A Polícia Civil do Acre deflagrou nesta segunda-feira, 7, uma operação que desarticulou uma quadrilha especializada em estelionato envolvendo a venda fraudulenta de gado e insumos agrícolas pela internet. Ao todo, foram cumpridos seis mandados de prisão, sendo cinco em Rio Branco e um em Fortaleza (CE).
A ação faz parte da operação Lord Agro, nome inspirado no grupo de WhatsApp usado pelos criminosos para aplicar os golpes. Foram expedidos dez mandados de prisão temporária.
Segundo o delegado Roberth Alencar, o grupo criminoso tinha sede no Acre, mas fazia vítimas em diferentes estados brasileiros, especialmente pessoas ligadas ao agronegócio. O líder da organização está foragido. “Com a cooperação das polícias, a gente consegue desarticular essas quadrilhas. Já que, no cotidiano, todas elas têm reunificações por todo o Brasil”, explicou o delegado.
“Há também essa falsa percepção da população, no sentido de que a polícia não consegue investigar, e a polícia consegue investigar. Porém, as investigações são mais complexas, porque dependem de dados das empresas para que a gente chegue na autoria, principalmente na questão da movimentação bancária. Então, a gente precisa de intervenções de instituições como o Banco Central, como o Poder Judiciário e todo um trabalho de apreciação e análise dessas informações financeiras”, acrescentou.
De acordo com o delegado, as investigações começaram no Maranhão e se estenderam por outros estados até chegar ao Acre. Um dos investigados presos em Epitaciolândia teve o celular apreendido, revelando conversas em que o líder da quadrilha debocha do Estado por, segundo ele, “não dar em nada”.
“Lá, a gente pôde acompanhar as conversas através da extração do grupo, onde o líder zombava o Estado, e não a polícia, de que era intimado várias vezes e não dava em nada. Por isso, ia continuar os golpes”, relatou Roberth.
Sobre o modus operandi, o delegado detalhou que os criminosos se passavam por vendedores legítimos de produtos agropecuários, como gado e insumos.
“O modo operante é o nome da operação relacionada ao Lord Agro, que era o nome do grupo que eles se intitulavam, que trabalhavam fazendo a captação de vítimas que atuavam no ramo do agronegócio. Então, eles negociavam fraudulentamente a compra e venda de bovinos, de materiais, de insumos agrícolas e tudo aquilo que envolvia. Inclusive, eles tinham um suposto corretor de animais que trabalhava na captação de vítimas que não residiam no Estado do Acre.É importante a gente ressaltar que a quadrilha é acreana, mas as vítimas são residentes em outros estados da federação”, acrescentou.
Durante a operação, diversos bens foram apreendidos, incluindo celulares, joias, veículos e documentos bancários. “Nós aprendemos uma vasta quantidade de aparelhos celulares, que hoje são os mecanismos que a polícia tem de apurar e coletar provas indubitáveis da autoria e da materialidade. Aprendemos também certa quantia de dinheiro, joias, um veículo, uma motocicleta. A maioria dos bens não ficava registrados no nome dos investigados. Como é comum no mundo do crime, eles tentam ocultar a propriedade”, relatou.
O delegado também fez um alerta à população sobre o risco de emprestar contas bancárias.”Essa quadrilha também tinha uma estruturação que utilizava outras pessoas que apenas cediam a conta, em contrapartida a um valor. Então, é importante também alertar a população que não empreste suas contas bancárias. Às vezes, você empresta para um conhecido, para um parente, ou até mesmo para receber uma vantagem financeira de R$ 100,00 e R$ 200,00 e acaba sendo indiciado e processado pelo crime de estelionato e até mesmo de associação criminosa”, relatou.
Por fim, o delegado afirmou que as propriedades identificadas como fruto do crime serão alvo de medidas judiciais. “A polícia civil vai pedir o sequestro, as medidas assecuratórias que estão previstas no Código de Processo Penal, de sequestro, de hipoteca, e esses bens vão ser, após o trâmite da ação penal, revertidos os valores em leilão para o Estado”, encerrou.