselheiro de Dom Pedro I durante o processo de independência do Brasil, contribuindo para a consolidação da nova nação.
11. Lord Cochrane
Britânico, Thomas Cochrane (1775-1860), o Lord Cochrane, foi contratado por Dom Pedro I em 1823 para comandar a Marinha Imperial e ajudar a consolidar a independência do país. Sua atuação foi fundamental para a vitória brasileira na Guerra da Cisplatina, conflito que envolveu o Brasil e o Império Português pela posse da província do Uruguai. Apesar de seus serviços, foi um personagem controverso, conhecido por sua personalidade arrogante e por suas ações muitas vezes questionáveis.
12. Hipólito da Costa
Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823) foi um jornalista, maçom e diplomata brasileiro, considerado o patriarca do jornalismo brasileiro. Seu maior feito foi a criação do Correio Braziliense, o primeiro jornal brasileiro a defender abertamente a independência do país e a propagar ideias liberais e iluministas.
13. Francisco de Paula Sousa e Melo
Francisco de Paula Sousa e Melo (1791-1854) foi um político brasileiro de grande relevância, especialmente no período pós-Independência. Foi senador por São Paulo, primeiro-ministro do Brasil e ministro da Fazenda. Uma de suas principais contribuições foi a lei que instituiu o parlamentarismo no Brasil, em 1847. Essa medida visava fortalecer o poder legislativo e limitar o poder do imperador.
14. Lino Coutinho
José Lino dos Santos Coutinho (1784-1836) destacou-se como médico, poeta e político. Foi o responsável pela criação da Faculdade de Medicina da Bahia, em 1832, e pela formação de uma biblioteca com um dos acervos mais ricos do país na época. Eleito deputado pela Província da Bahia para as Cortes de Lisboa (1821-1822), participou ativamente dos debates sobre a independência do Brasil. Posteriormente, foi presidente da província do Rio de Janeiro e contribuiu para a organização da recém-proclamada nação.
15. José Joaquim de Lima e Silva
José Joaquim de Lima e Silva (1787-1855) foi uma figura importante na formação do Brasil como nação independente. Na Guerra da Independência, teve um papel de destaque comandando tropas e participando de diversas batalhas. Após a independência, dedicou-se à organização e profissionalização do Exército Brasileiro, estabelecendo as bases para uma força armada forte. Em 1823, foi nomeado presidente da província da Bahia.
16. Pedro Labatut
Pierre Labatut (1776-1849), o Pedro Labatut, foi um militar francês que teve um papel relevante na consolidação da independência do Brasil. Reuniu e treinou um exército composto por brasileiros e estrangeiros, formando o chamado “Exército Pacificador”. Sob o seu comando, enfrentou diversas batalhas contra as forças portuguesas, culminando na vitória brasileira e na libertação da Bahia julho de 1823.
17. Francisco de Santa Teresa Jesus Sampaio
Francisco de Santa Teresa Jesus Sampaio (1778-1830) foi uma figura proeminente no Brasil do século 19, destacando-se como um intelectual religioso com profundo conhecimento em história, filosofia , teologia e política. Essa versatilidade o tornou uma figura influente nos debates intelectuais da época. Sua proximidade com a Corte o fez um nome influenciador na política.
18. Joaquim Xavier Curado
Joaquim Xavier Curado (1746-1830) foi um dos principais militares brasileiros do período colonial e início do Império, sendo um dos nomes mais apontados na história da defesa do território nacional e na construção da identidade militar brasileira.
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Fonte: Nacional
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Suspeito preso por levar 11 fuzis para a Penha foi liberado da prisão pela Justiça 12 dias antes
Leandro Rodrigues da Silva, de 38 anos, tinha sido preso pela Polícia Rodoviária Federal no dia 15 de janeiro com 30 kg de drogas, mas foi solto na audiência de custódia no dia 18.
Leandro Rodrigues da Silva, de 38 anos, foi preso pela Polícia Federal, na madrugada desta quinta-feira (30), dirigindo um carro que levava 11 fuzis, de calibres 5,56 e 7,62, para o Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.
A prisão de Leandro aconteceu 12 dias depois dele ser liberado em uma audiência de custódia, em Campos dos Goitacazes, no Norte Fluminense. Ele havia sido preso por tráfico de drogas.
Morador da Zona Oeste do Rio, com ensino médio completo e se apresentando como motorista de aplicativo, Leandro foi preso no dia 15 de janeiro por policiais rodoviários federais, quando dirigia um Ford Fiesta, no quilômetro 203, da BR-101, em Casimiro de Abreu, no Norte Fluminense.
No veículo, os policiais rodoviários encontraram:
- 31,5 kg de maconha distribuídos em 41 tabletes em um saco preto;
- 1.439 frascos de líquido de cheirinho de loló;
- Dois galões de líquido semelhante a cheirinho de loló;
- 2 pacotes com pinos transparentes vazios;
- R$ 1.874 em dinheiro.
Levado para a 121ª DP (Casimiro de Abreu), Leandro mudou a versão de que tinha pegado a droga em Casimiro de Abreu. Ele contou que o carro foi abastecido na Linha Vermelha e seguia para Macaé. Em nenhum momento, segundo o Ministério Público, alegou estar fazendo uma corrida de aplicativo ou falou em entregador ou destinatário.
Leandro ficou preso por dois dias e, às 10h09 do dia 18 de janeiro, foi levado para a audiência de custódia. Na ocasião, o juiz Iago Saúde Izoton decidiu pela soltura de Leandro contrariando o MP, que pediu a conversão da prisão em flagrante para preventiva.
Em suas alegações, o magistrado informou que “a prisão preventiva se revela excepcional”:
A partir daí, o magistrado determinou que Leandro se apresentasse diante do juiz todo dia 10 de cada mês. Após a decisão do juiz, a promotora Luíza Klöppel, do Ministério Público estadual recorreu.
O MP apontou a gravidade do caso envolvendo o transporte da droga e o risco de que Leandro voltasse a delinquir.
12 dias depois da liberdade, os fuzis
Na noite de quarta-feira (29), os policiais federais da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE) iniciaram uma vigilância na serra, na altura do município de Paulo de Frontin em busca de uma moto que transportava material ilícito.
Ao encontrarem a BMW, presenciaram o momento em que o ocupante repassou duas malas ao motorista de um Nissan preto. O veículo foi seguido pelos policiais até um posto de gasolina onde foi feita a abordagem.
O motorista do carro era Leandro Rodrigues da Silva. O da moto, Gutenberg Samuel de Oliveira. Ambos foram presos e os veículos apreendidos.
O carregamento tinha 8 fuzis, de calibre 5.56 e 3 fuzis calibre 7.62, além dos veículos utilizados no transporte das armas. Todas as armas com a marca de uma caveira semelhante ao personagem Justiceiro, da Marvel.
De acordo com as investigações preliminares, o arsenal teria como destino os complexos da Penha e do Alemão, onde está baseada a chefia da facção Comando Vermelho.
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Argentina corta taxas e Brasil volta a ter maior juro real do mundo
País comandado por Javier Milei caiu da primeira para a terceira posição, após seu Banco Central reduzir suas taxas de juros em 3 pontos percentuais. Topo agora está com Brasil e Rússia.
O Brasil passou a ter o maior juro real do mundo. Na noite de quinta-feira (30), o Banco Central da Argentina, antiga líder do ranking, promoveu um novo corte em sua taxa básica de juros e tirou o país da primeira posição.
A autoridade monetária reduziu suas taxas de 32% para 29% ao ano. Segundo a instituição, essa redução é consequência da “consolidação observada nas expectativas de menor inflação.”
A Argentina encerrou 2024 com uma inflação anual de 117,8%. Apesar de ainda estar bastante alta, houve uma forte desaceleração em relação aos 211,4% registrados em 2023.
Com a taxa de juro real é calculada, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal do país descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses, o juro real argentino caiu para 6,14%. O país passou, então, para a terceira colocação no ranking.
Quem assume a ponta é antigo vice-líder, o Brasil. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar mais uma vez a Selic em 1 ponto percentual, levando o juro nominal a 13,25% ao ano, e o juro real a 9,18%.
Na segunda posição vem a Rússia, com uma taxa de juros real de 8,91%.
Veja abaixo os principais resultados da lista de 40 países.
Ranking de juros reais
Taxas de juros atuais descontadas a inflação projetada para os próximos 12 meses
Alta da Selic
Na última quarta-feira (29), o Copom anunciou sua decisão de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para a casa de 13,25% ao ano.
Na decisão anterior, em dezembro, a autoridade monetária já havia elevado a taxa básica em 1 ponto percentual, para a casa de 12,25% ao ano. A decisão marca a quarta alta seguida da Selic.
Juros nominais
Considerando os juros nominais (sem descontar a inflação), a taxa brasileira permaneceu na 4ª posição.
Veja abaixo:
- Turquia: 45,00%
- Argentina: 29,00%
- Rússia: 21,00%
- Brasil: 13,25%
- México: 10,00%
- Colômbia: 9,50%
- África do Sul: 7,75%
- Hungria: 6,50%
- Índia: 6,50%
- Filipinas: 5,75%
- Indonésia: 5,75%
- Polônia: 5,75%
- Chile: 5,00%
- Hong Kong: 4,75%
- Reino Unido: 4,75%
- Estados Unidos: 4,50%
- Israel: 4,50%
- Austrália: 4,35%
- Nova Zelândia: 4,25%
- República Checa: 4,00%
- Canadá: 3,25%
- Alemanha: 3,15%
- Áustria: 3,15%
- Espanha: 3,15%
- Grécia: 3,15%
- Holanda: 3,15%
- Portugal: 3,15%
- Bélgica: 3,15%
- França: 3,15%
- Itália: 3,15%
- China: 3,10%
- Coreia do Sul: 3,00%
- Malásia: 3,00%
- Cingapura: 2,98%
- Dinamarca: 2,60%
- Suécia: 2,50%
- Tailândia: 2,25%
- Taiwan: 2,00%
- Suíça: 0,50%
- Japão: 0,50%
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De volta à planície: ex-presidentes da Câmara contam como é deixar o poder e analisam desafios do novo comando
Deputados que já comandaram a Casa analisam desafios do próximo presidente. Próxima eleição da cúpula da Câmara está marcada para 1º de fevereiro.
No dia 1º de fevereiro, a Câmara dos Deputados elegerá um novo presidente para comandar o colegiado pelos próximos dois anos.
Com isso, Arthur Lira (PP-AL) retornará à planície, termo comumente utilizado no Congresso para se referir aos deputados sem acesso aos cargos da mesa diretora, instalada no centro do plenário. Quem se senta à mesa, tem visão completa dos deputados que estão no plenário, abaixo, por isso o termo “planície”.
A reportagem ouviu cinco ex-presidentes da Câmara que responderam às mesmas perguntas sobre o que a saída desse cargo representou em suas trajetórias. João Paulo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Rodrigo Maia não deram entrevistas.
Estranhamento
A experiência da maioria mostra que o dia seguinte após deixar o cargo pode ser seguido de estranhamento pelo poder perdido.
“Claro que a mudança é brusca e que você tem que passar por um período de adaptação, porque você não pode criar ilusão que o poder é seu”, diz Aldo Rebelo, que ocupou o posto entre 2005 e 2007 pelo PCdoB.
Uma saída é recorrer às antigas amizades, conta Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara pelo PT entre 2007 e 2009.
Entre os políticos, há desconforto em retornar para os trabalhos da Casa sem ocupar um cargo decisório.
“Eu reconheço que, toda vez que um presidente sai e precisa voltar para o plenário, fica uma situação talvez um pouco desconfortável”, afirma Michel Temer, presidente da Casa em três ocasiões.
Segundo ele, seu processo foi mais simples por ter deixado o comando da Câmara pela primeira vez, em 2001, para assumir a presidência do MDB, e na segunda vez, em 2010, ser vice-presidente da República, na chapa de Dilma Rousseff.
Uma saída, segundo Marco Maia, presidente da Câmara pelo PT entre 2011 e 2013, é não entrar no cargo com expectativa de prolongação de poder.
A dificuldade de reposicionamento depois da saída do comando da Casa também aflige Arthur Lira. Ele é cotado para assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios do presidente Lula, mas há impasse sobre sua adesão completa ao governo.
Papel como ex-presidente
O grupo é uníssono sobre a relevância de um ex-presidente da Câmara. Para Aécio Neves, presidente da Casa de 2001 a 2002 pelo PSDB, a experiência é útil para os sucessores.
Para ele, não estar à frente das decisões demanda, muitas vezes, maturidade. “[É importante] encontrar o seu espaço e não ficar disputando permanente holofotes. É um exercício de maturidade que todos os homens públicos devem buscar em determinado momento da sua trajetória.”
Chinaglia afirma que a forma como o presidente atua impacta no tamanho da influência após a saída do cargo. “Depende de como você chegou, de como você se elegeu e de como você saiu. Se o cara for respeitado pelo que ele pensa, se cumpre com a palavra, ele se mantém influente”, afirma.
Desafios
Os ex-presidentes da Casa destacam o novo protagonismo da Câmara em relação ao Orçamento, com influência cada vez maior do Poder Legislativo em detrimento do Executivo.
Para alguns, há excessos na nova atuação. “Eu acho que há um certo, digamos, exagero na volúpia do Congresso sobre nacos do Orçamento”, afirma Aécio.
Marco Maia afirma que a discussão sobre o orçamento tem tamanho maior que as outras pautas da Casa, e que por isso os deputados buscam atuar mais como “executores do que legisladores”.
O desgaste pelas quedas de braço do Legislativo com o Executivo e com o Judiciário é apontado pelos ex-presidentes como um desafio importante para o próximo ciclo da Câmara.
“Restabelecer os limites das atribuições de cada um dos poderes é o maior desafio do próximo presidente da Câmara. Sobretudo, garantir uma relação harmoniosa entre os poderes, definindo limites”, diz Aécio.
Para Chinaglia, o desafio do momento é defender a democracia, impondo respeito à Casa, mas viabilizando a construção de acordos. Já Temer destaca a importância da regulamentação total da reforma tributária, iniciada no ano passado.
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